O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), Geraldo Alckmin, afirmou que o governo Lula está empenhado em resolver a questão da tarifa de 50% anunciada pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, incluindo celulose, setor fortemente impactado pela medida. Alckmin destacou que o governo pretende trabalhar em conjunto com o setor privado para buscar alternativas e reverter a decisão.
“O governo brasileiro está empenhado em resolver esta questão e queremos ouvir as sugestões e propostas do setor privado e trabalharmos juntos para rever essa questão”, afirmou Alckmin nesta terça-feira, 15. As declarações foram feitas durante a primeira reunião do governo com empresários e representantes de diversos setores afetados, como celulose, aviões, alumínio, máquinas, sapatos, móveis e autopeças. Pela manhã, o encontro foi com a indústria, e à tarde, com setores do agronegócio.
Alckmin voltou a classificar a medida como “absolutamente inadequada” e lembrou que os Estados Unidos têm superávit comercial com o Brasil. “Dos dez produtos mais exportados do Brasil para os Estados Unidos, oito têm tarifa zero”, disse o ministro, reforçando que existe “complementariedade econômica” entre os dois países, e citando o aço como exemplo.
Apesar do empenho em buscar uma solução, o vice-presidente ressaltou que há limites institucionais: “A separação dos Poderes é pedra fundamental do Estado de direito. O governo não tem ação sobre outro Poder”, disse Alckmin, em referência à origem política do conflito comercial.
PRAZO CURTO E TENTATIVA DE DIÁLOGO
Alckmin afirmou que o prazo até a entrada em vigor da tarifa, prevista para 1º de agosto, é “exíguo”, mas que o governo buscará avançar nas negociações. “Queremos resolver o problema o mais rápido possível. Se houver necessidade de mais prazo, vamos trabalhar nesse sentido”, declarou. Segundo ele, esse foi um dos pontos mais mencionados pelos representantes da indústria durante a reunião.
O vice-presidente também relatou que transmitiu aos empresários o recado do presidente Lula sobre o engajamento do governo na tentativa de reverter a decisão. “Os setores vão trabalhar junto aos parceiros americanos”, afirmou. Ele alertou que a medida também pode trazer impactos negativos para os próprios EUA, ao encarecer produtos e pressionar sua economia.

RELAÇÃO BRASIL-EUA
Segundo dados apresentados por Alckmin, entre janeiro e junho deste ano, as exportações brasileiras para os EUA cresceram 4,37%, enquanto as exportações norte-americanas para o Brasil aumentaram 11,48%. “É recorde a exportação dos Estados Unidos para o Brasil, quase três vezes mais que a nossa”, afirmou, considerando a tarifa como “totalmente incompreensível”.
O ministro mencionou que já houve diálogo com autoridades dos EUA, incluindo o secretário de Comércio, Howard Lutnick, e o representante comercial, Jamieson Greer. Também foi enviada uma carta confidencial pelo governo brasileiro em maio, antes do anúncio oficial da tarifa. No entanto, como não houve resposta, um novo documento será encaminhado cobrando posicionamento.
CONTEXTO POLÍTICO E ALEGAÇÕES DE TRUMP
No anúncio da tarifa, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, associou a medida ao processo judicial contra Jair Bolsonaro, mencionando supostos ataques ao processo eleitoral brasileiro e ações do Supremo Tribunal Federal (STF) contra plataformas digitais. Em carta dirigida ao presidente Lula e publicada em seu perfil no Truth Social, Trump criticou o tratamento dado a Bolsonaro e rompeu com o argumento comercial usado anteriormente para justificar as tarifas.
Alckmin, no entanto, reforçou que sempre houve diálogo institucional entre os dois países e que o governo brasileiro continuará buscando solução diplomática e comercial para a questão.
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