Zelensky e sua tropa de líderes europeus seguiram o jogo de Trump

As divergências eram claras, mas Volodymyr Zelensky e a tropa de choque de sete líderes europeus que o acompanhou a Washington conseguiram a proeza de não irritar ou confrontar o anfitrião. À medida que apresentavam suas demandas, entoavam o coro da gratidão. Em apenas quatro minutos, o presidente da Ucrânia agradeceu 11 vezes a Donald Trump: a palavrinha mágica precedia cada uma de suas declarações em público.
Desta forma, expressando deferência, obtiveram do presidente americano garantias, pelo menos na palavra, de segurança e proteção dos EUA para a Ucrânia e, consequentemente para a Europa, depois que um acordo de paz com a Rússia for alcançado.
Não ficou claro os termos em que a segurança se concretizará — na forma de forças de paz, de apoio militar ou de inteligência — mas aos líderes europeus restava acreditar.
“Nós vamos ajudá-los. Daremos a eles proteção e segurança. Estaremos envolvidos”, repetia Trump, sobre os planos de defesa ao país invadido.
Os europeus pressionam por um cessar-fogo antes de qualquer negociação de paz, mas Trump aparenta ter muita pressa para encerrar a guerra. Convencido por Vladimir Putin, o presidente americano quer queimar etapas e assinar rapidamente um armistício, ainda que seja precedido de ataques da Rússia, como os que vêm ocorrendo nas últimas semanas.
Zelensky e seu grupo de apoio levaram a reunião para um terreno seguro, expressando sintonia e preparo para enfrentar um presidente que não lida bem com o embate. As linhas vermelhas — como a cessão de territórios ucranianos à Rússia e a desconfiança sobre as intenções de Putin — pairavam no ar, mas todos pareciam seguir com disciplina as regras do jogo de Trump.
Ao final, embora sem acordo, o presidente da Ucrânia definiu o encontro como o melhor de todos. Não houve brigas ou interrupções abruptas, como em fevereiro passado —- o que, por si só, é um avanço.
Trump correu ao telefone para alinhavar com Putin um encontro com Zelensky e cravar seu nome como pacificador nos livros de História. Ainda há um longo caminho para dirimir diferenças irreconciliáveis e obter uma paz, mesmo que forçada, como advoga o presidente americano.
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