O Departamento de Estado dos Estados Unidos anunciou, na sexta-feira (11) novas sanções contra Cuba. As medidas ocorrem em um clima de crescente tensão, após o presidente Donald Trump ter assinado, em 30 de junho, um Memorando Presidencial sobre Segurança Nacional (MPSN), reforçando a política de hostilidade de Washington em relação à ilha caribenha.
Segundo comunicado do próprio Departamento de Estado, as sanções consistem na imposição de restrições de visto ao presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel; ao ministro da Defesa, Álvaro López Miera; ao ministro do Interior, Lázaro Alberto Álvarez Casas; e a seus familiares diretos.
Durante o primeiro mandato de Donald Trump, medidas semelhantes foram aplicadas contra o então presidente Raúl Castro. Essas sanções podem afetar a participação de Miguel Díaz-Canel na Assembleia Geral das Nações Unidas, que ocorre em Nova York.
Apesar de suas repercussões internacionais, essas sanções são impostas unilateralmente pelo Departamento de Estado dos EUA, sem qualquer consulta a organismos multilaterais. A ação se baseia em uma disposição da Lei de Orçamento do Departamento de Estado para o exercício fiscal de 2025, pela qual o governo norte-americano elabora uma lista de autoridades estrangeiras acusadas de corrupção ou repressão política — ainda que sem apresentar provas concretas.
A justificativa oficial da Casa Branca é que os três funcionários estariam envolvidos em “graves violações dos direitos humanos”. Como parte do mesmo pacote de sanções, os EUA ampliaram as restrições de visto a funcionários do sistema judiciário e prisional cubano, apontados por suposta participação em detenções arbitrárias de manifestantes.
Além disso, foram adicionadas 11 novas hospedagens à lista de “propriedades restritas” — hotéis ou estabelecimentos nos quais cidadãos norte-americanos estão proibidos de se hospedar. Entre eles está o recém-inaugurado hotel Torre K, de 42 andares, em Havana, considerado um dos projetos turísticos mais ambiciosos de Cuba.
Esses estabelecimentos, segundo a Casa Branca, estão ligados ao Grupo de Administração Empresarial (GAESA), uma empresa estatal controlada pelas Forças Armadas Revolucionárias (FAR). De acordo com o governo dos EUA, o objetivo das sanções é impedir que recursos de cidadãos ou empresas norte-americanas cheguem às mãos do governo cubano.
As medidas se somam a uma campanha mais ampla, que visa reduzir o turismo na ilha. Como parte dessa estratégia, o governo norte-americano tem sistematicamente negado vistos a cidadãos de terceiros países interessados em visitar Cuba.
O turismo é uma das principais fontes de divisas para o Estado cubano, por meio do qual se sustentam investimentos sociais — como subsídios para alimentação, saúde e educação. O ataque sistemático de Washington ao setor turístico cubano busca enfraquecer a capacidade do Estado de manter tais investimentos.
Por meio das redes sociais, Miguel Díaz-Canel afirmou que o que incomoda os Estados Unidos é a verdadeira independência de Cuba, classificando as novas sanções como uma continuação da histórica política hostil de Washington em relação a Havana.
“O que incomoda os EUA em Cuba é a verdadeira independência: o fato de que aqui não governam corporações transnacionais, que temos saúde e educação gratuitas, e que não pedimos permissão para condenar crimes cometidos por Israel e pelos EUA contra o povo palestino”, disse ele.
O anúncio das sanções contra Cuba coincidiu com o anúncio de demissões em massa no Departamento de Estado. Na própria sexta-feira, dia 11, foi confirmado que o governo Trump seguirá com a demissão de mais de 1.300 funcionários do órgão, como parte de um plano de cortes promovido pela Casa Branca. A medida foi tomada após a suspensão de uma proibição temporária imposta por um tribunal inferior, o que permitiu dar prosseguimento às demissões. Segundo a imprensa local, muitos dos afetados receberam notificações por e-mail, sem maiores explicações.
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