
Essa edição do PodNatureza foi diferente. Ter uma boa conversa sobre o Centro de Atendimento à Fauna Selvagem (CAFS) da Universidade Vila Velha, 10 anos depois, foi como voltar pra casa.
Foi lá que aprendi a cuidar de cada animal como um indivíduo, com respeito e técnica. E foi lá que conheci a professora Flaviana Guião, convidada do episódio de hoje. A Flá lidera o CAFS há duas décadas (e com o mesmo entusiasmo e firmeza de sempre!).
A história do CAFS começou com uma coruja que caiu de um prédio. Hoje, o centro é uma referência no Espírito Santo quando se fala em reabilitação de animais silvestres.
A professora Flaviana não apenas montou uma estrutura onde antes havia improviso, mas formou uma rede de profissionais que espalharam esse conhecimento pelo Brasil – e eu tenho orgulho de ser um deles.
Espaço de formação e transformação
Na conversa com a professora, ficou claro o quanto o CAFS vai além do atendimento clínico. É um espaço de acolhimento e formação, onde estudantes de diferentes perfis se encontram movidos por uma paixão comum: cuidar da vida silvestre.
Flaviana sempre repete que não basta gostar dos animais. É preciso dominar a base da medicina veterinária e estar disposto a estudar, se especializar e sair da zona de conforto. O que diferencia os bons profissionais é o que eles fazem além da sala de aula.
A medicina veterinária silvestre e a saúde única
Entre os temas que discutimos, um me marcou: o papel estratégico do veterinário de silvestres na saúde única. Vivemos num mundo em que as barreiras entre o ambiente, os animais e os humanos estão cada vez mais frágeis.
Zoonoses, desequilíbrios ecológicos e pandemias mostram como tudo está conectado. E a atuação desses profissionais é fundamental nesse cenário.
A professora lembra que, para chegar nesse ponto, é preciso trilhar um caminho sólido. “A medicina veterinária é generalista. Só depois de dominar tudo, você se especializa”, ela me disse. E é com esse olhar que ela orienta seus alunos e alunas.
Histórias que marcam
Durante o episódio, ela contou um caso que a marcou profundamente: uma harpia que sobreviveu a um tiro, mas não resistiu a um atropelamento.
O animal estava com projéteis encapsulados no corpo, resultado de ataques anteriores. “Ali, eu entendi o quanto nosso trabalho é urgente”, ela disse. Eu entendi também.
O CAFS não é só um centro. É uma trincheira de resistência, afeto e ciência. E a professora Flaviana é uma líder que forma líderes. Seu legado é real, pulsante e vivo em cada profissional que passou por lá.
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