
Sabe aquela sensação de acordar no escuro da madrugada, com a mente agitada e o sono que parece ter fugido para sempre? Esse fenômeno, conhecido como insônia de manutenção do sono, é mais comum do que se imagina e tem diversas peças nesse complexo quebra-cabeça noturno.
Nosso cérebro não desliga completamente enquanto dormimos. Passamos por ciclos, e pequenos despertares breves até duas vezes por noite são considerados normais – tão rápidos que nem lembramos deles ao amanhecer. O problema surge quando esses despertares se prolongam e a volta ao sono se transforma numa batalha frustrante, especialmente quando isso vira rotina.
Diversos fatores podem ser os responsáveis por interromper nosso precioso descanso. O estresse e a ansiedade são grandes vilões, transformando a mente numa roda-viva de preocupações no silêncio da noite.
Pensamentos negativos persistentes também sabotam a tranquilidade necessária para dormir. E não são só questões da mente: o corpo reclama também. Hábitos alimentares inadequados, principalmente refeições pesadas ou condimentos fortes perto da hora de dormir, podem desencadear refluxo, causando desconforto que tira qualquer um do sono profundo.
O estilo de vida moderno também contribui significativamente. O hábito de rolar o feed das redes sociais até tarde, com a luz azul dos celulares e tablets, é um sabotador silencioso. Essa luz inibe a produção de melatonina, o hormônio-chave que sinaliza para o corpo que é hora de descansar, bagunçando completamente nosso ritmo natural.
Quando o descanso noturno é constantemente fragmentado, as consequências aparecem com força no dia seguinte. A pessoa pode sentir-se irritadiça, com dificuldade clara para se concentrar nas tarefas mais simples. A energia desaparece, substituída por uma fadiga persistente, e aquela sensação de “cabeça pesada” ou confusão mental (o famoso “brain fog”) torna tudo mais difícil. O impacto vai além do cansaço físico; afeta o humor, a clareza de pensamento e o bem-estar geral.
A ciência alerta para os riscos mais sérios de noites mal dormidas. Um estudo amplo, analisando dados de sono de quase 88.500 adultos do Biobank britânico, publicado na revista Health Data Science, encontrou uma associação preocupante entre a má qualidade do sono e o desenvolvimento potencial de até 172 problemas de saúde diferentes. Isso mostra que o sono ruim não é apenas um incômodo, mas uma questão de saúde pública.
A percepção sobre o próprio sono também varia muito. Enquanto alguns classificam seu descanso como ótimo ou razoável, outros o definem claramente como ruim. Especialistas explicam que a qualidade do sono pode ser avaliada observando quatro aspectos principais: o tempo que se leva para adormecer, quantas vezes se acorda durante a noite, quanto tempo se passa acordado após esses despertares e, claro, como a pessoa se sente no dia seguinte.
É crucial entender que existe uma relação complexa entre saúde mental e sono. Condições como depressão são frequentemente companheiras da insônia. Dados da Johns Hopkins Medicine indicam que pessoas com insônia têm um risco dez vezes maior de desenvolver depressão comparado àquelas que dormem bem. E, inversamente, cerca de 75% das pessoas com depressão enfrentam problemas para iniciar ou manter o sono.
Quando os despertares noturnos passam de eventuais para frequentes e a dificuldade para voltar a dormir se torna uma regra, é um sinal claro para buscar orientação médica. Um profissional pode ajudar a identificar as causas específicas – sejam físicas, psicológicas ou relacionadas a hábitos – e traçar um plano para recuperar o descanso reparador que o corpo e a mente tanto precisam para funcionar plenamente.
Esse O que significa acordar várias vezes de madrugada? foi publicado primeiro no Misterios do Mundo. Cópias não são autorizadas.