Com faixas questionando “Lula, cadê a reforma agrária?” e defendendo “Teto, crédito e educação”, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocupou a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária do Ceará nesta terça-feira (22).
A ação, feita por cerca de 500 sem-terra em Fortaleza (CE), integra a Semana Camponesa, período de mobilização nacional do movimento em alusão ao Dia do Trabalhador e Trabalhadora Rural, celebrado em 25 de julho. Neste ano, o lema é “Para o Brasil alimentar, reforma agrária popular”.
“Ocupamos a casa do povo, o Incra, para dizer que não estamos satisfeitos com o descaso que está sendo feito com a reforma agrária. É impossível produzir dentro dos acampamentos e assentamentos sem ter apoio, sem ter o crédito. Estamos aqui para defender a reforma agrária com crédito, com educação, com as condições possíveis para produzir no campo”, ressalta Kelha Lima, da direção nacional do MST no Ceará.
Sem citar diretamente, ele se referiu à taxação de 50% aos produtos brasileiros nos Estados Unidos anunciada por Trump em carta que diz que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está sendo perseguido pela justiça brasileira por ser réu da ação de tentativa de golpe de Estado, dizendo que a reforma agrária é uma “medida de defesa da soberania nacional”.
“Não podemos admitir que este Congresso anti-povo continue definindo sobre nossas vidas. E nem permitir que o império venha interferir em território brasileiro”, pontua a dirigente do MST, de dentro da superintendência do Incra cearense.
“A agricultura familiar é fundamental para produzir alimentos de forma sustentável, preservar o meio ambiente e manter a população no campo”, afirma Gene Santos, também da direção nacional do MST no Ceará.
O Brasil de Fato entrou em contato com o Incra Ceará, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria. Caso haja resposta, o texto será atualizado.
‘Cadê a reforma agrária?’
A ação acontece um dia depois de o MST lançar uma “carta à sociedade brasileira” em que denuncia a lentidão de órgãos do governo federal na execução de políticas públicas pela reforma agrária. Entre eles, o Incra e o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), comandado pelo ministro Paulo Teixeira.
Para o MST, além da falta de recursos para iniciativas como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), o governo federal precisa avançar na estruturação de novos assentamentos. De acordo com o movimento, cerca de 122 mil famílias vivem em 1.250 acampamentos no país, à espera de regularização fundiária.
Na carta, os sem-terra também denunciam o conservadorismo e a força do agronegócio no Congresso Nacional. Em especial, citam a aprovação dos projetos de lei 2.169/2021, apelidado de “PL da devastação” e PL 8262/2017, que permite a ação policial sem ordem judicial em ocupações no campo e na cidade.
O post MST ocupa Incra no Ceará em demanda por crédito e educação no campo apareceu primeiro em Brasil de Fato.