
Inovações tecnológicas recentes vêm permitindo que o carvão seja utilizado como fonte de energia de forma mais sustentável. Exemplos disso são o desenvolvimento de produtos como filtros, tecnologias de dessulfurização e até mesmo projetos pilotos de captura e armazenamento de carbono. No Brasil, o Ministério de Minas e Energia (MME) aprovou, em 2021, o Programa para Uso Sustentável do Carvão Mineral Nacional como uma das medidas para alcançar a neutralidade climática até 2050.
Além de promover a sustentabilidade ambiental, essas iniciativas buscam a manutenção do setor carbonífero como atividade econômica e a garantia de segurança energética. A região Sul do Brasil concentra 99.97% das reservas de carvão mineral do país, quantia equivalente a um potencial de abastecimento elétrico de 18.600 MW durante 100 anos de operação, e diversas cidades veem sua economia girar em torno dessa atividade. Em Santa Catarina, o setor é o principal pilar da receita das 12 cidades que integram a Associação dos Municípios da Região Carbonífera (AMREC) e também faz parte da geração de receita de diversas outras no Sul do estado.
Conforme o Plano Nacional de Energia 2050 (PNE 2050), elaborado em 2020 pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) a partir das diretrizes do MME, uma das medidas propostas para os próximos anos é a modernização dos parques termelétricos brasileiros, buscando soluções para a diversificação das atividades econômicas que hoje são dependentes da mineração e da geração de energia elétrica a partir do carvão.
A modernização das termelétricas passa por processos como a renovação de equipamentos, com a substituição de materiais mais antigos por tecnologias mais eficientes, além de investimento em outras fontes, como o gás natural. O Complexo Termelétrico Jorge Lacerda (CTJL), localizado no município catarinense de Capivari de Baixo, é a maior termelétrica movida a carvão mineral da América Latina, equipada com 7 geradores e com potência combinada de 740MW. Além disso, sob a tutela da Diamante Energia, projetos que permitem captura e armazenamento de gás carbônico (CO2) e aproveitamento de coprodutos da combustão ganharam força, como a ampliação de estudos de utilização das cinzas geradas no processo de combustão e pesquisas em desenvolvimento na área de captura e utilização do CO2.
Mais eficiência, menos emissões
De acordo com o relatório Coal in Net Zero Transitions: Strategies for Rapid, Secure and People-Centred Change, divulgado em 2022 pela International Energy Agency (IEA), a demanda pela energia elétrica gerada a partir do carvão permanece alta nas mais de nove mil usinas em todo o mundo. Porém, por meio de avanços tecnológicos e da modernização das indústrias, é possível reduzir em até 90% a emissão de material particulado e dióxido de enxofre (SO₂), contribuindo para a transição para um nível de emissão zero até 2050.
No Canadá, um projeto-piloto evitou, desde 2014, a emissão de mais de 4 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO₂). A usina elétrica de Boundary Dam, localizada na província de Saskatchewan, funciona desde 1958, mas, a partir de iniciativas de captura, utilização e armazenamento de carbono (CCUS, carbon capture, utilization and storage), tornou-se a primeira do mundo a utilizar essa tecnologia. O CCUS consiste na captura das liberações de CO₂ antes que ele alcance a atmosfera. Uma vez capturadas, essas emissões podem ser armazenadas em segurança, ou ainda reutilizadas. Ambas as soluções contribuem para a redução da entrada de gás carbônico na atmosfera, diminuindo os impactos no aquecimento global.
Outra tecnologia que impacta positivamente a eficiência térmica e reduz as emissões por MWh (megawatts-hora) gerado é a utilização de carvão “supercrítico” e “ultrassupercrítico”. Ariel Cristiano Brambilla, Engenheiro de Operação na Diamante Energia, explica que essas tecnologias de geração de energia requerem que o vapor que aciona as turbinas, tenha sua temperatura e pressão elevadas para patamares acima daqueles atualmente atingidos pelos equipamentos do CTJL:
“Nessas condições, a água se torna um fluido supercrítico que flui através das caldeiras, transferindo calor de forma muito eficiente. Esse processo permite que as usinas termelétricas atinjam uma eficiência superior em comparação com as caldeiras convencionais, reduzindo o consumo de combustível e as emissões de carbono por megawatt de eletricidade gerada. Elas representam um avanço significativo na tecnologia de geração de energia, impulsionando a eficiência e a sustentabilidade no setor.”
Com base nos princípios da Transição Energética Justa, que tem como uma de suas premissas a garantia da sustentabilidade das atividades econômicas, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) desenvolveu um guia com diretrizes que ajudam a manter empregos e criar novos postos de trabalho decentes e de qualidade. Com o compromisso “net-zero” assumido pelo Brasil na COP-26, realizada na Escócia, o processo de transição energética inclui medidas para inovação, compromisso ambiental e também o bem-estar das pessoas que participam da cadeia produtiva.
Além dos projetos de reaproveitamento de cinzas e tecnologias de captura de CO2, a Diamante Energia também investe em projetos relacionados ao desenvolvimento de energia de baixo carbono, como os reatores modulares pequenos (SMR, small modular reactors), que permitiriam a substituição do carvão pela energia nuclear como fonte de calor para geração de vapor.
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