Governos de oito países e movimentos populares organizaram uma série de eventos para defender a Palestina em um dos países da América do Sul que tem se posicionado de maneira mais enfática contra o genocídio na Faixa de Gaza. Os eventos serão realizados em Bogotá e têm como objetivo coordenar medidas contra os ataques israelenses.
Serão duas frentes. A reunião dos governos terá ministros de Bolívia, Cuba, Honduras, Senegal, África do Sul, Malásia, Namíbia e Colômbia. Chamado de Grupo de Haia, a cúpula começará nesta terça-feira (15) e vai durar dois dias. A ideia é que os representantes escrevam uma resolução com uma série de medidas.
Já os movimentos populares organizam a Semana de Solidariedade com Palestina, que começou nesta segunda-feira (14) e acontecerá de maneira concomitante ao encontro dos líderes políticos. O evento é encabeçado pelo comitê nacional do grupo Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), um movimento liderado por palestinos que defendem seus direitos como cidadãos e a garantia de proteção por organismos internacionais.
O grupo é composto por 30 países que terão representantes em todas as plenárias. O governo de Petro celebrou a organização dos eventos e disse que a ideia é tomar medidas “concretas” para combater o genocídio na Faixa de Gaza.
“Nosso objetivo é simples: introduzir medidas legais, diplomáticas e econômicas concretas que possam deter a destruição de Israel e defender o princípio fundamental de que nenhum Estado está acima da lei”, disse em publicação em seu perfil nas redes sociais.
Para os movimentos, esse é um momento importante para impulsionar medidas globais contra Israel. Ainda que nos últimos dois anos tenham sido realizados movimentos neste sentido, o BDS entende que esse é um passo importante na conquista de resultados efetivos.
“Após 20 anos de organização popular, o BDS atinge hoje um ponto de virada histórico. Este é um grande passo em direção à implementação das decisões da Corte Internacional de Justiça e do Tribunal Penal Internacional. Cumprir essas resoluções é uma responsabilidade legal inescapável para os Estados. A história compartilhada da luta anticolonial demonstra que os povos do Sul Global podem desempenhar um papel vital no desmantelamento dos sistemas globais de cumplicidade que sustentam os crimes de Israel”, afirmou Saleh Hijazi, coordenador de políticas do Comitê Nacional do BDS.
De acordo com o grupo, a meta é pedir sanções contra Israel que proíbam a entrada de instrumentos militares e de dupla utilização, incluindo energia. A ideia é que sejam vetadas todas as formas de cooperação militar com Israel, além de evitar o uso de portos para a transferência ilegal de suprimentos militares.
O BDS também pede que sejam suspensas todas as relações esportivas e culturais com Israel e que sejam interrompidos os acordos de livre comércio, além de garantir a expulsão de Israel da ONU.
A semana de eventos começou nesta segunda com uma coletiva de imprensa para explicar quais eram as demandas dos movimentos populares e como será a agenda. Nesta terça-feira (15), será realizada uma manifestação no Museu Nacional da Colômbia. Na quarta-feira (16) os movimentos passarão o dia na sede da chancelaria para acompanhar a reunião ministerial, que terá a presença da relatora especial da ONU, Francesca Albanese.
Os eventos terão encerramento no sábado (19) com a Grande Assembleia do BDS, que vai emitir um documento com as principais reivindicações.
Colômbia e Israel
A semana de debates acontece em um dos países que têm denunciado de maneira sistemática os ataques israelenses. Logo depois do começo da ofensiva de tropas de Israel na região, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, passou a ameaçar romper relações com Israel.
Primeiro, chamou os ataques de genocídio. Depois, suspendeu a compra de armas de Israel. E, por último, em discurso em 1º de maio, anunciou o rompimento das relações diplomáticas entre Colômbia e Israel por conta do massacre cometido contra os palestinos.
Ele também sugeriu que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, deve ser preso pelos avanços de tropas israelenses na Faixa de Gaza. De acordo com o colombiano, o Tribunal Penal Internacional poderia emitir um mandado de prisão contra o israelense e o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) deveria “começar a considerar a criação de uma força de manutenção de paz” na região.
Em junho de 2024, Petro recebeu o Grande Colar do Estado da Palestina por sua defesa aos palestinos e sua posição contundente contra os ataques israelenses na Faixa de Gaza. A condecoração é a maior homenagem que o governo autônomo da Palestina pode oferecer para uma autoridade estrangeira.
Dois meses depois, o presidente proibiu as exportações de carvão do país para Israel por causa das ações genocidas israelenses contra os palestinos desde outubro de 2024 na Faixa de Gaza.
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