
O dólar abre com alta de 0,15% nesta sexta-feira (8), cotado a R$ 5,43, com os investidores de olho nas tensões entre Estados Unidos e Brasil sobre o tarifaço.
Já o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, abre às 10h. O mercado deve repercutir os resultados do balanço do segundo trimestre da Petrobras, divulgados na noite de ontem.
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▶️ O mercado segue no aguardo pelos desdobramentos do tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump, que teve início na quarta-feira (6). Embora ministros estejam em contato com autoridades norte-americanas, integrantes do governo Lula não acreditam na disposição dos Estados Unidos para negociar.
▶️ Na bolsa brasileira, investidores irão avaliar o balanço da Petrobras, que reportou um lucro de R$ 26,7 bilhões no 2º trimestre de 2025, na noite desta terça, e fará a sua teleconferência de resultados às 11h.
▶️ No exterior, as bolsas europeias sobem, acompanhando o encontro entre o presidente da Rússia, Vladimir Putin, com Donald Trump. A expectativa é de que o encontro resulte em um acordo diplomático que possa trazer resoluções para a guerra na Ucrânia.
▶️ Na Ásia, os mercados fecharam majoritariamente em queda. Destaque para a bolsa do Japão, a Nikkei, que subiu após o anúncio de que os EUA podem reduzir os impostos sobre automóveis do país.
Veja abaixo como esses fatores impactam o mercado.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar
a
Acumulado da semana: -2,20%;
Acumulado do mês: -3,18%;
Acumulado do ano: -12,25%.
📈Ibovespa
Acumulado da semana: +3,09%;
Acumulado do mês: +2,60%;
Acumulado do ano: +13,50%.
Tarifaço avança no mundo
O pacote de tarifas imposto pelo presidente dos EUA, Donald Trump, sobre importações de dezenas de países entrou em vigor nesta quinta-feira (7). Segundo a agência Reuters, as novas alíquotas elevaram o imposto médio de importação dos EUA ao maior nível em um século.
Assim como o Brasil, outros parceiros comerciais dos EUA — como Suíça e Índia — ainda buscam negociar acordos mais vantajosos com o governo norte-americano.
De acordo com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, a expectativa é que o país arrecade ao menos US$ 50 bilhões por mês com as tarifas — valor superior aos US$ 30 bilhões registrados em julho.
“E então você terá os semicondutores, você terá os produtos farmacêuticos, você terá todo tipo de dinheiro adicional de tarifas entrando”, afirmou o secretário em entrevista à Fox Business Network nesta quinta-feira.
Na véspera, Trump já havia anunciado planos para impor uma tarifa de aproximadamente 100% sobre chips semicondutores importados, além de uma taxa sobre medicamentos, que pode chegar a 250% gradualmente.
As tarifas só serão suspensas se os fabricantes se comprometerem a produzir em território americano.
Governo Lula aciona OMC
Desde a entrada em vigor das tarifas, na última quarta-feira (6), o Brasil não obteve avanços nas negociações com os EUA, o que agravou a crise diplomática entre os dois países.
Ontem, o Ministério das Relações Exteriores acionou a Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as tarifas impostas por Donald Trump a produtos brasileiros exportados para os EUA.
“Ao impor as citadas medidas, os EUA violam flagrantemente compromissos centrais assumidos por aquele país na OMC, como o princípio da nação mais favorecida e os tetos tarifários negociados no âmbito daquela organização”, afirma a nota do Itamaraty.
Ainda ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em entrevista à agência de notícias Reuters, que só pretende ligar para Trump quando sentir que há disposição real para diálogo. Até lá, disse que não vai se humilhar.
Nesta quinta, Lula conversou por telefone com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi. Segundo o Palácio do Planalto, eles conversaram por cerca de uma hora e discutiram a respeito das tarifas impostas de forma unilateral pelos EUA.
Lula e Modi trocaram informações sobre as plataformas de pagamento virtual dos dois países, entre as quais PIX e a UPI indiana. Os EUA afirmam que PIX prejudica meios eletrônicos de pagamento de gigantes americanas de tecnologia.
Lula deseja debater o tarifaço com os parceiros do Brics, bloco criticado por Trump diante do plano de substituir o dólar nas transações comerciais do grupo.
Além de alinhar uma resposta ao tarifaço, Lula quer abrir mercados para produtos brasileiros na Índia e avalia uma visita ao país em 2026.
Novo diretor do Fed
Trump anunciou nesta quinta-feira que indicará Stephen Miran, atual presidente do Conselho de Assessores Econômicos, para o cargo de diretor do Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA. O mandato vai até 31 de janeiro de 2026 e ainda precisa ser aprovado pelo Senado.
Miran assumirá a vaga deixada pela renúncia inesperada da diretora do Fed, Adriana Kugler, anunciada na semana passada, quando ela decidiu retornar ao cargo de professora titular na Universidade de Georgetown.
Trump afirmou que a Casa Branca segue em busca de um nome para preencher a cadeira da Diretoria do Fed com mandato de 14 anos, que ficará vaga em 1º de fevereiro.
Miran defende uma ampla reforma na governança do Fed, que incluiria a redução dos mandatos dos diretores, maior controle do presidente sobre a instituição e o fim da chamada “porta giratória” entre o Executivo e o banco central.
Mercados globais
As ações europeias encerraram o pregão em alta nesta quinta-feira. O índice STOXX 600 avançou 0,92%, fechando em 546,05 pontos, o maior nível em uma semana.
Entre os destaques dos mercados europeus estão o bom desempenho do setor financeiro, resultados corporativos mistos e a expectativa de um possível cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia.
Nesta quinta-feira, o Banco da Inglaterra (BoE) reduziu a taxa de juros de 4,25% para 4%. No entanto, quatro dos nove membros do comitê votaram pela manutenção da taxa, devido à inflação ainda elevada.
Em uma votação apertada, o banco manteve o tom cauteloso, sinalizando que os cortes devem continuar de forma gradual. No entanto, indicou que essa sequência pode estar chegando ao fim.
Na Ásia, as ações da China subiram pelo quarto dia consecutivo e encerraram esta quinta-feira no maior patamar em três anos e meio. Os investidores reagiram positivamente aos dados de exportação, que impulsionaram a recuperação do mercado, mesmo diante de novas ameaças tarifárias dos EUA.
Enquanto isso, os investidores aguardam um possível acordo entre China e EUA até 12 de agosto, data em que termina a atual trégua tarifária entre os dois países.
Agenda econômica
O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) recuou 0,07% em julho, após uma queda de 1,80% em junho, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta quinta-feira (7). Em 12 meses, o índice acumula alta de 2,91%.
“Os preços ao produtor registraram queda menos intensa em julho, com destaque para matérias-primas brutas como minério de ferro e soja. Os preços ao consumidor foram impactados principalmente pelos reajustes nos jogos lotéricos e pelas tarifas de energia elétrica”, disse Matheus Dias, economista do FGV IBRE, em comunicado.
O IGP-DI é composto pelo Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-DI), que caiu 0,34% em julho; pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC-DI), que subiu 0,37%; e pelo Índice Nacional de Construção Civil (INCC-DI), que avançou 0,91%, ante 0,69% em junho.
Nos EUA, os pedidos de seguro-desemprego atingiram na semana passada o maior nível em um mês. De acordo com o Departamento do Trabalho, os pedidos iniciais de auxílio-desemprego aumentaram em 7 mil, atingindo o maior patamar desde 5 de julho.
O dado sugere que o mercado de trabalho permanece relativamente estável, embora a geração de empregos esteja perdendo força e os trabalhadores demitidos estejam levando mais tempo para se recolocar.
Os dados também voltaram a atenção dos mercados para a trajetória dos juros nos EUA. Nesta quinta-feira, o presidente da distrital do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, afirmou que, apesar do aumento dos riscos para o mercado de trabalho, ainda é cedo para se comprometer com novos cortes na taxa básica.
Ainda segundo Bostic, um corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros provavelmente será o único movimento apropriado neste ano.
Notas de dólar.
Luisa Gonzalez/ Reuters
*Com informações da agência de notícias Reuters