
O que é a onda ‘anti-woke’? Movimento internacional que afasta ideias voltadas as questões sociais
O termo “anti-woke” voltou ao centro do debate recentemente, impulsionado pela campanha publicitária da marca American Eagle com a atriz Sydney Sweeney. A propaganda traz imagens sensuais da artista e faz um trocadilho com as palavras “jeans” e “genes” — no inglês, a pronúncia é semelhante.
O programa Estúdio i discutiu o tema nesta sexta-feira (15). Veja o vídeo acima.
🔴 O conceito é ser contra a pessoas ou obras que abordem questões sociais.
“Woke é um termo um pouco pejorativo, porque traduzido ao pé da letra é: acordado. Diz respeito a pessoas que seriam despertadas para questões e passariam a medir o mundo inteiro a partir das questões que elas pensariam: gênero, etnia, religião, etc. Pode se pensar em políticas identitárias”, afirmou o comentarista Arthur Dapieve.
Esse sentido do termo, e as referências mencionadas por Dapieve, já haviam sido explicados em reportagem anterior do g1.
Nos Estados Unidos, o uso político de “woke” e “anti-woke” se intensificou principalmente após a eleição de Donald Trump.
O ex-presidente e aliados usam o termo para criticar políticas consideradas de esquerda. Em publicação nas redes sociais, Trump escreveu: “A maré mudou radicalmente — ser ‘woke’ é para perdedores, ser republicano é o que você quer ser”.
Após a veiculação da propaganda, sites americanos apontaram que o nome de Sydney Sweeney aparece em um registro de filiação ao Partido Republicano de 14 de junho de 2024.
Dapieve também citou instituições como o Smithsonian, que precisaram rever nomenclaturas e exibições por pressão do governo Trump.
Na quinta-feira (14), a Casa Branca determinou uma reavaliação das mostras dos principais museus de Washington para “eliminar as narrativas divisórias ou partidárias” e reforçar o “alinhamento” com a visão dos Estados Unidos promovida por Trump.
A repercussão da onda “anti-woke” também foi tema de veículos internacionais:
The New York Times – No fim das contas, o negócio de Hollywood é dar ao seu público o que ele quer, não o que ele acha que deveria querer.
The Guardian – Questionou se o ‘woke’ vencerá novamente, lembrando que os progressistas britânicos sofreram grandes reveses nos últimos anos, tanto na opinião pública quanto em decisões judiciais;
DW – Destacou que qualquer coisa considerada “woke” provoca raiva, que é então direcionada principalmente contra pessoas com postura política de esquerda ou ambientalista.
O presidente dos EUA, Donald Trump, fala a repórteres na entrada da Casa Branca, em 18 de junho de 2025.
Evan Vucci/ AP