Buscas por corpo de estudante trans desaparecida há mais de um mês em Ilha Solteira são feitas com ajuda de pescadores


Pescadores auxiliam Guarda Municipal em buscas por estudante trans em Ilha Solteira
Novas buscas pela estudante trans, Carmen de Oliveira Alves, de 26 anos, desaparecida há mais de um mês, foram realizadas nesta terça-feira (15) pela Guarda Municipal, com apoio de pescadores, em Ilha Solteira (SP).
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O trabalho foi realizado no rio São José dos Dourados, próximo ao sítio de Marcos Yuri Amorim, namorado da jovem e um dos suspeitos de participação no desaparecimento dela. Os pescadores utilizaram um equipamento de navegação e alinhamento sonoro que detecta objetos no fundo do rio. O dispositivo, conhecido como Sound Navigation and Ranging (Sonar), pertence a um morador da cidade.
Carmen de Oliveira Alves e o namorado Marcos Yuri Amorim, suspeito de assassinato em Ilha Solteira (SP)
Reprodução/Facebook
Um drone também foi usado pela Guarda Municipal para realizar a busca aérea, mas, até a tarde desta terça-feira, nada foi localizado. Além de Marcos Yuri, um policial militar ambiental da reserva também é apontado como suspeito do crime, inicialmente tratado com desaparecimento de pessoa, mas, no momento, a polícia diz se tratar de feminicídio.
Investigação
A investigação indicou que o namorado, Marcos Yuri, e o policial militar ambiental da reserva, Roberto Carlos de Oliveira, assassinaram a estudante em 12 de junho, Dia dos Namorados.
Os homens foram presos temporariamente, por 30 dias, no dia 10 de julho. Yuri foi levado para a Cadeia Pública em Penápolis (SP) e Roberto Carlos para o presídio Romão Gomes, em São Paulo (SP).
Apesar da ocorrência ser tratada como feminicídio, a polícia não localizou o corpo de Carmen até a última atualização desta reportagem.
À TV TEM, o delegado responsável pela investigação, Miguel Rocha, informou que a investigação apontou que Carmen pressionou Yuri para que assumisse o relacionamento, além de ter descoberto que ele praticava furtos, o que também teria motivado o assassinato.
No levantamento, a polícia encontrou uma pasta deletada exatamente no dia 12 de junho no computador de Carmen. Ao recuperar o documento, os policiais verificaram que se tratava de um dossiê que ela montou contra Yuri.
A jovem era aluna do curso de zootecnia da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Em nota, a instituição informou que manifesta a preocupação com o desaparecimento de Carmen e tem colaborado com as investigações realizadas pelos órgãos competentes, bem como dado apoio e prestado solidariedade à família e aos amigos no acompanhamento dos desdobramentos do caso.
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Marcos Yuri Amorim, namorado da vítima (à esquerda) e o policial militar ambiental da reserva, Roberto Carlos de Oliveira (à direita) foram presos em Ilha Solteira (SP)
Arquivo pessoal
‘Triângulo amoroso’
A polícia ainda concluiu que Roberto Carlos, por sua vez, atuou como comparsa de Yuri, uma vez que também tinha um relacionamento com ele. De acordo com o delegado, o envolvimento afetivo e financeiro entre os suspeitos se revelou parte da dinâmica.
“Havia uma ligação entre os dois. No início surgiu como uma testemunha, mas na verdade ele era comparsa do namorado, amante do namorado de Carmen. Ele sustentava, bancava gastos [do Yuri]. Havia ali um triângulo amoroso”, pontuou o delegado.
Conforme a Polícia Civil, Roberto era quem “bancava os gastos” de Yuri e teve envolvimento direto no crime.
Carmen de Oliveira, estudante transexual, desapareceu após sair da faculdade em Ilha Solteira (SP)
Reprodução/Facebook
Autoria do crime
A dupla foi ouvida e negou o feminicídio, conforme o delegado. Ao g1, o advogado de defesa de Roberto, Miguel Micas, informou, na sexta-feira (11), que ele provará ser inocente da acusação. A reportagem tentou contato novamente com as defesas de ambos na segunda-feira (14), mas não obteve retorno. Questionado pela reportagem, o delegado informou que pretende ouvir os suspeitos novamente nos próximos dias.
Veja abaixo os detalhes da investigação
Sigilo telefônico e câmeras de segurança
Para chegar aos dois suspeitos, o delegado pediu à Justiça a quebra de sigilo telefônico dos três (incluindo o da vítima) e teve acesso a informações que indicavam que Carmen não havia saído de Ilha Solteira após o desaparecimento.
O rastreamento apontou que o último lugar em que a universitária esteve foi a casa do namorado, em um assentamento. Os policiais encontraram imagens de câmera de segurança que também mostram que ela saiu da Unesp e entrou na residência do namorado, mas não saiu do local.
Conforme o delegado, a investigação apontou que os suspeitos mataram Carmen e ocultaram o corpo.
Mulher transexual desaparece após sair da faculdade em Ilha Solteira (SP)
Arquivo pessoal
Delegacia de Ilha Solteira (SP)
Felipe Nunes/TV TEM
Desaparecimento
Conforme a mãe relatou à polícia, um dia antes do sumiço, no dia 11 de junho, por volta das 23h, a jovem saiu de casa com uma bicicleta elétrica de cor preta. A bicicleta dela não foi localizada. Familiares ainda afirmaram que Carmen nunca havia desaparecido antes.
Após o ocorrido, familiares e amigos auxiliaram os policiais nas buscas e fizeram várias manifestações pedindo respostas para o caso.
Entre os locais vasculhados estava a região próxima ao rio da cidade, onde o sinal do celular de Carmen foi captado pela última vez.
Também foram realizadas buscas em uma área de mata próxima à universidade, onde foram encontradas marcas de pneus compatíveis com os da bicicleta elétrica que ela usava no momento do desaparecimento.
Pescadores auxiliam em buscas por estudante desaparecida em Ilha Solteira
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