Tarifaço de Trump: 1,2 mil contêineres de rochas devem deixar de ser exportados neste mês e setor estima prejuízo de US$ 40 milhões


Setor de rochas prevê perdas significativas com taxa de 50% do EUA para o Brasil
Mais da metade dos embarques de rochas naturais brasileiras para os Estados Unidos já foram suspensos desde que Donald Trump anunciou a nova tarifa de 50% sobre produtos do Brasil. Segundo a Associação Brasileira de Rochas Naturais (Centrorochas), com a suspensão dos pedidos, 1.200 contêineres devem deixar de embarcar até o fim de julho, um prejuízo estimado de US$ 40 milhões.
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Embora a medida ainda não esteja em vigor, diversos setores da economia já sentem os impactos. Na carta, Trump informou que a tarifa passa a valer a partir de 1º de agosto.
O Espírito Santo é o maior exportador de rochas naturais do país, e os Estados Unidos são os principais compradores desses produtos, assim como de café, gengibre, pescado e pimenta-do-reino.
60% dos embarques de rochas naturais brasileiras já foram suspensos; setor estima prejuízo de US$ 40 milhões até o fim de julho
Luiz Gonçalves / TV Gazeta
Embarques de rochas naturais suspensos
Exportadores capixabas estimam que 1.200 contêineres deixem de ser embarcados no Brasil até o dia 31 de julho. A maioria seria embarcada em portos do estado.
“Os clientes estão pedindo para não embarcar. Eles não estão cancelando os pedidos ainda, mas pediram para não embarcar. Querem uma posição primeiro para entender se as tarifas serão realmente aplicadas a partir do dia 1º de agosto”, explicou Tales Machado, presidente da Associação Brasileira de Rochas Naturais (Centrorochas) e empresário do setor.
Empresários dos EUA alertam para gravidade da situação
Empresários norte-americanos se reuniram nesta semana com instituições do setor nos Estados Unidos para pressionar o governo a suspender as tarifas sobre as rochas naturais.
Em um vídeo enviado ao vice-presidente do Centrorochas, Fábio Cruz, um representante da Natural Stone Institute (NSI) — Instituto de Rochas Naturais dos Estados Unidos — destacou a mobilização conjunta com outras entidades e reconheceu que a medida imposta pelo governo dos EUA causa um forte impacto nos importadores do país.
Diversificação de mercados não é viável a curto prazo
De acordo com o Centrorochas, a diversificação dos mercados — com a venda de rochas para outros países — como estratégia para reduzir os impactos medida, não é uma solução viável a curto prazo.
“Os Estados Unidos são, de longe, o principal destino das rochas naturais brasileiras, com características técnicas específicas, como a espessura das chapas, que tornam o redirecionamento imediato inviável. Além disso, não há, neste momento, outro mercado capaz de absorver o volume atualmente demandado pelos EUA”, disse a entidade em nota.
Espírito Santo é o líder no País em exportação de rochas naturais
Divulgação/ Findes
EUA é o maior comprador de rochas do ES
Os Estados Unidos são o principal comprador externo de rochas naturais do Espírito Santo. Somente em junho de 2025, foi responsável por 62,4% de todas as exportações do setor. Outros compradores internacionais, como a China, são responsáveis por adquirir 17,5% das rochas produzidas no estado.
Percentual de exportação de rochas ornamentais para os Estados Unidos:
Janeiro – 69%
Fevereiro – 68,4%
Março – 63,3%
Abril – 63,5%
Maio – 69,8%
Junho – 62,4%
Exportação capixaba é expressiva
O Espírito Santo é o maior exportador de rochas naturais do Brasil. De janeiro a junho de 2025, foi responsável por 82,85% de tudo o que foi exportado do segmento no país.
Atualmente, a maioria das exportações é de chapas polidas, que são placas de pedras, como mármore e granito, que passaram por um processo de polimento.
Chapas polidas são os principais materiais exportados para os Estados Unidos
Luiz Gonçalves / TV Gazeta
Essas peças têm um alto valor agregado e passam por um acabamento realizado por indústrias capixabas. Os municípios que mais exportam essas peças são Serra, Cachoeiro de Itapemirim, Barra de São Francisco, Castelo e Atílio Vivácqua.
O presidente do Centrorochas explicou ainda que outros mercados têm mais interesse em blocos, o que representa um retrocesso, uma vez que o beneficiamento das rochas envolvem mais uma cadeia de produção.
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“As indústrias do Espírito Santo estão entre as melhores indústrias do mundo de rocha natural. Os melhores equipamentos do mundo estão aqui. Então não tem como a gente voltar a vender bloco. É andar pra trás”, completou.
Apesar da busca por alternativas, o setor considera difícil substituir o mercado norte-americano no curto prazo. “A economia dos Estados Unidos é um negócio muito grande. Se a gente substituísse os Estados Unidos, não seria um processo fácil. A economia deles é muito forte”, concluiu.
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