Em junho, a holding J&F concluiu a aquisição de 49,41% das ações da sócia minoritária Paper Excellence na disputa bilionária pelo controle da produtora de celulose Eldorado Brasil. Após o fim do imbróglio que durou anos, o novo desafio dos controladores da companhia é o financiamento de R$ 15 bilhões que viabilizou a compra das ações.
Nesse sentido, durante a Fastmarkets Forest Products Latin America Conference 2025, Rodrigo Libaber, CCO da Eldorado, destacou como esse cenário reestrutura as estratégias da companhia em um novo momento da sua trajetória. Ao assumir a dívida bilionária, a companhia orienta-se para uma desalavancagem, e busca prolongar o pagamento da dívida. O executivo destaca que serão analisadas opções de alternativas para colaborar nesse sentido, o que pode incluir a venda de ativos florestais ou estratégias semelhantes.
Nesse contexto, a companhia criou uma parceria com sua concorrente Suzano para um contrato de permuta de “madeira em pé”, expressão utilizada para designar árvores ainda não cortadas, que permanecem nas florestas. Pelo acordo, cada empresa terá acesso a um volume previamente definido de madeira localizada nas áreas da outra, conforme cronograma estabelecido no contrato.
Contudo, a movimentação favorece uma liderança com mais liberdade para novos investimentos. Sob um único dono, essa nova fase da companhia deve ter mais agilidade estratégica, segundo Libaber. Anteriormente, foi anunciada a intenção da criação da segunda linha na fábrica de Três Lagoas (MS) e, neste ano, a companhia renovou sua licença ambiental junto ao Imasul projetando nova capacidade na planta. O desafio para o avanço desse plano, no entanto, é a virada de uma endividamento próximo de zero ao novo montante bilionário.
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Além disso, segundo o executivo, a companhia deve manter-se focada apenas no mercado de celulose, evitando o downstream, como outros players como Suzano e Bracell têm apostado, integrando suas produções a outros segmentos, principalmente de papéis sanitários (tissue). “Vamos focar em fazer o que fazemos de melhor”, comentou Rodrigo.
Quanto aos desafios do mercado, o CCO destacou a pressão do preço da celulose para os produtores e as instabilidades enfrentadas no cenário global. No panorama local, a mão de obra qualificada continua sendo o “calcanhar de Aquiles” do setor em Mato Grosso do Sul, um fator pungente para todo o setor.
No chamado Vale da Celulose, Libaber reforçou que a produção florestal da Eldorado não é uma preocupação e reforçou que os novos projetos na região limitam novos projetos no médio prazo. “A viabilidade de novos projetos não compreende os próximo sete anos”, afirmou o executivo, que destacou que é necessário que novos players estudem o mercado para projetar outros novos projetos futuros.

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