
Você já viu um gambá atravessando seu quintal? Talvez ele tenha passado despercebido, confundido com um rato, mas a verdade é que esse animal é um verdadeiro tesouro da biodiversidade.
No episódio de hoje do PodNatureza, o papo é com a bióloga Iasmin Macedo, presidente do Instituto Últimos Refúgios e coordenadora do Projeto Marsupiais.
Ela nos conduz por um mergulho profundo no universo dos marsupiais brasileiros — em especial, o gambá-de-orelha-preta, espécie comum no Espírito Santo.
“O gambá é um controlador natural de pragas urbanas, como escorpiões, caramujos africanos e até mesmo ratos. Ele protege nossas casas sem que a gente perceba”, explica Iasmin.
Apesar disso, os gambás ainda enfrentam muitos preconceitos. São confundidos com espécies exóticas e vistos como perigosos. “O cangambá, por exemplo, solta um jato fedorento. O gambá brasileiro não faz isso. Ele é limpo, tranquilo, e só quer seguir o caminho dele”, esclarece.
🦨 O gambá já é da cidade
A presença de gambás nas áreas urbanas está cada vez mais comum. Isso se deve, em grande parte, ao avanço das cidades sobre os ambientes naturais. Mas os gambás têm uma capacidade incrível de adaptação.
“Hoje, eles já nascem nos nossos telhados, nas árvores dos nossos quintais. Não estão invadindo: já são dali. São cidadãos urbanos”, afirma Iasmin.
Esses animais se alimentam de restos de alimentos, frutas, insetos e até pequenos animais. São generalistas e oportunistas, e por isso conseguem sobreviver nas cidades. Ainda assim, enfrentam perigos, como atropelamentos, ataques de cães e acidentes com estruturas urbanas.
❤️ Como ajudar — e não atrapalhar
Com a aproximação da época de reprodução dos gambás, é provável que mais pessoas encontrem mães com filhotes em casa. Mas o que fazer?
Iasmin orienta: “Se o animal está saudável, apenas observe e deixe ele seguir. Evite alimentar, pois isso muda o comportamento natural dele. Se estiver ferido, acione a prefeitura ou a Secretaria de Meio Ambiente. Em último caso, leve até o Cetas em Barcelona, na Serra.”
O Projeto Marsupiais atua há cinco anos em parceria com o Ibama, reabilitando e devolvendo à natureza centenas de animais silvestres — só em 2024, foram 600 marsupiais atendidos.
Traga o gambá para o seu coração. Eles são símbolo de resiliência, colaboração e proteção silenciosa. Para Iasmin, o desejo é claro:
“Quero que as pessoas abracem mais o gambá, se apaixonem por ele como eu me apaixonei. Eles têm muito a ensinar.”
Assista ao episódio completo no canal do Folha Vitória no YouTube e conheça de perto esse trabalho que é orgulho capixaba e patrimônio ambiental do Brasil.