Secretário de Desenvolvimento da Bahia busca mercados alternativos para minimizar taxação de Trump

Ângelo Almeida, secretário de Desenvolvimento Econômico da Bahia | Foto: Ney Silva / Acorda Cidade

O secretário de Desenvolvimento Econômico da Bahia, Ângelo Almeida, afirmou que acredita em uma possível reversão da medida que visa taxar os produtos brasileiros que entram nos Estados Unidos (EUA). Apesar do otimismo, o Brasil joga contra o relógio. A tarifa de 50%, anunciada pelo presidente Donald Trump (Republicanos) no início deste mês, deve entrar em vigor em 1º de agosto.

Além de um forte componente político, a sanção aos produtos brasileiros é vista como uma medida absurda. Para alguns economistas, a taxação pode impactar tanto o mercado nacional quanto o norte-americano. o secretário deixou bem claro que o Palácio de Ondina defende que o Brasil continue na mesa de negociação com a Casa Branca.

“Nós aguardamos que prevaleça o bom senso. O Brasil tem uma tradição muito grande em sua relação diplomática, e o país tem competência na diplomacia. Nós estamos aguardando ainda que possa haver uma reversão nesse processo, ainda temos cerca de 10 dias”, disse o secretário.

No pior dos cenários

Apesar da boa relação histórica entre os dois países, o secretário de desenvolvimento econômico da Bahia afirmou que trabalha também com a possibilidade de se esgotarem as estratégias sobre vias diplomáticas. Para Ângelo, caso a taxação não seja revertida, o país terá uma nova oportunidade de mostrar a sua capacidade de superação.

“Não pode ser o fim do mundo. [Caso a taxação não caia] teremos que buscar mercados alternativos. Toda a nossa energia hoje está sendo direcionada nesse sentido, encontrarmos alternativas. Vai haver algum desequilíbrio? Vai. Vai ter algum prejuízo? Sim. Uma parte do setor produtivo, inicialmente, terá até conseguir se reestruturar, mas nem tudo é ganha-ganha”, disse.

Se Trump não quer, tem quem queira

O secretário explicou que expandir o mercado nacional mundo afora é uma medida protecionista, pois a diversidade de consumidores dos produtos brasileiros garante ao produtor nacional a sensação de que, caso algum país deixe de comprar os produtos, seja lá por qual for o motivo, ele terá alternativas para escoar a sua produção.

“O Vale do São Francisco exporta cerca de 250 contêineres de manga para os Estados Unidos a partir de agosto, e nós estamos buscando alternativas. Temos empecilhos para exportar manga para países da América Latina e do Caribe por problemas burocráticos. Temos que resolver essa questão para podermos exportar a manga brasileira, que é de alta qualidade, para países como o Peru, Colômbia, Bolívia, para o Panamá. Um exemplo, a China não liberava a licença para a gente exportar a uva do Vale do São Francisco. Isso foi destravado recentemente”, disse o secretário.

Efeito Colateral

Ângelo Almeida afirmou, em entrevista ao Acorda Cidade, que a medida do presidente Trump pode repercutir negativamente nos Estados Unidos. O secretário explicou que o povo americano tem perfil conservador e que, normalmente, ao sinal de qualquer acréscimo em preços de bens bem consumidos, como o café, que é um dos produtos exportados pelo Brasil e que está em baixa produção no mundo, pode gerar uma onda de insatisfação.

“Cerca de 70% do povo americano consome café; o chocolate é a mesma coisa, que é outro produto que também está escasso no mundo, ou seja, vai começar a bater na mesa do povo americano essa medida esdrúxula que foi tomada pelo presidente, e nós esperamos que ele reveja. Se não rever, nós brasileiros vamos ter que usar o nosso talento, a nossa criatividade e buscar outras oportunidades para continuar comercializando o nosso produto”, concluiu o secretário.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

Reportagem escrita pelo estagiário de jornalismo Jefferson Araújo sob supervisão do jornalista Gabriel Gonçalves

Siga o Acorda Cidade no Google Notícias e receba os principais destaques do dia. Participe também dos nossos canais no WhatsApp e Youtube e grupo de Telegram

Adicionar aos favoritos o Link permanente.