Apoiadores de Bolsonaro criam pânico entre bancos para ajudá-lo, mas movimento vai se tornando tóxico para direita


O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acusa, reservadamente, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de criarem um clima de pânico entre bancos brasileiros com o intuito de ajudá-lo a escapar de uma condenação na ação penal do golpe.
Só que o movimento vai se tornando tóxico para a direita ao se associar a uma campanha que visa beneficiar Bolsonaro.
Segundo assessores de Lula, a estratégia é usar o sistema financeiro para pressionar tanto o governo como o Supremo Tribunal Federal (STF) dentro de um ambiente de incerteza sobre o que o governo do presidente norte-americano, Donald Trump, pode fazer em relação às sanções ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Ações dos bancos derretem após decisão do ministro Flávio Dino que proibiu as instituições de acatar ordens estrangeiras
“Eles estão criando um pânico que pode não corresponder à realidade, porque, até agora, a Secretaria do Tesouro dos Estados Unidos não indicou sanções para bancos que tenham contas em reais do ministro Alexandre de Moraes”, diz um auxiliar de Lula.
Para todo efeito, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) conseguiu atingir o seu objetivo, porque há um clima de temor entre bancos sobre o risco de serem sancionados nos Estados Unidos.
Um banqueiro comentou com o blog que ninguém sabe ao certo o que pode vir, acrescentando que pode não vir nada do que o filho do ex-presidente está prometendo.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, em 27/06/2025.
Wilton Junior/Estadão Conteúdo
Divergências
Dentro do STF, a decisão adotada pelo ministro Flávio Dino, de que bancos têm de seguir as determinações das leis brasileiras e do STF, foi considerada tecnicamente correta e sem reparos.
Mas do ponto de vista de estratégia de encaminhamento, alguns colegas de Flávio Dino dizem que ele errou ao puxar para si um caso que está nas mãos do ministro Cristiano Zanin.
Zanin é o relator de uma ação impetrada pelo deputado Lindbergh Farias, que pede para que os bancos brasileiros não bloqueiem contas de Alexandre de Moraes no Brasil.
Ministros que consideram a decisão de Dino correta, acrescentam, porém, que ele deveria ter deixado a bola com Zanin, que tem buscado adotar um caminho para tranquilizar o sistema financeiro.
O fato é que os bancos entraram num clima de incertezas, sem saber o que vem pela frente do governo Trump e sem saber a quem obedecer para evitar prejuízos a seus negócios.
Eles, inclusive, gostariam que o ministro Alexandre de Moraes transferisse seus recursos para uma cooperativa financeira, sem movimentação nos Estados Unidos, para evitar sanções para as grandes instituições financeiras do país.
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