Você sabia que nem todo anfíbio é sapo, rã ou perereca? Descubra outros animais do grupo


A perereca-castanhola (Itapotihyla langsdorffii) é a única espécie descrita para o gênero Itapotihyla
Willianilson Pessoa
Quando se fala em anfíbios, quase todo mundo pensa logo em sapos, rãs e pererecas. Mas o grupo é bem mais diverso e esconde animais pouco conhecidos, como as cecílias, que parecem cobras, e as salamandras, que lembram lagartos.
Esses três grupos de anfíbios guardam segredos que passam despercebidos, mas têm um papel enorme na saúde dos ecossistemas.
Bolitoglossa madeira pode ser encontrada no noroeste do estado de Rondônia, em localidades na margem leste do rio Madeira
Marco Aurelio de Sena/iNaturalist
“A forma mais fácil de reconhecer cada grupo é olhando o corpo. As salamandras têm corpo alongado, com cauda e pernas bem visíveis. As cecílias são compridas, sem patas, corpo liso e vivem enterradas. E os anuros – sapos, rãs, pererecas – todo mundo conhece: pernas compridas para saltar, olhos grandes e sem cauda”, resume o herpetólogo Willianilson Pessoa.
A maior parte dos brasileiros provavelmente nunca vai ver uma salamandra na vida. Não por falta de sorte, mas porque é muito difícil encontrar uma. Elas são raríssimas e só existem em algumas áreas isoladas da Amazônia.
Bolitoglossa altamazonica é encontrada na Bacia Amazônica
Omar Miranda B./iNaturalist
“A gente tem cinco espécies de salamandras, todas do gênero Bolitoglossa, que vivem no chão da floresta, perto de rios e igarapés. São tão pequenas que não passam de 10 centímetros, bem diferentes das grandonas da Europa ou Ásia”, conta Willianilson .
Já as cecílias, embora pouco conhecidas, estão mais espalhadas do que se imagina. Aparecem na Mata Atlântica, Cerrado, Amazônia e até na Caatinga, sempre enterradas em solo úmido.
O gênero mais comum de cecílias no Brasil é o Siphonops
Diogo Luiz/iNaturalist
“São 39 espécies de cecílias que ocorrem no Brasil, sendo o gênero mais comum o Siphonops, que inclui espécies como Siphonops annulatus e Siphonops paulensis”, explica o especialista. E quando o assunto é anuro, o Brasil lidera o ranking mundial com mais de 1.100 espécies.
Ameaças invisíveis, mas poderosas
Além dos predadores naturais – aves, cobras, peixes e até insetos –, os anfíbios enfrentam ameaças criadas pelo ser humano. E essas são as mais perigosas.
“Os anfíbios estão entre os animais mais predados da natureza, mas isso faz parte do equilíbrio. O problema são as ameaças não naturais. A principal é a alteração do clima, que muda a temperatura e o ciclo da água, algo essencial pra eles”, explica o herpetólogo.
Siphonops paulensis pode ser encontrada no Brasil, Argentina, Bolívia e Paraguai
John Sullivan/iNaturalist
Mudanças climáticas, desmatamento, expansão do agronegócio com o uso de produtos químicos e a destruição de hábitats afetam todos os grupos – dos anuros, salamandras e cecílias.
Para os anuros, há ainda um inimigo extra: o fungo quitrídio, que já dizimou populações em várias partes do mundo.
Leptodactylus syphax é uma espécie de rã que ocorre em savanas úmidas e campos de gramíneas subtropicais ou tropicais secos de baixa altitude
Willianilson Pessoa
“O quitrídio se espalha naturalmente, mas acaba sendo favorecido por ações humanas, como o aquecimento de áreas que antes eram frias, permitindo que o fungo avance”, diz o herpetólogo.
“Para cecílias e salamandras, o maior perigo ainda é o impacto direto no ambiente: desmate, garimpo, produtos químicos. Eles absorvem tudo pela pele, então qualquer contaminação é um risco enorme”, conclui.
VÍDEOS: Destaques Terra da Gente
Veja mais conteúdos sobre a natureza no Terra da Gente
Adicionar aos favoritos o Link permanente.