
Como bom mineiro, Bruno Silva tem uma forte relação com o Espírito Santo. E não apenas pela conquista do título do Capixabão com o Rio Branco. Vivendo no Estado desde o início do ano, o meio-campista viu nascer aqui o seu filho mais novo, José Paolo, de quatro meses.
Jogador experiente, com bagagem em grandes times como Botafogo, Cruzeiro, Inter e Fluminense, Bruno Silva vive uma fase diferente no Rio Branco. Aos 38 anos, garante que ainda tem motivação para encarar o dia a dia do futebol.
“Ainda tenho prazer em acordar para ir treinar, ainda sinto aquele friozinho na barriga nos jogos. Sou um cara muito competitivo”, conta.
No Rio Branco, o desafio maior é ajudar o time a sair da Série D e subir para a Série C do Brasileiro. O Capa-Preta é vice-líder do Grupo A6, com 20 pontos, e garante vaga na segunda fase se vencer o lanterna Boavista neste sábado (19), às 16 horas, fora de casa.
Um dos líderes do time, Bruno Silva admite que se surpreendeu com o que encontrou no futebol capixaba.
“Com todo o respeito, eu não conhecia a história dos times daqui. E este ano me surpreendeu muito”, revela o capitão capa-preta.
Quem é Bruno Silva
- Idade: 38 anos
- Posição: meio-campista
- Clube atual: Rio Branco
- Outros clubes: Avaí, Chapecoense, Botafogo, Cruzeiro, Fluminense, Internacional
- Principais conquistas: campeão catarinense (2009, 2020 e 2021), campeão mineiro (2018), campeão da Copa do Brasil (2018), campeão do Capixabão (2025)

FOLHA VITÓRIA — Aos 38 anos, depois de “rodar o mundo” da bola, o que te move no dia a dia do futebol?
BRUNO SILVA — É uma boa pergunta, né, cara? Eu ainda sinto prazer em jogar futebol, em acordar pra ir treinar. Aquele friozinho na barriga nos jogos, eu sou um cara muito competitivo, como fui na minha carreira inteira. Eu até falo que, tecnicamente, eu tenho certeza que eu não fui um primor (risos), mas minha entrega, meu lado competitivo, sanguíneo de querer ganhar, de brigar, de correr, acho que isso ainda tá aflorado em mim. E isso me motiva ainda. Eu ainda não perdi esse frio na barriga. Isso me leva a continuar um pouco mais ainda. Não muito longe, mas um pouco mais ainda (risos).
O que você encontrou no futebol capixaba que mais te surpreendeu?
O futebol capixaba, por não ter tanto acesso, a gente não imagina como é. Eu não sabia, com todo respeito, eu não conhecia a história dos times daqui. Então, este ano aqui me surpreendeu muito, cara! Conhecer a grandeza do Rio Branco, de outros clubes daqui do Estado também, a vontade de voltar ao cenário, de disputar a Série A, torcida apaixonada… isso me chamou muito a atenção. O amor deles pelo clube. Isso motiva, dá energia, dá ânimo todo dia pra gente poder conseguir esse objetivo que é voltar estes clubes pra ter um calendário nacional, jogar uma Série C, uma Série B e, futuramente, uma Série A. Quem disse que não pode chegar? Isso me surpreendeu muito.
Eu não sabia, com todo respeito, eu não conhecia a história dos times daqui. Então, este ano aqui me surpreendeu muito, cara!
O futebol do ES é pouco conhecido no restante do País, muito pela ausência de equipes nas Séries A e B. Você vê potencial aqui para mudar essa realidade?
Tem muito potencial aqui pra um clube voltar à Série A, Série B. Você vê que Flamengo, Botafogo, Cruzeiro, Vasco e outras equipes vêm pra cá pra jogar porque tem um estádio que dá capacidade pra grandes jogos. Tem o potencial, o trabalho tá sendo muito bem feito. Ninguém garante que vai conseguir agora, mas se continuar desse jeito, eu tenho certeza que vai ter um representante logo, logo na Série B ou na Série A do Campeonato Brasileiro porque tem muitas coisas boas por aqui pra conseguir esse objetivo.
Taticamente, nosso time é muito intenso, muito aguerrido. É evitar tomar gol. Na Série D, se a gente não tomar gol, a gente faz lá na frente
Com a classificação encaminhada, no que o Rio Branco precisa evoluir pra brigar lá em cima, pelo acesso?
A Série D é um campeonato difícil, com o modo de disputa difícil. A gente tá praticamente classificado e vai pra um mata-mata, em que você não pode vacilar. Todo trabalho pode ser interrompido num primeiro mata-mata. É fazer o que a gente vem fazendo. Taticamente, nosso time é muito intenso, muito aguerrido. É evitar tomar gol. Na Série D, se a gente não tomar gol, a gente faz lá na frente. E pra fazer gol na gente é difícil. É sempre evoluir defensivamente porque, se não tomar, você tá perto de fazer e ganhar o jogo. Cobramos muito isso aqui.

Qual é a sua rotina fora dos treinos? Conseguiu conhecer pontos turísticos, saber mais sobre a cultura local? Comeu a nossa famosa moqueca?
Eu cheguei numa fase muito caseira. Eu tenho dois filhos, o Bruninho, de cinco anos, e o José Paolo, que nasceu agora, então eu tô aproveitando ao máximo esse tempo que eu tenho de ficar em casa com eles, brincando, com a minha esposa também, Andressa. É shopping, parquinhos, essas coisas assim de programa de família. Tô curtindo muito este momento. É uma bênção de Deus. Eu ouvi falar super bem da famosa moqueca capixaba, mas eu sou carnívoro, só como carne (risos). Peixe e frutos do mar eu não como. Mas todo muito fala bem. Minha esposa quas eme convenceu a experimentar, mas eu fico no meu churrasco, no hambúrguer. E o Espírito Santo também tem churrasco bom e hambúrguer bom (risos).