Agosto dourado: entenda a importância de falar sobre aleitamento materno

Agosto dourado - amamentação
O aleitamento materno =e essencial para a saúde do bebê e da mãe(Imagem: Freepik)

O aleitamento materno é amplamente reconhecido como uma das práticas mais eficazes, simples e sustentáveis para a promoção da saúde tanto infantil quanto materna. Para além dos benefícios nutricionais, ele se configura como uma intervenção de grande impacto imunológico, emocional, econômico e social.

A OMS recomenda que o aleitamento materno seja exclusivo até os seis meses de vida do bebê, com a introdução gradual de alimentos complementares a partir dessa idade, mantendo a amamentação até, pelo menos, os dois anos.

No entanto, apesar dessas recomendações claras e amplamente divulgadas, a realidade em muitos países, incluindo o Brasil, ainda apresenta inúmeros desafios para a manutenção dessa prática.

Alimento ideal para o recém-nascido

O leite materno é considerado o alimento ideal para o recém-nascido, por conter uma composição nutricional completa e balanceada, adaptada às necessidades do bebê em crescimento.

Além disso, ele é rico em anticorpos, enzimas e células imunológicas que protegem a criança contra infecções comuns, como diarreias, infecções respiratórias e otites, que são algumas das principais causas de morbidade e mortalidade infantil.

Estudos demonstram que crianças amamentadas exclusivamente por seis meses, apresentam menor incidência de doenças infecciosas e hospitalizações. Além disso, há evidências crescentes de que o aleitamento materno contribui para a prevenção da obesidade, diabetes tipo 2, hipertensão e outras doenças crônicas na vida adulta, estabelecendo assim uma base para uma vida mais saudável.

Benefícios para a mãe

Do ponto de vista materno, a amamentação também traz múltiplos benefícios. Ela está associada a uma recuperação mais rápida do útero após o parto, ajudando na redução do sangramento pós-parto, e a um menor risco de câncer de mama e ovário.

O contato íntimo proporcionado pelo ato de amamentar favorece a liberação de oxitocina, hormônio que fortalece o vínculo afetivo entre mãe e filho e auxilia na redução do estresse e da ansiedade materna. Assim, o aleitamento materno reforça não apenas a saúde física, mas também a saúde emocional da mulher e da criança.

Além disso, há impactos econômicos positivos tanto para as famílias quanto para os sistemas de saúde, uma vez que a redução de doenças diminui custos com medicamentos, internações e consultas médicas.

Amamentar não é puramente instintivo

Porém, é importante destacar que amamentar não é um ato puramente instintivo, mas um comportamento aprendido e condicionado por múltiplos fatores. Aspectos sociais, culturais, institucionais e psicológicos, podem influenciar direta ou indiretamente a decisão e a capacidade de uma mulher em amamentar.

Muitas vezes, a falta de informação adequada, o preconceito, as pressões sociais e o retorno precoce ao trabalho, dificultam a manutenção do aleitamento materno exclusivo. Além disso, barreiras como a falta de apoio familiar, a insegurança sobre a produção de leite e a ausência de espaços adequados para amamentação em locais públicos e ambientes laborais dificultam o processo.

Diante desse cenário, torna-se imprescindível que o sistema de saúde e as políticas públicas garantam suporte integral às mulheres desde o período gestacional, passando pelo parto, puerpério e pelos primeiros anos de vida da criança.

A atuação multidisciplinar de profissionais capacitados para orientar e apoiar as mães é fundamental para o sucesso da amamentação. Políticas como a Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil, que visa a promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno, exemplificam iniciativas fundamentais para aumentar as taxas de amamentação no país.

A criação e fortalecimento de bancos de leite humano também são estratégias essenciais para garantir que bebês prematuros ou em condições especiais tenham acesso a esse alimento precioso quando a amamentação direta não é possível.

Responsabilidade coletiva

Além disso, a proteção legal à lactante nos ambientes de trabalho, com garantias de intervalos para amamentação e a disponibilização de salas específicas para essa prática, são medidas que precisam ser ampliadas e efetivamente implementadas para assegurar a continuidade do aleitamento materno mesmo após o retorno ao emprego formal.

A conscientização da sociedade sobre a importância da amamentação e a eliminação de preconceitos são igualmente fundamentais para que as mulheres se sintam apoiadas e valorizadas em sua escolha.

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Valorizar o aleitamento materno é valorizar a vida. Trata-se de uma escolha que impacta positivamente não apenas a saúde individual da mãe e do bebê, mas também gera benefícios para gerações futuras, promove a equidade em saúde e contribui para a redução das desigualdades sociais.

É uma responsabilidade coletiva, que envolve famílias, comunidades, profissionais de saúde, gestores públicos e toda a sociedade. Apoiar uma mulher que amamenta é, portanto, um compromisso com o futuro e com o desenvolvimento sustentável da população.

Direito da criança e da mulher

O aleitamento materno é um direito da criança e da mulher, previsto em diversas normativas nacionais e internacionais, e sua proteção deve ser encarada como uma prioridade em qualquer política pública de saúde.

O investimento em ações que promovam, protejam e apoiem essa prática, representa um dos caminhos mais eficazes para garantir o pleno desenvolvimento das potencialidades humanas desde os primeiros momentos de vida, contribuindo para a construção de uma sociedade mais saudável, justa e igualitária.

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