
Na véspera, a moeda norte-americana caiu 0,91%, cotada a R$ 5,4335. Queda no semestre é de 12,08%. Já a bolsa fechou em alta de 1,45%, aos 138.855 pontos. Nos primeiros seis meses do ano, alta foi de 15,44%. EUA: Senado vota proposta de orçamento do governo Trump
O dólar abriu em queda de 0,13% nesta terça-feira (1º), cotado a R$ 5,4262 perto das 09h. Na véspera, a moeda fechou no menor patamar desde setembro, cotada a R$ 5,4335. As negociações no Ibovespa, por sua vez, começam a partir das 10h.
▶️Os investidores começam o mês de julho e do segundo semestre de olho no exterior. Por lá, há a expectativa para o fim da votação do megapacote de cortes de impostos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no Senado. O projeto prevê uma redução de tributos e um aumento de gastos do país com defesa e segurança de fronteiras. (Entenda mais abaixo)
▶️ Além disso, a proximidade do fim do prazo de suspensão do tarifaço de Donald Trump também segue no radar do mercado. Nos últimos dias, as atenções ficaram voltadas para as negociações dos EUA com o Canadá, que foram retomadas após os canadenses recuarem sobre a cobrança de uma taxa sobre serviços digitais prestados no país.
▶️ Diante desse cenário, também fica no radar o novo discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Jerome Powell, que participa de um evento nesta terça-feira. A expectativa é que o banqueiro central dê novas pistas sobre os próximos passos da instituição na condução dos juros norte-americanos — principalmente em meio à pressão de Trump por novos cortes das taxas.
▶️ No Brasil, o mercado continua a acompanhar os desdobramentos da derrubada do projeto que previa o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) na semana passada. Como mostrou o g1, a queda na arrecadação e a resistência do Congresso devem resultar em novos cortes no Orçamento, e os investidores aguardam a resposta do governo diante desse cenário.
Veja abaixo como esses fatores impactam o mercado.
💲Dólar
a
Acumulado da semana: -0,91%;
Acumulado do mês: -4,98%;
Acumulado do ano: -12,08%.
📈Ibovespa
Acumulado da semana: -0,58%;
Acumulado da semana: +1,45%;
Acumulado do mês: +1,33%
Acumulado do ano: +15,44%.
Dados econômicos no foco
O último pregão de junho trouxe uma agenda carregada de indicadores previstos para a semana. Nesta segunda-feira (30), diversos dados sobre mercado de trabalho e atividade econômica estavam no radar.
▶️No Brasil:
O Boletim Focus, que reúne projeções do mercado financeiro para os principais indicadores econômicos, apontou que os economistas reduziram suas estimativas para a inflação brasileira pela quinta semana seguida.
Além disso, investidores repercutem os dados de emprego do Caged, divulgados pelo Ministério do Trabalho. Em maio, a economia brasileira criou 148,99 mil vagas formais, um aumento de 6,7% em relação ao mesmo mês do ano passado, quando foram geradas 139,55 mil vagas.
▶️Nos EUA:
O foco dos mercados está voltado para a política monetária, com a divulgação de novos dados de atividade e declarações de dirigentes do Fed.
Na semana passada, o índice de preços PCE subiu 0,1% em maio, repetindo a taxa de abril. No acumulado de 12 meses, a inflação medida pelo PCE foi de 2,3%, ante 2,2% no mês anterior, segundo o Departamento de Comércio dos EUA.
O órgão também apontou uma queda inesperada nos gastos dos consumidores em maio, devido à redução nas compras antecipadas de bens, como veículos, antes da imposição de tarifas. O recuo foi de 0,1%, após uma alta revisada de 0,2% em abril.
O resultado animou os mercados, pois reforça a expectativa de que o Fed poderá reduzir os juros em breve.
Por fim, os desdobramentos do projeto de lei orçamentária dos EUA também estão no radar. A votação final da proposta, chamada de One Big Beautiful Bill (“Um grande e belo projeto”, em tradução livre), está prevista para hoje no Senado.
Se aprovado, o texto retorna à Câmara dos Deputados e, em seguida, segue para sanção presidencial.
▶️Na Europa:
Nesta segunda-feira (30), o Banco Central Europeu (BCE) anunciou que irá revisar sua estratégia de juros, após ter sido surpreendido por aumentos de preços nos últimos anos.
A nova estratégia de cinco anos do BCE surge após um período turbulento, em que o banco passou da preocupação com a deflação durante a pandemia para uma crise de custo de vida agravada pela invasão da Rússia à Ucrânia e, mais recentemente, pelas interrupções da guerra comercial.
O índice de preços ao consumidor (CPI) da zona do euro, previsto para os próximos dias, também está no foco dos mercados.
De olho no IOF
O mercado também acompanha de perto as contas públicas, especialmente após o Congresso Nacional ter derrubado, na semana passada, o decreto presidencial que alterava as regras e aumentava a cobrança do IOF.
Segundo a equipe econômica, a derrubada dos decretos deve causar uma redução de R$ 10 bilhões na arrecadação neste ano. Especialistas consultados pelo g1 alertam que a decisão deve levar o governo a aplicar novos bloqueios e contingenciamentos no Orçamento 2025.
▶️ Diante desse cenário, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na última sexta-feira que o presidente Lula acionou a Advocacia-Geral da União (AGU) para avaliar se a decisão da Câmara dos Deputados de revogar o aumento do IOF fere a autonomia entre os poderes.
“Em relação ao decisão do presidente, ele pediu à AGU, perguntou à AGU se o decreto legislativo usurpa uma prerrogativa do Executivo. Se a resposta for positiva, ele deve recorrer (à Justiça)”, disse, em entrevista ao Estúdio I, da GloboNews.
Segundo Haddad, se a AGU concluir que houve usurpação, Lula terá que acionar a Justiça, pois “jurou cumprir a Constituição Federal” e não pode “abrir mão” de prerrogativas do Executivo. O ministro também afirmou que não vê omissão do presidente Lula na condução do tema.
Haddad avaliou os impactos da decisão, as chances de o governo Lula (PT) recorrer à Justiça e os efeitos sobre a meta fiscal sem a alteração no IOF.
Ao defender o decreto que elevava a alíquota para 3,5% em determinadas operações de crédito, o ministro rebateu críticas de que a medida teria caráter meramente arrecadatório.
Segundo o ministro, o percentual anterior era superior a 6% até o fim de 2022 e não foi alvo de questionamentos. “Tem operações de crédito que eram maquiadas para driblar o imposto. Nós fechamos essa brecha”, declarou.
Guerra comercial e pressão no Fed
Com a situação no Oriente Médio mais estável, o foco agora se volta para a guerra comercial iniciada por Donald Trump. A suspensão de 90 dias do tarifaço está prestes a expirar, e os investidores aguardam possíveis novos acordos por parte dos EUA.
Nesta segunda, o Canadá cancelou seu imposto sobre serviços digitais voltado a empresas de tecnologia dos EUA, poucas horas antes de o tributo entrar em vigor. A decisão foi vista como uma tentativa de destravar as negociações comerciais com os norte-americanos.
🔎 O mercado avalia que o aumento das tarifas sobre importações pode elevar os preços ao consumidor e os custos de produção, pressionando a inflação e reduzindo o consumo. Esse cenário pode levar à desaceleração da economia dos EUA e até a uma recessão global.
Diante desse contexto, as declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, seguem no centro das atenções. Na terça-feira, ele reiterou que aguardará novos estudos sobre os possíveis impactos do tarifaço de Trump na inflação dos EUA antes de decidir sobre os próximos passos da política de juros.
“Os aumentos de tarifas neste ano provavelmente elevarão os preços e pesarão sobre a atividade econômica”, afirmou Powell durante depoimento perante o Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos EUA. Nesta quarta-feira, ele reiterou o discurso ao Senado norte-americano.
A postura de Powell tem sido alvo de duras críticas por parte do presidente Donald Trump. Na semana passada, ele o chamou de “burro” e “teimoso” em postagens nas redes sociais.
*Com informações da agência de notícias Reuters.
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