Os carros voadores que eram rotina em “Os Jetsons”, série de desenho animado produzida em 1962 e cujos personagens viviam em 2062, podem virar realidade décadas antes do previsto. As aeronaves de decolagem e aterrissagem vertical elétrica (electric vertical take-off and landing ou eVTOL, na sigla em inglês) para transporte de cargas já estão em testes e devem entrar em operação em 2026.
O tema foi debatido em duas mesas promovidas na Rio Innovation Week na noite desta sexta-feira, 15: “Verticalizar para Avançar: Mobilidade, Sustentabilidade e eVTOLs” e “A Nova Paisagem Urbana como os eVTOLs estão redesenhando o design das cidades”.
O consultor em mobilidade urbana Rodrigo Tortoriello relembrou que no início do século 20, quando os primeiros automóveis começaram a circular, em Nova York, uma pessoa ia caminhando à frente do veículo com uma bandeira para abrir caminho e alertar sobre a passagem do carro.
Com o tempo e a disseminação dos automóveis, foram criadas regras e espaços para os veículos e as cidades passaram a ser projetadas para a circulação deles. Assim também, segundo ele, é o processo que ocorre com os eVTOLs: serão criadas regras e as cidades vão se adequar à circulação deles.
Também especialista em mobilidade urbana e aérea urbana, Alexandre Burgel destacou que o município de Jacareí tornou-se pioneiro na área ao concluir, no final de março passado, o Plano Municipal de Mobilidade Aérea. O projeto foi produzido pela prefeitura em parceria com o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) com o objetivo de integrar tecnologias e soluções aéreas urbanas, como eVTOLs e drones, à malha de transportes da cidade.
Alexandre Zaramela, CEO da Moya Aero, prevê que primeiro serão lançados os modelos para transporte de cargas e em seguida será a vez do transporte de pessoas. A ideia é que o serviço custe menos do que de um voo de helicóptero.
Além de dezenas de adaptações, como a criação de vertiportos (modelo de aeroporto adequado a esse tipo de aparelho voador, que exige muito menos espaço para decolar e pousar), também será preciso criar regras para a circulação desses aparelhos, como existem para aviões – Zaramela supõe que eles voarão na altura dos helicópteros. Também será necessário formar controladores de voo, que vão organizar a decolagem e o pouso desses aparelhos em cada vertiporto.
Ainda há muitas dúvidas e incertezas, mas todos os debatedores concordaram que a previsão feita pela série criada por Hanna-Barbera vai virar realidade.
