
Única bailarina cadeirante de Alagoas, Bibi Amorim desafia barreiras e reforça que pessoas com deficiência também têm direito à arte, ao lazer e aos espaços culturais. Bailarina Bibi Amorim é a única bailarina cadeirante de Alagoas
Arquivo pessoal
Alagoas é a terra do artesanato, do bordado filé, de muitas tradições, mas também pode ser lugar de acessibilidade na cultura. É preciso lembrar que todos os corpos dançam, se divertem, vivem e podem frequentar os mesmos espaços. É nesse sentido que a acessibilidade tem entrado no foco das discussões em Maceió nos últimos tempos.
Bibi Amorim é a única bailarina cadeirante do estado de Alagoas. Nas redes sociais, incentiva outras pessoas e mostra que todo corpo se movimenta. Ao g1 AL, ela falou sobre a acessibilidade nos espaços culturais da capital alagoana e o direito ao lazer muitas vezes negado à pessoas com deficiência.
O g1 entrou em contato com a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminfra) para saber o que tem sido feito para garantir acessibilidade nos espaços culturais da capital (Leia a nota na íntegra no fim da matéria).
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Veja fotos da única bailarina cadeirante de Alagoas
Ela conta que nunca teve o sonho de ser bailarina, mas foi atravessada pela arte em uma apresentação de uma academia de dança, que veio a se tornar a sua escola durante anos. Foi amor a primeira vista e pediu a mãe para fazer ballet. Desde então, não parou de dançar.
”Todo corpo dança. Aprendi isso dançando. Existem diversas formas de comunicar, e acho que a arte em geral é a forma mais bonita de comunicar algo. Podemos emocionar através de movimentos, intenções, expressões… O corpo inteiro fala”, destacou Bibi Amorim.
A bailarina diz que carrega o título de única bailarina cadeirante do estado com muito orgulho, amor e responsabilidade e já foi reconhecida nacionalmente em um programa da Rede Globo, mas destaca que as pessoas com deficiência (PCD) ainda precisam de um olhar mais atencioso. A sigla engloba um conjunto de condições, que podem ser físicas, auditivas, visuais, intelectuais, psicossociais ou múltiplas.
Bibi nasceu com mielomeningocele, condição que a deixou paraplégica, mas encontrou na dança uma forma de superação desde a infância.
👩🦼🎭Acessibilidade e cultura andam juntas
Em tempo de festejos juninos, todos merecem celebrar. O município de Maceió conta com camarotes PCD nas festas de São João, mas Bibi ressalta que, embora seja um avanço importante, a acessibilidade precisa ser garantida em qualquer época.
Os espaços culturais da capital carecem de acessibilidade: são plateias dos principais teatros com escadas, ruas de acesso sem rampas e palcos onde artistas com deficiência são contratados, mas não conseguem acessar.
“Os teatros não têm acessibilidade! (Um deles não tem na plateia, o outro não tem no camarim)”, disse a bailarina.
As ruas do bairro histórico do Jaraguá, palco de importantes centros culturais e programações noturnas para os maceioenses, não garantem o acesso de pessoas com deficiência.
“Ainda falta olhar pro PCD como uma pessoa que também consome arte, que também sai, se diverte e não vive só numa bolha. A falta de acessibilidade também é um dos motivos pelos quais muitos PCDs acham que não vale a pena sair de casa”, fala a bailarina.
No mês de junho, a artista tem feito diversas apresentações de comemoração de São João e não pretende parar por aí. A agenda da bailarina tem compromissos importantes: mostrar a capital alagoana que todo corpo dança e que a arte atravessa independente do corpo.
“Acho que nós precisamos de oportunidades, de visibilidade. Que a gente não seja visto como ‘exemplo de superação’, mas como pessoas que também vivem, e são protagonistas da própria vida”, compartilhou.
Bailarina cadeirante se apresenta em vila junina
Dony Paixão
♿Ruas da capital alagoana
Ao g1, Bibi diz que artistas com deficiências têm ainda mais desafios. Embora sejam contratados, as ruas da cidade ainda são pontos de impedimento.
“Tem muita calçada esburacada também que atrapalha muito! E os motoristas também, principalmente na orla, que não respeitam o sinal, e fica muito difícil pra atravessar”, compartilhou Bibi.
NOTA
A Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminfra) informa que todos os projetos de requalificação de espaços públicos desenvolvidos pela Prefeitura de Maceió já contemplam diretrizes de acessibilidade, em conformidade com a legislação vigente.
Em intervenções como praças, canteiros e calçadões, a Seminfra atua com a preocupação de garantir que os espaços sejam acessíveis e inclusivos para pessoas com deficiência.
Nos casos de imóveis privados, a responsabilidade pela manutenção e adequação das calçadas é dos respectivos proprietários, conforme determina a legislação municipal.
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