Um estudo elaborado pelo setor de engenharia do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) demonstra que há viabilidade técnica e econômica para a construção do empreendimento habitacional Povo Maravilha, na zona portuária do Rio de Janeiro. O prédio, segundo o documento, poderá abrigar até 238 apartamentos de 42 m² distribuídos por 18 andares – 14 unidades por andar.
Há mais de um mês, famílias em situação de vulnerabilidade ocupam o terreno abandonado que pertence à autarquia federal Docas S.A (PortosRio) para cobrar política pública de moradia. Apresentado na última quarta-feira (16), o estudo técnico foi bem recebido pelo presidente do órgão e pela Secretaria Municipal Habitação do Rio (SMH).
Ao Brasil de Fato, o engenheiro Pedro Enrique Monforte, do MTST, explicou que o projeto fez um levantamento das especificações urbanísticas do Porto para calcular o número de unidades que podem ser construídas a partir das diretrizes do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) – Entidades.
“Mostramos que se a gente constrói o máximo possível de apartamentos no terreno com o MCMV Entidades, conseguimos apartamentos de qualidade, com dignidade para as pessoas morarem e focado para a população que recebe de zero a dois salários mínimos”, afirma Monforte, diretor do Sindicato dos Engenheiros (Senge), sobre a proposta de atender pessoas na faixa de renda até R$ 2.850.
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Com o estudo de viabilidade, o movimento tem expectativa de avançar com a negociação do imóvel abandonado. Isso porque também foi estimada a contrapartida financeira que pode ser oferecida ao órgão. Na modalidade Entidades do MCMV, até 15% do valor do empreendimento pode ser direcionado para a aquisição do terreno, lembra Monforte.
O estudo foi elaborado pelo Núcleo de Arquitetura e Engenharia do MTST-RJ, com o apoio do Sindicato dos Engenheiros do Estado do Rio de Janeiro (Senge), do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea), do Escritório Modelo de Engenharia Força Motriz da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-RJ).

O documento também considera que a localização cumpre os requisitos do programa, como disponibilidade de transporte público, equipamentos de saúde, educação e comércio. “O projeto propõe um modelo de urbanização inclusiva, com soluções sustentáveis e integração plena à infraestrutura urbana existente”, afirma o movimento em nota.
A proposta do empreendimento habitacional nasceu com a ocupação popular Povo Maravilha na Av. Rodrigues Alves, no bairro do Santo Cristo, coração da zona portuária do Rio. Desde então, o MTST vem denunciando que a política de moradia na região é deficitária em pelo menos 10 mil unidades de Habitação de Interesse Social (HIS).
Desde 2014, o MTST acumula experiência na construção de moradias populares por meio do programa MCMV Entidades. São mais de 1.500 unidades entregues e outras 5 mil em construção no país.
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