O Plebiscito Popular por Um Brasil Mais Justo e Soberano, organizado por movimentos sociais, centrais sindicais, partidos, coletivos estudantis e movimentos populares, já registrou mais de 700 mil votos em todo o país, de acordo com apurações da organização. A votação, iniciada em julho e com término previsto para setembro, entrou em uma nova fase em 11 de agosto, com mutirões nacionais de mobilização para ampliar a participação popular.
A ideia é pressionar o Congresso Nacional para aprovar projetos de lei que garantam mais justiça tributária e melhores condições de trabalho para a classe trabalhadora.
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A consulta propõe medidas importantes, como o fim da escala 6×1, a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e a defesa da soberania do Brasil. A última ganhou ainda mais força, após Donald Trump tentar interferir no poder Judiciário brasileiro e sobretaxar as mercadorias nacionais como uma chantagem para anistiar Jair Bolsonaro (PL) e os golpistas do 8 de janeiro.
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Em Minas Gerais, a mobilização se espalha por universidades, sindicatos, praças e assentamentos rurais. Para Felipe Fonseca, do PSOL-MG, apesar das dificuldades impostas pela conjuntura, a reta final pode ser decisiva.
“O plebiscito tem crescido nas redes, na votação on-line e na coleta presencial. O tema do fim da escala 6×1 é o que mais desperta atenção, porque atinge diretamente a maioria dos trabalhadores. Precisamos aproveitar este momento para ampliar a coleta e mostrar que nossa organização popular pode emparedar o Congresso e arrancar conquistas”, defende.
Fonseca alerta, no entanto, para os desafios impostos pelo avanço das ideias da extrema direita.
“Muitas vezes, trabalhadores rejeitam o plebiscito por associá-lo à esquerda, influenciados por um discurso neoliberal que defende trabalhar mais e taxar menos os ricos. Nosso papel é disputar corações e mentes mostrando que essas medidas beneficiam toda a população”, afirma.
No campo, a mobilização também é intensa. O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) Nei Zavaski destaca que cada acampamento e assentamento da reforma agrária tem pelo menos uma urna instalada, e que o diálogo se estende às comunidades vizinhas.
“O plebiscito cumpre dois papéis centrais: promover a participação popular sobre temas que mudam a vida do povo e pressionar politicamente para que a justiça tributária e a redução da jornada se tornem realidade”, explica.
Zavaski afirma que as propostas impactam fortemente os trabalhadores rurais, sobretudo assalariados temporários e diaristas.
“A redução da jornada é fundamental para quem vive condições duras e, muitas vezes, análogas à escravidão. Já a taxação dos super-ricos pode garantir orçamento para políticas sociais e para a reforma agrária, hoje paralisada por falta de recursos”, pontua.
Para ele, além do resultado final, o maior ganho pode ser o estímulo à participação política fora do ciclo eleitoral. “O povo não pode se manifestar apenas a cada dois anos. O plebiscito é educação popular e pressão sobre um Congresso inimigo dos trabalhadores”.
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Nas universidades, a participação estudantil ganha corpo. Camila Moraes, diretora de universidades públicas da União Nacional dos Estudantes (UNE), avalia que o envolvimento é positivo e crescente.
“O plebiscito foi apresentado nos principais espaços do movimento estudantil, como o congresso e o Conselho Nacional de Entidades de Base (Coneb) da UNE. O dia 11 de agosto, Dia do Estudante, foi nosso ‘dia D’ nas universidades. Os estudantes entendem que o fim da escala 6×1 dialoga diretamente com a juventude, setor mais precarizado no mundo do trabalho, mas também sabem que a justiça tributária é essencial para garantir orçamento para educação, cultura, esporte e saúde”, afirma.
Para Camila, o papel das universidades vai além dos muros acadêmicos.
“Não existe projeto de país sem um projeto de universidade. A mobilização estudantil amplia o alcance do plebiscito, massifica a luta e qualifica o debate político. Estamos organizando mutirões para agosto e setembro, levando urnas para todos os espaços possíveis, das salas de aula às praças e feiras”.
Com a proximidade do encerramento, as expectativas são altas. Os organizadores planejam, após a apuração, levar o resultado a Brasília em um ato nacional, pressionando o Congresso.
“O plebiscito mostra o contraponto entre o projeto da esquerda, que é a justiça social, tributária e geração de empregos, e o da extrema direita, que é concentração de renda e retirada de direitos”, resume Felipe Fonseca.
Onde e como votar
Para participar da votação presencialmente, basta procurar o endereço do local de votação mais próximo e levar um documento com foto. Clique aqui para ver os locais de votação.
Também é possível votar on-line. Na página do Plebiscito Popular no Instagram, há mais informações sobre os pontos de votação.
O que é o Plebiscito Popular
Um plebiscito popular é uma consulta direta à população, organizada por movimentos sociais e entidades civis, para saber o que o povo quer sobre temas que afetam sua vida, sem depender do aval institucional.
A votação começou em julho e segue até setembro, já somando mais de 700 mil votos.
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