Em sua 4ª edição, o Fest Lira está ocupando o Teatro Oficina Perdiz em Brasília, desde o dia 9 de junho e vai até 4 de agosto, com uma programação gratuita voltada à formação técnica e profissional de jovens da periferia no mercado cultural. O festival, idealizado pela atriz, educadora e produtora cultural Naiara Lira, celebra os 50 anos do teatro com oficinas, shows, exposições propondo um modelo de acesso real à cultura como meio de renda e desenvolvimento social.
O acesso desigual às oportunidades no setor cultural, especialmente entre jovens das zonas periféricas do Distrito Federal, é um dos pontos que motivaram a criação do Fest Lira, de acordo com a idealizadora do projeto. Desde sua primeira edição, o projeto atua na formação técnica de profissionais para os bastidores da arte, como produtores, técnicos de som, iluminadores e gestores, com ênfase na inclusão de pessoas negras, trans, indígenas, gordas e com deficiência.
Com sede no Teatro Oficina Perdiz, localizado na Asa Norte, o festival retornou em 2025 com uma edição ampliada. Durante os dois meses, o espaço recebe oficinas, shows, palestras, rodas de conversa e exposições gratuitas, com foco em formação prática e inserção no mercado de trabalho cultural. A iniciativa também marca o início da nova fase do teatro, que completa 50 anos de história.
A idealizadora do projeto Naiara Lira ressaltou a importância dos trabalhadores por trás das câmeras e palcos, para que a arte seja mostrada para o público “A intenção é mostrar que nem só o artista vive de arte. Existem dezenas de profissionais invisíveis por trás de qualquer espetáculo. Em Brasília, há muitos artistas, mas falta formação técnica e gestão cultural de qualidade.”
A distribuição de 40 bolsas no valor de R$ 800, via chamamento público, é um dos diferenciais da edição atual. O valor é destinado a alunos das oficinas, oferecendo não apenas conhecimento, mas também uma forma direta de apoio financeiro a quem está começando.
De acordo com Lira, a estrutura do festival combina teoria e prática: os alunos não apenas assistem às aulas, como também participam da produção de eventos reais. Ao final, irão receber uma declaração formal de atuação em cargos como assistente de produção, som e luz. A proposta busca resolver um dos problemas mais recorrentes entre iniciantes: a ausência de experiências comprovadas no currículo.
“Como é que alguém consegue o primeiro trabalho se só tem um curso no papel e nunca pôs a mão na massa?”, questiona a artista. O modelo do Fest Lira se propõe a preencher essa lacuna, com experiências práticas integradas à formação.
Para Lira, o festival atua em uma frente estratégica de desenvolvimento, ao investir diretamente e especificamente na qualificação técnica da mão de obra periférica.
A programação inclui oficinas, palestras, shows gratuitos e uma roda de conversa voltada à acessibilidade. No dia 12 de julho, o festival realiza também um evento de rua com programação infantil e apresentações musicais. As oficinas tratam sobre produção cultural; luz e som; autossuficiência financeira e cenografia. O projeto surge então como uma alternativa de democratização do acesso à cultura, oferecendo não apenas fruição artística, mas também capacitação e inserção profissional.
Teatro Oficina Perdiz
Um marco simbólico para a edição do festival é a retomada do Teatro Oficina Perdiz, que há anos enfrentava limitações de uso e estrutura. A escolha do espaço como sede fixa, busca ampliar o intercâmbio cultural na região central do Plano Piloto, promovendo o diálogo entre artistas, técnicos, estudantes e o público em geral.
Para a idealizadora do projeto, além da qualificação técnica, o festival também busca ser um espaço de encontros: “A gente quer promover encontros. A cultura sempre foi esse lugar. O Fest Lira abre as portas do teatro pra população. Porque o mercado já não dá espaço pra gente. Então, a gente cria os nossos espaços”.
Todas as atividades do Fest Lira são gratuitas e abertas à comunidade.
Serviço
4º Fest Lira
Teatro Oficina Perdiz – 710 Norte, Brasília/DF
9 de junho a 4 de agosto de 2025.
Programação gratuita – oficinas, palestras, shows, rodas de conversa e exposições.
Mais informações estão disponíveis na página do projeto.
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