Jiu-Jitsu em família: pais e filhas transformam rotina por meio do companheirismo dentro e fora dos tatames 

Família atletas de jiu-jítsu
Foto: Paulo José/Acorda Cidade

O trauma coletivo que foi a pandemia da Covid-19 foi ressignificado por muitas famílias que puderam se aproximar mais no período de isolamento social. No caso da família de Andréa e Rodrigo, o esporte foi essa ‘liga’ que uniu ainda mais ela, o esposo e as duas filhas. O interessante: o que era para trazer saúde e distrair dos dias difíceis, o jiu-jitsu, se tornou uma paixão para todos.

Através das artes marciais, a família está ganhando o mundo com mais disciplina, confiança, determinação e bastante companheirismo. Hoje, depois de cinco anos, já são vários títulos acumulados pelas meninas. 

“As meninas começaram a se desenvolver melhor. Elas estavam brigando muito durante a pandemia e aí começaram a se comunicar, a ter uma melhor amizade entre elas, se desenvolveram também, tanto na escola como com as outras pessoas, elas começaram a ter outra postura”, revelou Andréa Félix. 

A caçula, Alanna Ribeiro, de 13 anos, contou ao Acorda Cidade que começou a competir em 2022. De lá pra cá, já perdeu as contas de quantos campeonatos já disputou e venceu. 

“Foram mais de 15 por ano, então é um pouco difícil de eu saber. Mas, como o pai já disse, a gente compete desde mais ou menos 2022, então pelo menos mais de umas 70 competições. Ganhei a maioria.”

Entre tantas medalhas, a que ela mais gostou foi a conquistada este ano no Rio de Janeiro. Para conseguir chegar ao pódio, teve que perder em outros momentos. Foi uma daquelas vitórias suadas. 

“Anos anteriores, eu estava sempre voltando com uma prata, algum bronze, alguma coisa do tipo. Ou seja, eu estava muito perto da vitória, só que não a alcançava. E esse ano, eu finalmente voltei com o meu ouro”, celebrou. 

Segundo a mãe, em casa a rotina se tornou mais respeitosa entre as meninas que, inclusive, pararam de brigar com frequência. Passaram a se enxergar mais e com um olhar diferente. De admiração. 

Aos 16 anos, Ágatha Ribeiro já demonstra maturidade ao falar sobre a convivência com a irmã. Entre elas não há a melhor, mas sim qualidades que cada uma possui.

“As duas têm seu jogo, a gente luta de formas diferentes, a Lana é mais passadora, eu sou mais guardeira, e cada uma dá o seu melhor na sua e treina sem parar”, disse ao Acorda Cidade. 

No jiu-jitsu, Ágatha destacou a versatilidade. É aquela rápida virada que pode mudar os rumos da luta. E elas não param. A próxima competição já está na agenda, para Recife, Pernambuco no próximo fim de semana. As atletas contam com o apoio do programa FazAtleta, do Governo do Estado da Bahia e de patrocinadores.

O que era apenas para passar a pandemia transformou a rotina da família, o relacionamento familiar e abriu novas portas, principalmente para as meninas, que passaram a conhecer o mundo através das competições. Um orgulho construído por todos. 

“Inicialmente, o Rodrigo [pai] procurou uma professora de jiu-jitsu e nós encontramos a família Kamui e gostamos bastante, nos enturmamos e é um esporte que nós vamos levar para nossas vidas. Com certeza contribuiu bastante para que não ficássemos ociosos e não tivéssemos problemas psicológicos ou problemas de saúde também”, contou a mãe. 

O pai, que trabalhava viajando, teve que mudar completamente durante a pandemia. Foi ele que botou todo mundo para se movimentar. “Começamos aulas particulares, as meninas se identificaram e aí o Jiu-Jitsu passou a integrar a nossa vida. Nossa vida começou a ter direcionamentos a partir do Jiu-Jitsu”, explicou Rodrigo ao Acorda Cidade. 

Para acompanhar as garotas, a família já esteve em São Paulo, por quatro anos consecutivos, para disputar o Campeonato Brasileiro. No Rio, para o sul-americano, mas também em torneios em outros estados. Entre ouro, prata e bronze, todos são medalhistas.

“As meninas lutam praticamente todos os meses. Andréa e eu, bem menos. Eu geralmente uma, duas vezes no ano. Andréa é até mais esforçada, esse último campeonato ela lutou também lá no Rio de Janeiro. Eu não pude lutar, pois venho de recuperação do joelho”. 

Quem quiser prestigiar e acompanhar o desempenho da família pode assistir à Copa Kamui, no próximo dia 28 de agosto, que vai acontecer na cidade. Rodrigo convidou todos para torcer.  

O Jiu-Jitsu é hoje assunto em comum de toda a família. União que, para Rodrigo, é sim, resultado do que eles construíram juntos para superar os desafios do dia a dia. 

“O ‘junto’ é importante. Desde que começamos o jiu-jitsu, a integração com a família foi melhor. O relacionamento com minhas filhas melhorou bastante. Então assim, pais de meninas, coloquem suas filhas no jiu-jitsu, vai desenvolver psicologicamente, fisicamente, como elas vão estar preparadas para o mundo, não para brigar, mas se houver necessidade de se defender; eu sempre brinco, o jiu-jitsu é muito mais interessante para uma menina do que um balé.”

Seguindo o exemplo das meninas, os pais também descontraíram, explicando que não existe o melhor entre elas, mas uma parceria que deu certo e serve de exemplo para todo mundo. 

“A gente se completa, cada um com sua habilidade, cada um com seu jeito de lutar. Então, eu acho que cada um se completa do seu modo, da sua maneira”, declarou a mãe.

Quem quiser acompanhar a família pode seguir as redes sociais @andrea_frsouza @rodrigo_cs18 e @alanna_agatha_bjj

Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade

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