Produtor que perdeu R$ 1,7 milhão espera reaver dinheiro após condenação de empresário: ‘Todo mundo tem esperança’


Empresário é condenado por desaparecer com sacas de café em Altinópolis, SP
Um dos 55 produtores rurais lesados pelo empresário Guilherme Osório, condenado por apropriação indébita de mais de 20 mil sacas de café, Fabrício Cardoso Martins espera reaver o valor do prejuízo.
O produto total, armazenado em um dos galpões administrados por Guilherme em Altinópolis (SP), estava avaliado em R$ 63 milhões. Só Fabrício perdeu R$ 1,7 milhão.
“Já conversei com amigos meus que são produtores de café também, e eles falam ‘já perdi a esperança de receber este dinheiro de novo’. Mas acho que, no fundo, todo mundo tem uma pequena esperança de algum valor para ajudar”.
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O caso foi descoberto em janeiro deste ano, quando produtores que mantinham as sacas armazenadas com Guilherme procuraram a polícia depois que notaram o sumiço dos cafés e não conseguiram falar com o empresário e nem com a mulher dele, Marina Célia Lopes da Cruz Oliveira.
Fabrício Cardoso Martins é um dos produtores rurais lesados por empresário que sumiu com sacas de café em Altinópolis, SP
Lindomar Cailton/EPTV
A mesma sentença que condenou Guilherme absolveu Marina dos crimes.
“O que mais deixou a gente, que é produtor, decepcionado é que em nenhum momento houve transparência da parte do Guilherme em conversar com o produtor, sentar, explicar o que está acontecendo. Simplesmente sumiu com o café e não deu satisfação nenhuma. Na época, a gente tentava mandar mensagem, ligação, não respondia. inclusive chegou até a falar que estava participando de reuniões para estruturar a empresa”, diz Fabrício.
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Ao g1, a defesa do casal, representada pelos advogados Raphael Guimarães Carneiro, Danielle Godoi Santiago e Victor Santiago, informou, por meio de nota, que “o enfrentamento das acusações seguirá sendo feito de forma técnica e serena, nos autos, que correm em segredo de justiça, inclusive para preservação da segurança dos envolvidos”.
O casal, que chegou a ser preso em Caraguatatuba (SP) no fim de janeiro, teve a prisão revogada pela Justiça em abril e respondia pelo crime em liberdade.
Marina Célia Lopes da Cruz Oliveira e Guilherme Osório de Oliveira, durante audiência de custódia após serem presos no litoral paulista.
Reprodução/EPTV
Procurados pelo g1, Tribunal de Justiça e Ministério Público disseram que não poderiam passar informações detalhadas, porque o caso está em sigilo.
‘Bola pra frente’
Além de condenar Guilherme a 8 anos e 10 meses de prisão, a Justiça também obrigou o ressarcimento de todas as vítimas. Os bens do casal, avaliados em R$ 6 milhões, foram penhorados e alguns galpões da empresa estão vazios e lacrados pela justiça.
Galpão onde sacas de café eram armazenadas em Altinópolis, SP
Reprodução/EPTV
A condenação não encerra o caso, mas produtores foram obrigados a conviver com o prejuízo pela falta do produto nos últimos meses. Fabrício tem buscado ajuda para não ficar sem trabalhar.
“É bola pra frente. Você tem de deixar esse dinheiro que foi perdido e tocar. Pega um dinheiro no banco, faz um financiamento, faz um levantamento de custeio. Tem de tocar. Tem de tocar, senão fica pior”.
Prejuízo milionário
O caso veio à tona no dia 16 de janeiro, quando produtores que mantinham as sacas armazenadas no galpão do casal, em Altinópolis, procuraram a polícia depois que notaram o sumiço dos cafés e não conseguiram falar com Guilherme e Marina.
Os dois chegaram a ser considerados foragidos e tiveram a prisão decretada no dia seguinte. No dia 28 de janeiro, Guilherme e Marina foram encontrados em Caraguatatuba (SP) e presos.
Segundo as investigações, os prejuízos que o casal causou gira em torno de R$ 63 milhões.
O produtor Osmar Cardoso da Silva perdeu R$ 1,6 milhão com o desaparecimento de 675 sacas de café que estavam guardadas em um dos armazéns do casal.
O produtor Osmar Cardoso da Silva perdeu R$ 1,6 milhão com o desaparecimento de 675 sacas de café que estavam guardadas em um dos armazéns do casal.
“Há dez anos a gente negociava com eles, nunca teve problema, e agora a última venda que a gente teve estourou o negócio lá. Ele veio a atrasar um pouquinho o pagamento, a gente veio pra conversar com ele que ia tirar o café que a gente tinha. A gente foi no escritório, e aí já não conseguiu encontrar mais eles. É uma sensação de perda mesmo, porque são muitos anos de trabalho que a gente faz pra ter um pouquinho de recurso”.
Já o prejuízo calculado pela família da produtora Patrícia Crivelenti, que atua nas regiões de Altinópolis e Itamogi (MG), chega a R$ 18 milhões. Segundo Patrícia, ela esteve com o casal um dia antes da fuga para conversar sobre rumores de que o café havia sido desviado.
Galpão de armazenagem de café encontrado vazio pela Polícia Civil em Altinópolis, SP
Arquivo pessoal
“Nós estivemos no dia 10 de janeiro, não avisamos que viríamos justamente pelo nível de preocupação que meu marido estava e decidimos fazer uma visita. Tocamos a campainha, demoramos ser atendidos. Fomos atendidos pelos dois e, nessa conversa, fomos percebendo que aquele estoque que eles falavam não existia”.
Segundo Patrícia, a família era cliente de Marina e Guilherme desde 2020 e confiava no trabalho deles.
“Eles sempre dizendo que iriam acertar, que iriam pagar, mas a cada momento que a conversa evoluía, sentimos muito nervosismo da parte deles e, ao mesmo tempo, o estoque diminuindo a cada momento. Quando retornamos conforme combinado, eles já haviam desaparecido.”
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