Plebiscito popular inicia segundo mutirão de votação no Rio Grande do Sul

O primeiro mutirão de votação do plebiscito popular no Rio Grande do Sul foi marcado por mobilizações em diversas cidades do estado, com ações presenciais em praças, feiras, locais de trabalho e comunidades. A iniciativa, organizada por movimentos sociais, partidos políticos e entidades populares, segue com o segundo mutirão a partir desta semana, entre os dias 14 e 20 de julho, em articulação com atividades nacionais e a formação de multiplicadores.

A votação do plebiscito, que trata de temas como a taxação dos super-ricos, a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, o fim da escala 6×1 e a redução da jornada de trabalho sem redução de salário, pode ser feita de forma presencial e online, com urnas cadastradas por militantes em diferentes regiões e com um formulário digital acessado via QR Code ou link.

Locais para votação presencial no RS – Divulgação

Sedes e bancas nas ruas

No estado, a primeira semana do plebiscito coincidiu com o Processo de Eleições Diretas (PED) do Partido dos Trabalhadores, o que ampliou o alcance da ação. “A gente colocou urnas em todas as sedes, todas as cidades onde estava acontecendo o PED. Onde boa parte – quase todo mundo – que foi votar no PED votou também no plebiscito”, contou Eliane Valansuelo, integrante da coordenação estadual do plebiscito e secretária de mobilização do PT. “Só não votou quem já havia votado em alguma urna presencial ou até mesmo virtual.”

Segundo ela, os diretórios municipais têm autonomia para manter as urnas abertas e organizar novas coletas. “Cada diretório vai poder fazer bancas nos bairros ou na cidade para pegar mais votos. A população tá vindo, tá votando. A gente tá tendo uma boa aceitação no geral”, avaliou.

Para Henrique Haag, integrante da coordenação estadual do plebiscito e secretário de mobilização do Psol, a proposta de retomar o plebiscito como instrumento de participação popular tem mostrado força – com diálogo direto nos bairros, nas periferias e também no interior do estado. “Temos visto que, quando se cria espaço para escuta e diálogo, as pessoas respondem positivamente. Mais do que a quantidade de votos, esse começo tem mostrado que há disposição para o diálogo e organização popular em torno de pautas que afetam diretamente a vida de quem vive do seu trabalho”, afirma.

Presencial e digital: dois caminhos para a mobilização

Coordenador estadual do plebiscito, Lucas Monteiro também considerou positiva a largada da iniciativa no Rio Grande do Sul. “A gente tem muita dificuldade nos últimos tempos de mobilizar em torno de alguma pauta. E a construção do plebiscito já mostrou que tem um potencial muito grande em envolver as pessoas nesses temas”, afirmou.

A metodologia prevê a coleta de votos prioritariamente presencial, com diálogo direto, mas também contempla votos digitais. “Estamos fazendo ajustes no formulário online para reforçar a confiabilidade. Até agora, nenhum problema de segurança foi identificado”, informaram os organizadores.

Monteiro destacou ainda o desafio de manter a mobilização nas ruas, frente ao predomínio das redes sociais. “Nosso desafio é conseguir avançar na mobilização olho no olho. Como fazer com que em cada comunidade, em cada local de trabalho, a gente consiga dialogar diretamente?”, questionou.

Formação de multiplicadores fortalece ação nas comunidades

Além da coleta de votos, o plebiscito também tem apostado na formação de multiplicadores, com cursos, plenárias e oficinas voltadas à capacitação de lideranças locais. “Já tivemos uma formação nacional e outra estadual. A ideia agora é fazer formações em comunidades. Aqui em Porto Alegre, na zona leste, está prevista uma formação voltada às cozinhas solidárias no dia 26”, adiantou Monteiro.

“Mas também queremos realizar formações com multiplicadores voluntários nas diversas cidades do Interior”, completou Haag.

A militância também se organiza para ampliar o número de urnas itinerantes. “Em uma feira de artesanato, por exemplo, a gente chega, convida, pergunta se querem votar. Está sendo muito importante ter esse tipo de diálogo direto com a população”, relatou Valansuelo.

Ela também participou da primeira formação estadual, realizada na Capital, e comentou sobre os próximos passos: “A gente está com bancas em vários atos públicos, como na Parada de Luta nesse domingo (13). Também estamos criando comitês do plebiscito em cada cidade, envolvendo partidos de esquerda, sindicatos, ONGs, movimentos sociais e pastorais de igreja.”

Ações nacionais e curso online

O segundo mutirão de votação será realizado entre os dias 14 e 20 de julho e contará com uma série de atividades articuladas nacionalmente. Entre elas, estão o lançamento oficial do plebiscito no Congresso Nacional no dia 16 de julho, o Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) e o início do Curso Nacional de Multiplicadores, que será online.

O curso, que terá certificação da Escola Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), é aberto ao público e terá nomes como João Pedro Stédile, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Adriana Marcolino, do Dieese, Teresa Ruas, do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), Eduardo Moreira, do Instituto Conhecimento Liberta (ICL), Rosilene Wansetto, do Jubileu Sul, e Luma Vitorio, da Secretaria Nacional do Plebiscito. As aulas acontecerão nos dias 17, 22, 24 e 29 de julho, sempre às 19h. Inscreva-se aqui.

A expectativa dos organizadores é seguir com mutirões quinzenais até o dia 7 de setembro, ampliando a participação popular e fortalecendo os comitês locais. “As pessoas estão nos chamando no WhatsApp para responder. Agora já temos mais gente indo votar sabendo o que é o plebiscito. Então acho que tá bom assim, nesse primeiro momento”, avaliou Valansuelo.

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