O advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Paulo Amador da Cunha Bueno, e o ex-assessor presidencial Fábio Wajngarten prestam depoimento à Polícia Federal (PF) na tarde desta terça-feira (1º) sobre uma suposta tentativa de obstrução de Justiça. O advogado Eduardo Kuntz e seu cliente, o coronel e ex-assessor presidencial Marcelo Câmara, também prestam depoimento. As oitivas ocorrem simultaneamente em Brasília e São Paulo.
De acordo com a PF, Bueno, Wajngarten e Kuntz fizeram uma tentativa “intensa” de falar com Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e sua família para tratar de assuntos relacionados à delação premiada do tenente-coronel. As informações foram levadas à Justiça pela própria defesa do militar, réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado junto com Bolsonaro e outros sete aliados.
Segundo o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, as tentativas podem configurar obstrução de justiça. “As condutas narradas à autoridade policial indicam a prática, em tese, do delito de obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa”, disse o magistrado em decisão que autorizou a coleta dos depoimentos.
A mãe de Mauro Cid, Agnes Barbosa Cid, disse à PF que foi abordada três vezes entre agosto e dezembro de 2023 por Eduardo Kuntz, advogado de Marcelo Câmara, na Sociedade Hípica Paulista. Em uma das ocasiões, ele estava acompanhado de Paulo Cunha Bueno. Segundo Agnes, os advogados tentavam convencer a família a trocar a defesa de Cid, e ela classificou as abordagens como “constrangedoras”.
Paulo Bueno negou que tenha abordado a família de Mauro Cid em busca de informações sobre a delação. “Segundo a própria interlocutora e genitora do colaborador, o peticionário em nenhum momento buscou obter quaisquer informações acerca de eventual colaboração premiada do Cel. Cid que, diga-se, só veio a público a notícia de sua homologação por volta do dia 9 de setembro, portanto em momento razoavelmente posterior ao Torneio Indoor na Sociedade Hípica Paulista”, explicou o advogado em documento enviado ao STF, em que pediu para ser dispensado do depoimento. A solicitação foi negada.
Ainda segundo a defesa de Mauro Cid, Eduardo Kuntz procurou insistentemente a filha menor de idade do tenente-coronel pelo WhatsApp e teria tentado convencê-la a apagar as mensagens. Já Fabio Wajngarten teria feito uma “intensa tentativa” de contato com a família, abordando tanto a filha adolescente quanto a esposa, Gabriela.
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