Aos 50 anos da independência, Angola vive onda de protestos, greve e mortes; entenda

Nas semanas seguintes aos protestos que, tendo como estopim a alta do gasóleo, pararam Angola e tiveram como saldo ao menos 30 mortos e 1.515 presos, o governo do presidente João Lourenço (MPLA) age para tentar abafar a continuidade do levante nas ruas. O momento de instabilidade e ebulição política, aos 50 anos da independência e também do ininterrupto regime do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), aumenta as incertezas em torno da próxima eleição presidencial, marcada para 2027. 

As manifestações começaram em 12 de julho na capital angolana Luanda e, ao longo das semanas, se espalharam por outras seis províncias do país. Na virada para o mês de agosto, culminaram em uma paralisação de taxistas, atos de rua, barricadas, saques a mercados e brutalidade policial.

Uma nova greve dos taxistas – como são chamados os trabalhadores das lotações, o principal transporte popular do país – estava convocada para acontecer de 11 de agosto até o último domingo (17). Antes que começasse, no entanto, os presidentes de quatro associações que convocaram a paralisação foram presos pelo Serviço de Investigação Criminal de Angola (SIC).

Seguem detidos até o momento, junto com o vice-presidente da Associação Nacional dos Taxistas de Angola (Anata), Rodrigo Catimba, que havia sido preso dias antes e cuja liberdade era uma das pautas da nova greve. Os líderes associativos respondem, entre outras acusações, por “incitação à violência”, “atentado contra a segurança nos transportes” e envolvimento em atos de “arruaça”. 

Protestos tinham sido marcados para acompanhar a nova paralisação dos taxistas e foram convertidos na campanha “fica em casa”: que ninguém fosse às ruas, mas tampouco ao trabalho. De acordo com movimentos ouvidos pelo Brasil de Fato, no dia 11 de agosto cerca de 30% da população de Luanda aderiu à iniciativa. 

Nos dias que se seguiram, sob o aumento do efetivo policial nos bairros periféricos e em meio a anúncios do governo para que os cidadãos mantenham “uma postura cívica e ordeira”, a população voltou ao trabalho. 

“Diversos grupos preferiram permitir às famílias que chorem seus mortos até voltar a arrancar com uma nova onda de protestos. Porque o governo mantém o preço de 400 kwanzas para o gasóleo e, não tarda, vai subir o da gasolina. Então estes protestos não podem parar”, atesta a ativista angolana Laura Macedo. 

A participação majoritária de jovens e a ausência de liderança são características que, segundo ativistas ouvidos pela reportagem, diferenciam essa de mobilizações anteriores em Angola. Os atos foram convocados, em geral, por uma coligação de organizações que formou o Movimento Contra a Subida do Combustível.

Aos 63 anos, Laura, que já participou de muitos protestos na rua, conta ter se alegrado ao ver “muita gente nova” que “desceu das redes sociais”. “Pessoas inclusive que têm nicknames conhecidos. ‘Olha, eu sou a fulana do TikTok, eu sou a fulana do Facebook’”, descreve.

“Não é apenas uma onda de protestos contra a subida do preço dos combustíveis”, salienta o ativista angolano José Gomes Hata, do movimento Terceira Divisão. “São 50 anos que a população tenta falar alguma coisa e é silenciada. É um grito de liberdade”, define.

Angolanos nas ruas de Luanda no primeiro dos protestos após alta do gasóleo | Julio Pacheco Ntela / AFP

O levante e os tiros

O aumento do gasóleo de 300 para 400 kwanzas por litro começou a vigorar em 1º de julho e atingiu uma população que já enfrenta uma inflação de 27,5%. De acordo com a Agência de Notícias Fides, oito em cada 10 pessoas em Angola trabalham na informalidade, com baixos salários.

“Isto não é uma coisa que aconteceu agora. É tudo em função de uma histórica degradação da vida. Temos um nível muito alto de corrupção a nível de governo e há anos vemos o abismo entre a classe dirigente e o restante da população”, analisa Laura Macedo.

O primeiro ato, em 12 de julho, foi impedido pela polícia de fazer seu trajeto. Terminou com dois manifestantes feridos no queixo por bombinhas de gás lacrimogêneo. Na semana seguinte o protesto foi convocado pelo movimento estudantil, juntando a pauta do combustível com o rechaço ao anúncio de que as mensalidades do ensino privado em Angola vão aumentar em até 20,74%. Naquele 19 de julho o país teve o serviço de internet interrompido por oito horas.  

Marcando o terceiro sábado seguido de manifestações, os angolanos voltaram às ruas em 26 de julho. Desta vez, aceitaram fazer o percurso imposto pelas autoridades. “E o que vimos? Só para mostrar quem manda, de novo não nos deixaram chegar ao nosso destino”, descreve Laura. 

E então, os candongueiros, como são chamados os taxistas, convocaram uma paralisação para os dias 28, 29 e 30 de julho. “Quem manda nesse país são eles”, sorri Reinaldo*, economista e professor universitário angolano, ao explicar que, sem transporte público, o deslocamento em Angola depende destes trabalhadores. 

“Greve dos taxistas é sempre uma coisa que preocupa muito o governo. Sem eles, o país não funciona”, complementa Laura. “E há sempre agressão policial. Greve de taxistas é porrada na certa”, diz.  

Um dia antes, as redes sociais se inundaram de fake news e mensagens contraditórias. Umas diziam que a paralisação estava confirmada, outras que estava mantida. Fato é que ela aconteceu e a população, que tinha sido convidada a apenas não ir ao trabalho, saiu às ruas em apoio aos taxistas, bloqueando vias com pneus e impedindo o transporte de quem tentava furar a greve. 

Além de Luanda, protestos se espalharam por Huíla, Malanje, Benguela, Cuango, Icolo e Bengo. Mercados foram saqueados e, a partir do segundo dia da greve, a polícia começou a matar. “A maior parte das mortes não aconteceu no ato dos saques. Depois, a polícia começou a entrar nos bairros e atirar indiscriminadamente contra a população”, descreve Hata. 

Um vídeo correu o mundo e se tornou símbolo da denúncia à violência policial nos atos de Angola. Em uma rua de terra com casas de alvenaria e madeirite, pessoas correm. Atrás, uma fumaça sobe e muitos tiros são disparados pela Unidade de Intervenção Rápida (UIR), força de elite da Polícia Nacional. Uma mulher de vestido é alvejada pelas costas e cai de frente no chão. Os tiros aumentam e por alguns segundos ela se senta ensanguentada, tentando levantar. “Mamã”, seu filho adolescente chama. Ana Silvia Mubiala morre ali mesmo. 

Depois, em declarações à Rádio Despertar, o menino que testemunhou o assassinato da mãe, Eli João Ngombo, contou que tinham saído “para comprar Omo” quando “viram muitas pessoas a fugir”. Além de Eli, Ana Silvia deixou outros cinco filhos, um deles de sete meses.

Funeral de Silvia Mubiala se torna ato por justiça ao passar em local onde foi assassinada | AFP

Enquanto a população contava seus mortos e ia às ruas com cartazes como “O patrão de João Lourenço é o FMI” e “Combustível sobe, barriga ronca”, outro vídeo viralizou. Este, da festa de 50 anos da esposa do chefe do gabinete da Presidência, Eldretudes Costa. Um garçom uniformizado fazia subir a fumaça de gelo seco para enfeitar o banquete com lagostas e camarões.

No dia seguinte ao fim da greve dos taxistas, em 31 de julho, o ministro do Interior angolano, Manuel Homem, prometeu “agir com firmeza contra quem, por motivações políticas ou oportunistas, tenta mergulhar, sem sucesso, o país no caos”. 

A primeira declaração do presidente João Lourenço veio apenas no dia seguinte, 1º de agosto. “Quem quer que seja que tenha orquestrado e conduzido esta ação criminosa, saiu derrotado”, afirmou em mensagem à nação na TV pública de Angola. 

João Lourenço (MPLA) assumiu a presidência de Angola em 2017 | Julio Pacheco Ntela / AFP

Movimentos populares estão se organizando em vaquinhas solidárias para ajudar a custear o enterro das pessoas assassinadas pela polícia que, segundo a ativista Laura Macedo, são mais de 35. “Continuamos a contabilizar. Queremos não só um número, mas os nomes. Estamos a fazer uma contagem nos bairros com ajuda de moradores”, relata. 

“Nunca houve este tipo de violência perpetrada pela polícia. Também nunca houve este assalto generalizado aos armazéns”, conta Macedo. Apesar de considerar que a fome e a carestia impulsionaram os roubos de alimentos, Laura relata ter reparado um padrão não só nos estabelecimentos alvos, como entre as primeiras pessoas a entrar nas lojas. 

“Nota-se muito nas imagens, são pessoas com uma característica física de quem faz desporto, têm bonés, óculos escuros e máscaras, estão no meio da população e são os que vão à frente na entrada das lojas. Nós pensamos que sejam infiltrados para, como se diz aqui na gíria, ‘molhar a sopa’”, afirma. As principais redes de mercado saqueadas foram AngoMart e Arreiou. 

Na segunda-feira após a greve, em 4 de agosto, o governo João Lourenço anunciou uma linha de crédito de 50 bilhões de kwanzas (quase R$300  milhões), por meio do Banco de Poupança e Crédito (BPC), para apoiar empresas afetadas “pelos tumultos”. 

Em 5 de agosto um comunicado do “colegial dos taxistas”, composto por sete entidades, chegava aos celulares dos angolanos. A articulação “responsável pela organização da histórica paralisação dos três dias”, anunciava “ao público e às autoridades” que “diante da detenção arbitrária do vice-presidente da Associação Nacional dos Taxistas de Angola” e do esgotamento dos meios legais e institucionais para libertá-lo, “foi tomada a decisão unânime de retomar a paralisação dos serviços de táxi”. Desta vez, a greve seria de sete dias. 

Mas não foi. Foram presos os presidentes da Anata, Francisco Paciente; da Associação dos Taxistas de Angola (ATA), Francisco Eduardo; da Cooperativa de Táxis Comunitários de Angola (CTCA), Rafael Ginga Inácio; e da Cooperativa dos Taxistas e Motociclistas Freitas (CTMF), António Alexandre Freitas. 

No dia em que a paralisação começaria, em 11 de agosto, João Lourenço convocou uma reunião do Conselho Nacional de Segurança de Angola. O órgão consultivo ao mandatário para tratar de assuntos de segurança nacional soltou também um comunicado. Nele, encorajou “os órgãos de defesa e segurança a prosseguirem com as medidas de garantia da ordem”. 

O Brasil de Fato pediu uma posição ao governo angolano sobre a onda de protestos, as prisões e mortes e a possibilidade de subida do preço da gasolina, mas não recebeu retorno. Caso haja resposta, o texto será atualizado.

“Em Angola, até o passado é imprevisível”

“Não há como explicar o grau de violência que se registra em Angola trazendo um contexto de uma semana ou um mês. Para entender o que está acontecendo é importante olhar para os 50 anos em que este partido está no poder”, aponta o ativista José Hata.

Christine Messiant, marxista francesa referência na sociologia política angolana pós-colonial, tornou célebre a frase de que “em Angola, até o passado é imprevisível”. “Justamente porque é um passado que ainda hoje ecoa”, explica Carolina Bezerra, pesquisadora das relações de poder em Angola no pós-independência e professora de história e cultura africana e afro-brasileira na Universidade Federal do ABC.

Quando conquistou a independência de Portugal em 1975, momento em que o mundo se polarizava na Guerra Fria, Angola foi fundada dando início a uma guerra civil. Dos três principais movimentos independentistas de Angola, dois se enfrentaram com armas ao longo de 27 anos.  

O MPLA, que se tornou hegemônico, foi criado em 1956 com orientação marxista-leninista, apoiado pela União Soviética e Cuba e liderado por Agostinho Neto. Em 1979, ele se tornaria o primeiro presidente do país independente. 

A Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), surgida em 1954, teve Holden Roberto como nome principal e recebeu apoio dos Estados Unidos e do Zaire (hoje, Congo). Com o fim da colonização portuguesa, a FNLA depôs as armas.

Já a União Nacional para a Independência Total de Angola (Unita), principal opositora do MPLA, foi fundada por Jonas Savimbi em 1966, a partir de uma dissidência do FNLA. Também recebeu apoio militar e financeiro dos EUA e da África do Sul. 

Os três movimentos tinham, ainda, caráter étnico e geográfico. O MPLA representava a região de Luanda e a etnia Quimbundo. O FNLA, o norte de Angola e a etnia Bakongo. E a Unita, a parte central e sul do país, a etnia Ovimbundu. “Foram criados dessa forma porque no tempo colonial nenhum negro nativo podia sair de uma província para outra. Tinham que se organizar onde estavam e usando a língua nativa, para que os portugueses não entendessem. Essa é uma das razões”, explica Reinaldo, professor angolano de história econômica.

Em 1975 as três forças assinaram o Acordo de Alvor para supostamente criar um governo de união nacional e preparar a transição para a eleição. Ficou na suposição. O MPLA assume o poder, estabelecendo um regime de partido único. O FNLA se retira da luta armada e a Unita e o MPLA protagonizam uma longa e sangrenta guerra civil.  

Ao longo destas cinco décadas no comando do segundo país africano que mais produz petróleo, o MPLA se alternou em três mandatos. Depois de Agostinho Neto, José Eduardo dos Santos ocupou a presidência por 38 anos, sendo substituído pelo atual João Lourenço, de 2017 para cá.  

“O MPLA assume a independência com um modelo de direção centralizada e de planificação socialista da economia. Mas temos um problema herdado do período colonial que caracteriza a maioria dos países africanos: dependência da exportação de matéria-prima” caracteriza Reinaldo. 

“A indústria petrolífera – que não era portuguesa, era uma tecnologia totalmente americana – não foi nacionalizada. Então é um socialismo entre aspas, financiado pelo setor mais capitalista que existe”, diz o economista.

Com a derrocada da União Soviética no fim da década de 1980, o governo de José Eduardo dos Santos recorreu ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Entre as imposições para o empréstimo, além das políticas neoliberais de austeridade, o FMI exigiu a abertura para um regime democrático. 

O multipartidarismo, então, é permitido em Angola e as eleições são chamadas em 1992. Quem vence é o MPLA. Sob acusação de fraude, a guerra retorna com mais força, se deslocando das áreas rurais para as cidades. “O multipartidarismo em Angola também não nos trouxe democracia. É preciso que isto fique bem claro”, opina Laura Macedo. O FMI então se retira. Voltaria a ditar regras em Angola décadas depois, sob o atual governo de João Lourenço.

Reinaldo estava no Brasil em 2002 quando viu, no Jornal Nacional, a notícia de que o líder da Unita, Jonas Savimbi, tinha sido morto. “Eu fiquei paralisado. Pensando na minha cabeça: a guerra acabou em Angola. A guerra acabou em Angola! Não demoraram cinco minutos, os colegas começaram a me ligar. Aí fizemos a festa”, conta.

“Há a paz, sim, mas a paz das armas. Porque o governo incentivou as lutas cá dentro contra todos aqueles que não seguem a sua cartilha”, pondera a ativista Laura Macedo. 

Elite política se torna elite econômica

O século 21 entra e o preço do petróleo dispara. “Nunca antes na história o setor petrolífero cresceu tanto e entrou muito dinheiro em termos de imposto aqui”, descreve Reinaldo. Angola sela termos de cooperação econômica com a China que, em troca do petróleo, implementa projetos de infraestrutura por todo o país.

“Mas o processo de reconstrução nacional pós-guerra tinha duas etapas principais. A primeira era praticamente a infraestrutura. A segunda era trazer o resultado dessa riqueza para a população. Não se concretizou até hoje. A maior parte deste dinheiro que entrou foi desviado”, alega o economista angolano.

Em 2010 veio à tona um dos mais expressivos escândalos de corrupção do país, quando foi descoberto um desvio de 136 milhões de dólares do tesouro angolano para contas bancárias em Londres. Ao menos 27 pessoas, incluindo funcionários do Ministério das Finanças, foram presas por fraudes e desvios do Banco Nacional de Angola (BNA). 

Em dezembro de 2024, João Lourenço concedeu um indulto ao filho do ex-presidente José Eduardo dos Santos, que havia sido condenado a cinco anos de prisão em outro caso de corrupção. Chefe do fundo soberano angolano entre 2013 e 2017, José Filomeno dos Santos (conhecido como Zenu) foi condenado pelo Tribunal Supremo de Luanda por transferir ilegalmente 500 milhões de dólares para uma agência do Credit Suisse. 

O indulto presidencial aconteceu no âmbito das comemorações dos 50 anos da independência e, nas palavras do decreto,  no espírito de “harmonia, clemência, indulgência, concórdia e fraternidade”. 

Em fevereiro deste ano, Cristina Giovanna Dias Lourenço, filha do atual presidente angolano, se tornou CEO da Bolsa de Dívida e Valores de Angola (Bodiva). Imediatamente começaram, da imprensa às redes, as comparações com a empresária Isabel dos Santos. Filha do ex-presidente José Eduardo dos Santos e irmã de Zenu, Isabel foi indicada, ainda durante o mandato do pai, para a chefia do Conselho de Administração da petrolífera Sonangol. Apelidada de “princesa”, Isabel já foi considerada pela Revista Forbes como a mulher mais rica da África. 

Enquanto isso, um estudo da World Poverty Clock divulgado em janeiro deste ano estima que 31% da população de Angola vive abaixo da linha da pobreza. São cerca de 11,6 milhões de pessoas. 

 “Os angolanos estão a comer no lixo”, salienta Reinaldo. Para o economista, o quadro se agravou desde que em 2018 o governo angolano firmou um empréstimo com o FMI. Entre a cartilha imposta pelo Fundo que, na visão do professor de economia, tem elevado o desemprego e a inflação, está a alta taxa de juros e a diminuição de subsídios estatais. Entre eles, os voltados aos combustíveis. Foi o que provocou a alta do preço em 2023 e, de novo, em 2025. “E aí chegamos neste estopim”, resume Reinaldo.

“A insatisfação chega num ponto que a população não aguenta. Não tem ‘um movimento organizado’ ou ‘a oposição’ ou ‘as redes sociais’ como o governo está dizendo. Ah, desculpa, estão atacando o efeito, não a causa. A causa é a falta de investimento no transporte público e, depois, a pobreza da população”,  avalia Reinaldo. “O sinal foi dado, o povo não quer mais”, sintetiza.

“No passado, o futuro era melhor”. A frase do escritor moçambicano Mia Couto em um artigo crítico sobre a pós-independência do seu próprio país é citada por Carolina Bezerra para pensar Angola. “Existe uma sensação de que a ideia de futuro era ótima. Mas que se chegou nesse futuro e não que não era esse o combinado”, descreve a pesquisadora. “O grau de insatisfação tem aumentado, também com a mudança de gerações”, avalia.

Manifestantes se reúnem em Luanda contra alto custo de vida | Julio Pacheco Ntela / AFP

José Hata, jovem que foi preso por participar de protestos em 2015, considera que “as gerações futuras correm o risco de herdar um país extremamente endividado, sem fonte para para o orçamento geral do Estado, porque no atual governo a comunidade internacional está a saquear o nosso país”.

“Ao assumir a presidência de Angola, João Lourenço fez apelos a mudanças”, diz Laura Macedo. “E muita gente acreditou. Se no tempo do presidente José Eduardo não tínhamos nada, com João Lourenço, toda a gente perdeu a esperança”, pontua, ao opinar que as mobilizações em Angola não devem parar: “Estás a ver o que é um povo sem esperança?”

*Nome alterado para preservação da fonte. 

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