Comunidade angolana protesta em Brasília nesta sexta (8) contra repressão violenta no país africano

Nesta sexta-feira (8), imigrantes angolanos residentes no Brasil se reúnem em frente à Embaixada da Angola em Brasília, a partir das 11h, em protesto contra a repressão violenta a manifestantes no país africano.

As manifestações em Angola começaram após o governo aumentar, em 1º de julho, o preço do combustível de 300 para 400 kwanzas (moeda local). Em reação à medida, motoristas de táxi iniciaram uma greve que levou a protestos generalizados em todo o país.

O país é um dos principais produtores de petróleo da África e a medida anunciada pelo governo ocorre em meio a um contexto de agravamento das condições de vida da população. De acordo com a Agência de Notícias Fides (organização missionária ligada à Igreja Católica) mais de um terço da população de Angola vive com menos de US$ 2,15 por dia. A inflação está em 27,5%, o desemprego em 14,5%, e oito em cada dez pessoas estão empregadas em trabalhos informais com baixos salários.

“Essa medida política do governo foi prontamente respondida por um uma onda de manifestações organizada principalmente por jovens, ativistas, movimento estudantil e associação dos taxistas. As manifestações começaram de forma pacífica, mas depois ganharam outro impacto na sociedade”, explica o angolano Hitler Samussuku, doutorando em Política Social pela Universidade de Brasília (UnB).

Após uma onda de saques a estabelecimentos comerciais, a polícia reagiu com disparos, resultando em mortes, feridos e prisões. De acordo com a Anistia Internacional, pelo menos 29 pessoas foram mortas, centenas ficaram feridas e mais de 1.200 pessoas foram presas arbitrariamente em Luanda, Huambo, Benguela e Huíla.

O diretor regional da Anistia Internacional para a África Oriental e Austral, Tigere Chagutah, emitiu um comunicado sobre a violência durante os protestos em Angola. “Ninguém deve ser morto, preso ou ferido por simplesmente participar de greves. As forças de segurança angolanas devem se abster de usar força desnecessária e desproporcional durante protestos e observar o devido processo legal antes de prender aqueles suspeitos de se envolverem em conduta ilegal”.

O governo angolano classificou os protestos como vandalismo e acusou os manifestantes de “conspiração externa”. Em vídeo divulgado em 1º de agosto, o presidente João Lourenço afirmou que as forças de segurança cumpriram seu dever e que “a ordem foi rapidamente restabelecida e a vida voltou ao normal”. 

“As consequências dos atos praticados por cidadãos irresponsáveis, manipulados por organizações anti-patriotas e estrangeiras através das redes sociais, trouxeram luto, destruição de bens públicos e privados, redução na oferta de produtos essenciais e serviços para a população e desemprego”, disse Lourenço.

Organizações civis e partidos de oposição exigem a punição dos agentes envolvidos na repressão. “As autoridades também devem divulgar informações sobre os detidos pelas forças de segurança cujo paradeiro permanece desconhecido”, completou Chagutah.

Manifestação em Brasília

O ato na capital federal segue protestos realizados no sábado (2) em São Paulo e no Ceará, além de mobilizações em Portugal e França.

Em Brasília, estudantes e imigrantes angolanos exigirão justiça. “Também pediremos a renúncia do presidente João Lourenço, principal responsável por esses atos de barbárie”, destaca Samussuku.

Para o doutorando da UnB, o governo segue uma agenda neoliberal que sacrifica direitos sociais “em detrimento dos interesses capitalistas que não tem nenhum interesse na redução das desigualdades sociais em Angola”.

Dados da Polícia Federal mostram que, até 31 de julho, 22.354 angolanos viviam no Brasil, a maioria em São Paulo. Em Brasília, são 161 residentes.

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