Operação da prefeitura retira pessoas em situação de rua de área central de SP; próximos dias serão de frio intenso

Na manhã deste sábado (9), após uma madrugada em que a temperatura mínima atingiu os 12°C no centro de São Paulo (SP), uma operação que contou com o apoio de policiais do Batalhão de Choque retirou pessoas em situação de rua de uma área embaixo do Elevado Presidente João Goulart, conhecido como Minhocão.

Localizado na região central da capital paulista, o elevado costuma servir de abrigo para pessoas que não têm um local adequado para passar a noite. A operação aconteceu nas cercanias da estação Marechal Deodoro do Metrô.

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Uma testemunha afirmou ao Brasil de Fato que era possível visualizar um caminhão com cobertores recolhidos dos moradores. Apesar disso, a prefeitura de São Paulo, liderada por Ricardo Nunes (MDB), afirmou em nota que as operações do tipo não retiram das pessoas pertences como cobertores.

A reportagem questionou a prefeitura sobre o objetivo da operação e sobre o local de destino das pessoas e de seus pertences, mas a nota não responde esses pontos. Leia ao fim da reportagem a nota na íntegra.

Pouco leito para muita gente

De acordo com o Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População de Rua da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), calculados a partir dos dados do CadÚnico, coletados pelo governo federal a partir das administrações municipais, a cidade de São Paulo tinha em 2024 80 mil pessoas em situação de rua.

Na nota, a prefeitura informou que oferece 28 mil vagas em serviços de assistência social, um número que atende a 35% da população-alvo. Além disso, a estrutura oferecida é criticada por ativistas. “A prefeitura lida com as vagas de abrigo como solução, quando a vaga deveria ser temporária para resolver a questão”, criticou Andreza do Carmo, coordenadora da Associação Rede Rua, em entrevista ao Brasil de Fato concedida em junho deste ano.

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Ela destacou que os espaços são, em muitos casos, insalubres, com regras rígidas e sem estrutura para acolher quem tem animais ou carroças, como catadores de recicláveis. “Muitas vezes, esses serviços são visto como depósito de gente, […] numa perspectiva de esconder o problema, mas precisamos olhar na perspectiva de acolher com dignidade”, defendeu.

Previsão de frio

A cidade de São Paulo está em alerta para baixas temperaturas desde o dia 22 de junho. A temperatura mínima esperada para a madrugada de sábado para domingo (10) é de 8°C. A máxima para o domingo não deve ultrapassar 15°C.

Na noite seguinte, a situação muda pouco. De acordo com o Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas da prefeitura, a mínima na madrugada de segunda (11) deve chegar a 10°C.

Leia a nota da prefeitura:

A Subprefeitura Sé informa que não recolhe bens pessoais, como documentos e cobertores de pessoas em situação de vulnerabilidade. A zeladoria feita diariamente na região central recolhe apenas objetos fixos que prejudiquem a circulação de pedestres e veículos, como camas, sofás, colchões, barracas e que não sejam de uso pessoal, conforme o Decreto nº 59.246/2020. As ações têm como objetivo o acolhimento e a garantia da dignidade humana, oferecendo suporte e encaminhamento para abrigos e serviços sociais.

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A cidade de São Paulo possui a maior rede socioassistencial da América Latina, com aproximadamente 28 mil vagas em 380 serviços, como hotéis sociais, centros de acolhida e Vilas Reencontro, geridos pela Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS). Além disso, a Operação Baixas Temperaturas (OBT), é acionada quando a temperatura atinge 13 °C ou menos, as equipes executam o acolhimento, distribuindo cobertores, roupas, alimentos, ração para animais, orientando sobre serviços disponíveis e encaminhando pessoas para a rede socioassistencial da Prefeitura. 

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