Canetas emagrecedoras e cirurgias odontológicas: existe risco?

Canetas emagrecedoras
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Nos últimos anos, as chamadas “canetas emagrecedoras” se tornaram populares entre pessoas que buscam perder peso de forma rápida e eficaz. Esses medicamentos, que utilizam substâncias como semaglutida e liraglutida, pertencem à classe dos agonistas do GLP-1, originalmente indicados para o controle do diabetes tipo 2.

Com o tempo, percebeu-se que esses fármacos também promoviam uma significativa redução de apetite e de peso corporal — e isso os levou a ser amplamente utilizados para fins estéticos.

No entanto, com o crescimento do uso dessas medicações, surgiram dúvidas entre profissionais de saúde e pacientes: quem usa canetas emagrecedoras corre algum risco ao passar por uma cirurgia odontológica?

Há risco nas canetas emagrecedoras?

A resposta é: sim, pode haver riscos — especialmente se não houver comunicação adequada entre paciente e profissional.

Esses medicamentos atuam retardando o esvaziamento gástrico e modulando os níveis de insulina e glicose no sangue. Isso significa que pacientes podem apresentar náuseas, vômitos, hipoglicemia e desidratação com mais facilidade — o que pode complicar procedimentos odontológicos, especialmente cirurgias sob anestesia local ou geral, ou em ambiente hospitalar.

O risco da broncoaspiração

Um dos principais pontos de atenção é o risco de broncoaspiração. Como as canetas retardam a digestão, mesmo que o paciente esteja em jejum, o estômago pode conter resíduos.

Isso pode ser perigoso durante procedimentos que envolvem sedação ou anestesia, pois aumenta a chance de que o conteúdo gástrico vá para os pulmões — uma complicação grave e potencialmente fatal.

Além disso, pacientes em uso contínuo de agonistas do GLP-1 podem apresentar redução do tônus muscular e cansaço. Isso afeta o tempo de recuperação após cirurgias, o conforto durante longos procedimentos e a resposta ao estresse cirúrgico.

O que o paciente e o dentista devem fazer?

Informar sempre ao dentista sobre o uso de qualquer medicação, especialmente as injetáveis. O profissional poderá orientar a suspensão temporária do medicamento antes da cirurgia, conforme diretrizes atualizadas.

Em geral, recomenda-se interromper o uso 7 dias antes de procedimentos sob anestesia geral ou sedação, mas isso pode variar caso a caso.

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E o dentista? Deve questionar de forma ativa sobre o uso dessas substâncias, mesmo que o paciente não as classifique como “remédio” — afinal, muitas pessoas usam as canetas por conta própria ou por indicação estética. O profissional deve considerar o histórico médico completo e, se necessário, trabalhar em conjunto com o médico assistente do paciente.

Em resumo, canetas emagrecedoras são eficazes, mas não são isentas de riscos, especialmente no contexto cirúrgico. Por isso, transparência na comunicação e um bom planejamento pré-operatório são essenciais para garantir um tratamento seguro e eficaz.

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