
O senador Marcos do Val (Podemos-ES), que desde que voltou dos Estados Unidos na última segunda-feira (04) está cumprindo medidas cautelares, esteve na tarde desta quarta-feira (06) no plenário do Senado Federal.
Calçando chinelos, Do Val mostrou a tornozeleira eletrônica que foi instalada assim que ele desembarcou em Brasília na volta de uma viagem aos Estados Unidos.
A tornozeleira é uma das medidas determinadas pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, que também conta com recolhimento noturno, proibição de uso de redes sociais e bloqueio do salário e contas bancárias, entre outras ações.
Ao lado de senadores que, desde a terça-feira (05) estão obstruindo os trabalhos do Congresso, Do Val fez um discurso com críticas ao ministro Alexandre, afirmando que foi tratado como bandido, ao chegar ao Brasil.
Comuniquei o ministro com antecedência. Não precisava, porque não havia impedimento nenhum de eu deixar o País. Mas eu fiz por excesso de zelo. Ele se sentiu confrontado e, sozinho, determinou. Quando eu saí do avião estavam lá mais de 15 policiais federais e minha filha vivenciando tudo isso, vendo o pai sendo detido e conduzido com uma tornozeleira eletrônica, como se eu fosse um bandido”, disse o capixaba.
O senador afirmou ainda que, por uma “decisão monocrática”, está impedido de voltar ao Espírito Santo e acompanhar o tratamento de câncer da sua mãe.
“Um senador da República que está 100% sem salário, com verba de gabinete cortada, por decisão monocrática, e que me impediu ontem de deixar Brasília. Eu estou proibido até de voltar para o meu Estado, que me elegeu. (…) Não tenho como revezar os cuidados com minha mãe que está com câncer. E ele, suspendendo meu salário, não tem como eu pagar o plano de saúde da minha mãe, e eu não tenho nem como estar lá para cuidar”, afirmou.
E continuou: “Eu já disse, lá na Polícia Federal, que se alguma coisa acontecer com a minha mãe, eu não vou parar até o último respiro do Alexandre. Não compactuem com Alexandre e com as decisões dele. Ele cometeu cinco violações contra mim, fora essa daqui”, disse o senador, apontando para a tornozeleira.
Veja abaixo vídeo com trecho das falas do senador
Na terça-feira (05), Do Val chegou a enviar para a coluna De Olho no Poder o trecho de uma suposta decisão judicial, datada da última segunda-feira (04), em que o ministro Alexandre de Moraes o proibiria de deixar Brasília.
A assessoria de imprensa do STF foi questionada pela coluna sobre a proibição, mas informou que por se tratar de uma petição sigilosa, não teria informações a passar para a imprensa.
Gabinete entregue e acordo secreto
Do Val disse ainda que irá devolver o gabinete parlamentar que mantém no Estado por falta de recursos para mantê-lo. Segundo ele, falta dinheiro para pagar despesas de custeio.
“Se eu estivesse fugindo, eu diria o dia e a hora do meu voo? Não teria nem voltado. É um absurdo isso. Como é que eu vou exercer minha função de parlamentar? Estou tendo que entregar meu gabinete no Espírito Santo por falta de pagamento de aluguel, luz, água e etc”.
Ele também disse que estaria sendo tratado nos bastidores, com a cúpula do Senado e do STF, um acordo para revogar as medidas cautelares em troca dele ficar afastado do mandato por 120 dias ou seis meses. “Para eu deixar meu mandato, sumir, para não conseguir ser reeleito”, disse ele.
Segundo o senador, uma reunião teria ocorrido na casa do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), para fechar o tal acordo.
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