
Prefeitura de São Paulo diz que a entrega de moradias não segue uma ordem cronológica, mas sim critérios socioeconômicos como renda e composição familiar. Quase 170 mil pessoas estão na fila por uma moradia na Grande SP
Quase 170 mil pessoas (167.561) esperam por uma moradia na Grande São Paulo. Guarulhos é a cidade com maior demanda – 40 mil estão na fila da habitação no município. Na capital, são 33.088 aguardando por uma unidade habitacional.
A fila por uma moradia corresponde à espera para ser contemplado com benefícios de programas das Secretarias Municipais da Habitação, caso de subsídios para a compra da casa própria pelo Minha Casa, Minha Vida.
Guarulhos e a capital lideram o ranking de maiores demandas por moradias.
Reprodução/TV Globo
A TV Globo ouviu pessoas que estão há mais de dez anos cadastradas nesses programas e ainda na expectativa de serem beneficiadas.
A advogada Jaqueline Pinheiro Souto, que mora em São Paulo, está desde 2009 na fila. Ela vive de aluguel, que consome 45% de sua renda familiar. “A renda não acompanha a progressão dos valores de aluguel”, diz.
A despesa com locação, aliás, é a grande responsável pelo déficit habitacional na cidade, segundo Isadora Guerreiro, professora da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e de Design da Universidade de São Paulo) e coordenadora do LabCidade (Laboratório Espaço Público e Direito à Cidade), que estuda a questão.
“Cerca de 70% do déficit habitacional são por conta do ônus excessivo de aluguel, muitas famílias gastando mais de um terço do seu orçamento familiar com ele”, afirma. “É necessária uma diversificação de políticas habitacionais, e que sejam articuladas entre os municípios da região metropolitana, principalmente as vinculadas ao aluguel.”
A especialista explica que, sobretudo depois da pandemia, os aluguéis subiram muito na Grande São Paulo. Atualmente, a capital tem o aluguel mais caro do Brasil, segundo a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
O déficit habitacional é uma questão mais ampla que a fila da habitação, uma vez que engloba também a falta de moradia adequada e pessoas em situação de rua.
Em relação ao problema da fila, em Guarulhos, a técnica de enfermagem Lívia Regina Pichelli também reclama de uma espera de mais de dez anos, mesmo tendo um filho portador do espectro autista: “Nunca fui chamada, nunca tive um retorno, nada”.
Informações das prefeituras
Procurada pela TV Globo sobre a demora para a concessão de benefícios, a prefeitura da capital afirmou que a entrega de moradias não segue uma ordem cronológica, mas sim critérios socioeconômicos como renda e composição familiar.
Idosos, pessoas com deficiência e mulheres vítimas de violência têm prioridade. Por isso, manter o cadastro com o máximo de informações possíveis é fundamental.
A prefeitura de Guarulhos, por sua vez, reforça que o cadastro precisa ser atualizado a cada dois anos para a permanência no programa.