Atualizações da Nota Regulamentadora 1 e a neurodivergência

NR1 segurança do trabalho
Foto: Canva

*Artigo escrito por Juliana Frasson, empreendedora, consultora empresarial, mentora profissional e membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de Empreendedorismo e Gestão do Ibef-ES.

A Norma Regulamentadora 1 (NR-1), segundo o portal GOV.BR, é uma diretriz estabelecida pelo Ministério da Economia do Brasil que define princípios gerais sobre segurança e saúde no ambiente de trabalho. Por ter sido a primeira a ser elaborada, é comumente considerada a “norma-mãe” das demais NRs.

Segundo o portal GOV.BR, em 27 de agosto de 2024, a Portaria nº 1.419 do Ministério do Trabalho e Emprego incluiu os riscos psicossociais no Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO), tornando obrigatória a adoção de medidas preventivas pelas empresas.

LEIA TAMBÉM: Eletrobras e o desafio de uma nova governança corporativa

Entre elas estão: programas de suporte psicológico e combate ao assédio, treinamentos para gestores e equipes, planos de ação para prevenção e correção de riscos, além da revisão de processos já existentes.

Norma-mãe

Originalmente criada em 1978, a norma passou por uma grande reestruturação em 2019 e recentemente em 2024. As últimas alterações passam a valer a partir de 25 de maio de 2025.

É importante reconhecer a relevância que esta mudança atribui aos efeitos negativos que fatores como estresse, assédio e pressão excessiva podem causar à saúde dos trabalhadores. Sendo assim, passa a ser necessário que as empresas saibam identificar, avaliar e gerenciar os riscos psicossociais com o mesmo rigor aplicado aos riscos físicos e químicos.

Ambiente profissional

É sabido que, para aprimorar a gestão de riscos e promover um ambiente laboral mais seguro e saudável, faz-se necessário um conhecimento aprofundado sobre os colaboradores da empresa, bem como suas condições sociais e, principalmente, neurológicas.

Pessoas neurodivergentes, aquelas que apresentam um funcionamento cerebral diferente do que é considerado padrão, também fazem parte das equipes de muitas empresas e geralmente escondem ou ignoram seus diagnósticos por medo de retaliação ou do risco de perderem suas fontes de renda.

Indivíduos com TEA (Transtorno do Espectro do Autismo) ou TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade), em virtude de suas características comportamentais, estão mais expostos a questões psicossociais.

Segundo a psiquiatra Jaqueline Bifano, a depressão é mais comum em pessoas com TEA do que na população geral, pois elas estão até 4 vezes mais propensas a apresentar quadros depressivos ao longo da vida.

Desafios e adaptações

Dificuldades com a comunicação e socialização, reconhecer e expressar emoções e lidar com mudanças de rotina são alguns exemplos de situações que precisam ser acompanhadas de forma diferenciada pelos gestores e setores de recursos humanos das empresas, especialmente quando o indivíduo é uma pessoa atípica.

Adaptar os ambientes de trabalho, criando comitês de apoio a neurodiversidade, salas de regulação sensorial e o desenvolvimento e promoção de equipes diversas (compostas por pessoas típicas e atípicas) são alternativas viáveis para ofertar equidade de forma realmente inclusiva.

Antes de tudo isso, usar os espaços comuns do negócio para informar as pessoas sobre a neurodivergência ajuda a quebrar vários tabus que se concentram em limitações. Prática raramente adotada pelas empresas.

Por fim, a alteração da norma reforça como os afastamentos de colaboradores em virtude de doenças psicológicas se tornou um dado alarmante nos últimos anos. Reconhecer a relevância do fator “saúde mental” e que ele deve considerar todos os públicos é uma questão não apenas de manutenção do negócio, mas também de responsabilidade social.

Este texto expressa a opinião do autor e não traduz, necessariamente, a opinião do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.