Crescimento do mercado de saúde suplementar exige responsabilidade

Foto: Freepik

*Artigo escrito por Otacílio Pedrinha, CEO da administradora de benefícios Egrégora

A taxa de cobertura de planos de saúde no Espírito Santo teve um aumento significativo nos últimos 20 anos, notadamente entre 2003 e 2023, passando de 21,5% para 33% da população.

Esse acréscimo de 11,5 pontos percentuais representa a maior alta entre os estados brasileiros nesse período, segundo dados do IESS, o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar.

Nosso Estado tem atualmente a quarta melhor marca de cobertura do país, perdendo somente para São Paulo (com 40% de cobertura), Rio de Janeiro (34%) e Distrito Federal (33%).

A alta é atribuída ao desenvolvimento regional: quanto maior o nível de renda e educação, maior a adesão aos planos de saúde.

Essa evolução do mercado nos últimos anos impõe também maior responsabilidade ao setor, que vem passando por grandes transformações.

Observamos mudanças regulatórias, aumento da judicialização, crescimento nos custos assistenciais e a necessidade de mais transparência na relação entre operadoras, empresas contratantes e beneficiários, que exigem um novo olhar para a gestão de planos de saúde.

Nesse contexto, entender o papel da administradora de benefícios torna-se essencial para proteger os direitos de todos os envolvidos e promover o equilíbrio do sistema.

Nos últimos anos, o cenário capixaba tem refletido a movimentação nacional. A entrada e saída de operadoras no mercado, as revisões de contratos coletivos por adesão, as decisões judiciais sobre reajustes e a ampliação dos canais de denúncia e fiscalização têm mudado a dinâmica entre prestadores, consumidores e intermediadores.

Para as empresas contratantes e os usuários dos planos de saúde, isso significa mais complexidade e, ao mesmo tempo, mais necessidade de orientação qualificada.

É justamente aqui que entra a missão de uma boa administradora de benefícios: atuar como ponte, tradutora e guardiã dos interesses legítimos de empresas e beneficiários, ao mesmo tempo em que facilita a relação com as operadoras e com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Uma administradora de benefícios não é uma corretora de seguros nem uma operadora de planos de saúde.

Trata-se de uma figura regulada pela ANS, com a função específica de intermediar contratos coletivos por adesão ou empresariais, garantindo que eles estejam de acordo com as normas da saúde suplementar, mas também que sejam sustentáveis, transparentes e vantajosos para as partes.

Entre as principais responsabilidades de uma administradora de benefícios estão:

  • Intermediar e gerir contratos coletivos com operadoras, proporcionando condições mais acessíveis e uma gama mais ampla de planos e coberturas;
  • Prestar suporte contínuo a empresas e usuários, auxiliando na compreensão das regras contratuais, na portabilidade, no esclarecimento de dúvidas e na resolução de conflitos;
  • Atuar na negociação de reajustes e condições contratuais, com foco na previsibilidade orçamentária e na defesa do equilíbrio entre custo e benefício;
  • Fomentar a educação em saúde suplementar, contribuindo para que beneficiários conheçam seus direitos e deveres, evitando a judicialização desnecessária.

Com a ampliação do acesso aos planos de saúde no Brasil, cresceu também a importância dessas empresas como facilitadoras do sistema.

No Espírito Santo, essa tendência se evidencia pela expansão das administradoras com sede no Estado e pelo aumento da participação do segmento nos debates sobre o futuro da saúde suplementar.

É fundamental lembrar que, para além da intermediação técnica e contratual, a administradora de benefícios cumpre um papel social.

Ao garantir que mais pessoas possam acessar planos privados de saúde com valores compatíveis com sua realidade financeira, ela contribui para desafogar o sistema público, ampliar a cobertura assistencial e estimular práticas mais eficientes e humanas no cuidado com a saúde.

Mas é preciso estar atento: nem toda administradora atua com o mesmo nível de compromisso.

Empresas e usuários devem sempre verificar se a administradora é registrada na ANS, se há transparência nos processos, se há canais de atendimento eficientes e se a atuação está focada na solução de problemas e na construção de parcerias duradouras.

A saúde suplementar vive um momento decisivo. De um lado, a pressão por mais regulação, controle de reajustes e sustentabilidade. De outro, a necessidade crescente de acesso a uma saúde de qualidade, com agilidade e segurança.

Nesse cenário desafiador, a figura da administradora de benefícios se fortalece como um elo estratégico: um agente que conhece a fundo as regras do jogo, mas que não perde de vista a dimensão humana de sua missão.

Para as empresas, isso representa mais tranquilidade e economia. Para os beneficiários, mais clareza e proteção. E para o sistema de saúde como um todo, uma chance real de avançar com mais equilíbrio, eficiência e responsabilidade.

Otacílio Pedrinha, CEO da administradora de benefícios Egrégora
Otacílio Pedrinha, CEO da Egrégora. Foto: Acervo pessoal
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