
Falsa médica é presa por aplicar Monjaro sem autorização no interior do AM.
Divulgação/PC-AM
Uma esteticista de 30 anos foi presa em flagrante, na quarta-feira (15), em Tefé, no interior do Amazonas, por exercer ilegalmente a medicina. Segundo a Polícia Civil, ela aplicava de forma irregular o medicamento Monjaro (tirzepatida), indicado para tratamento de diabetes tipo 2, mas amplamente usado — sem autorização — para emagrecimento.
Apesar de se apresentar como esteticista, a mulher vinha atuando de forma clandestina na aplicação do remédio, sem qualquer habilitação médica.
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A ação aconteceu após uma requisição do Ministério Público do Amazonas (MPAM), que solicitou apuração sobre denúncias envolvendo o uso irregular de medicamentos em uma clínica estética da cidade.
Segundo o delegado Renato Ferraz, titular da Delegacia Interativa de Polícia (DIP) de Tefé, a investigação começou após a clínica divulgar nas redes sociais a oferta do Monjaro, medicamento cuja venda, armazenamento e aplicação são regulados pela Anvisa.
No local, a equipe policial encontrou ampolas do remédio já utilizadas, outras prontas para aplicação, além de agendas com nomes de clientes.
“A aplicação de substâncias controladas por pessoas não habilitadas representa um grave risco à saúde pública”, destacou o delegado. “Nosso objetivo é proteger a população de práticas ilegais disfarçadas de estética”.
O Monjaro exige prescrição médica com retenção de receita, além de autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para sua comercialização e uso. Nenhuma dessas exigências foi cumprida pela esteticista ou pela clínica, que está sob investigação.
A mulher foi presa em flagrante por exercício ilegal da medicina. A Polícia Civil segue com as investigações para localizar a proprietária do estabelecimento e notificou a Vigilância Sanitária, que poderá tomar medidas administrativas contra a clínica.
Como ele age no corpo?
➡️ Em resumo, o Monjaro ativa receptores das células relacionados a dois hormônios que atuam no sistema digestivo: o GIP (sigla para polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose) e o GLP-1 (peptídeo 1 semelhante ao glucagon).
Esses receptores que são ativados mexem com uma série de processos do organismo:
O primeiro deles envolve a liberação de insulina, hormônio produzido pelo pâncreas que é responsável por retirar da circulação sanguínea o açúcar obtido dos alimentos e botá-lo dentro das células, onde será usado como fonte de energia.
Sabe-se que indivíduos com diabetes apresentam problemas na fabricação ou na ação da insulina pelo organismo. Com isso, o açúcar (ou a glicose, no jargão médico) se acumula no sangue e causa uma série de problemas à saúde — de infarto à dificuldade na cicatrização de feridas.
Ao melhorar a liberação de insulina após as refeições, portanto, o Mounjaro facilita o controle da glicemia (ou das taxas de açúcar na circulação).
E a segunda forma de ação é no controle do apetite. Os receptores de GIP e GLP-1 também aparecem em células do cérebro que são responsáveis pelo controle da fome. Com isso, o fármaco ajuda a regular a ingestão de alimentos — o que pode levar à perda de peso.
O Ozempic, cujo princípio ativo é a semaglutida, também é usado no diabetes e tem uma ação parecida. A diferença é que ele atua apenas sobre um desses hormônios: o GLP-1.
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