“Como princípio, a China se opõe sempre a sanções unilaterais e ilegais”, disse a porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da China, Mao Ning. Essa foi a resposta do órgão chinês, durante a coletiva diária nesta segunda-feira (18), ao questionamento do Brasil de Fato sobre a posição da China em relação às sanções dos EUA contra funcionários brasileiros do Programa Mais Médicos.
A diretora-geral do Departamento de Informação dessa pasta disse não estar familiarizada com as medidas tomadas pelo governo de Donald Trump neste caso, mas reafirmou a postura da China em relação a esse tipo de ações.
O tipo de sanções que o governo dos Estados Unidos começou a implementar contra funcionários brasileiros também vem sendo aplicado contra a China. As últimas desse tipo foram em 31 de março deste ano, contra seis funcionários chineses por supostamente “minar a autonomia de Hong Kong“.
Sanções como ingerência em assuntos internos de outros países
Em um relatório de 2024, o Congresso estadunidense destaca que, desde 2019, os EUA aplicaram “novas sanções e restrições relacionadas a vistos, economia e comércio sobre alguns funcionários, entidades e jurisdições da República Popular da China”, com base em supostas “detenções em massa e trabalho forçado de uigures e outras minorias étnicas na Região Autônoma Uigur de Xinjiang“.
No ano passado, o então porta-voz da chancelaria chinesa, Wang Wenbin disse que as denúncias de “trabalho forçado” em Xinjiang “nada mais são do que uma mentira flagrante propagada por forças anti-China com o objetivo de criar ‘desemprego forçado’ e ‘retorno forçado à pobreza’ na região”.
“É um exemplo típico de violação dos direitos humanos sob a bandeira da ‘defesa dos direitos humanos’”, criticou Wang.
Ele mencionou casos de empresas de Xinjiang que foram incluídas na chamada Lista de Entidades do governo dos EUA e que precisaram fazer demissões em massa, resultando em perdas milionárias para as companhias.
A Lista de Entidades é o registro de empresas, indivíduos e organizações estrangeiras dos EUA sancionadas por motivos de segurança nacional ou porque afetariam os interesses do país estadunidense.
Em 2021, Joe Biden sancionou a “Lei de Prevenção ao Trabalho Forçado Uigur”, aprovada pelos dois partidos, Democrata e Republicano, no Congresso.
Em 2024, o Departamento de Investigações de Segurança Interna, chamou a lei de “a ferramenta mais poderosa que os Estados Unidos ou qualquer outro país já criaram na luta contra as atrocidades do trabalho forçado”.
Wang Wenbin afirmou que a ferramenta é “por natureza, usada por políticos estadunidenses para desestabilizar Xinjiang e conter o desenvolvimento da China”.
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