Após morte de influenciador em live, rede social Kick diz ter banido outros criadores envolvidos


Raphaël Graven, streamer conhecido como Jean Pormanove, morreu durante live na Kick
Divulgação; X/@JeanPormanove
A plataforma de jogos Kick confirmou nesta quarta-feira (20) que baniu criadores envolvidos na morte do influenciador francês Raphaël Graven, também conhecido como “Jean Pormanove” e “JP”.
Ele morreu durante uma transmissão ao vivo na última segunda-feira (18), quando foi alvo de violência e humilhações praticadas por parceiros de conteúdo identificados como “Narutovie” e “Safine”.
“Estamos profundamente tristes com o falecimento de Jean Pormanove e enviamos nossas sinceras condolências à sua família, amigos e comunidade”, disse a Kick em uma publicação no X.
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“Todos os co-streamers que participaram desta transmissão ao vivo foram banidos enquanto se aguarda a investigação em andamento”, completou a empresa.
A Kick acrescentou que está revisando todos os conteúdos em francês e que vai cooperar com as investigações.
Em sua última live, o influenciador Raphaël Graven aparece inconsciente embaixo do edredom em uma cama. Na sequência, é possível ver outros dois homens. Em um determinado momento, um deles atira uma pequena garrafa de plástico na direção a ele.
Segundo usuários, as imagens mostram o momento anterior à morte ou à descoberta da morte do influenciador.
O caso está sendo investigado pelo Ministério Público de Nice, no sul da França. O órgão informou que busca detalhes sobre o caso de “violência coletiva intencional contra pessoas vulneráveis” e exibição dessas imagens na internet.
O que é a Kick?
Influenciador Jean Pormanove, que morreu durante uma transmissão ao vivo na França
X/@JeanPormanove
A Kick é uma plataforma de lives com foco em jogos criada em dezembro de 2022.
Com mais de 50 milhões de usuários, ela ganhou espaço ao ficar com apenas 5% do valor gerado por influenciadores com assinaturas de seus seguidores. A concorrente Twitch, por outro lado, cobra 50% de taxa, mas tem mais de 105 milhões de usuários.
Alguns influenciadores migraram para a Kick por conta de suas regras de moderação flexíveis.
A plataforma já permitiu lives que violaram direitos autorais, exibiram conteúdo de sites adultos e promoveram debate com um nazista, segundo reportagem publicada em 2023 pela Bloomberg.
Na época, a plataforma disse que estava ampliando seus esforços de moderação e que não tolerava discurso de ódio.
Na última quinta-feira (14), a plataforma comemorou a estreia de MrBeast, conhecido como maior influenciador do mundo. Ele fez uma live em que arrecadou US$ 12 milhões para o seu projeto de acesso a água potável.
Sobre a morte do influenciador, a Kick afirmou à RFI que não responderia a questionamentos sobre a morte de Graven por conta de sua política de privacidade.
Mas um porta-voz disse à BBC que a plataforma estava “revisando com urgência” as circunstâncias da morte do influenciador. “Estamos profundamente tristes com a perda de Jean Pormanove e expressamos nossas condolências à sua família, amigos e comunidade”, afirmou.
O porta-voz também disse que as diretrizes de comunidade foram “projetadas para proteger os criadores” e que a empresa estava comprometida em manter esses padrões.
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Quem são os donos da Kick?
A Kick foi criada pelos empresários australianos Edward Craven e Bijan Tehrani, também donos do cassino online Stake.
Cada um deles tem fortuna avaliada em US$ 2,8 bilhões (cerca de R$ 15,4 bilhões), segundo a Forbes.
O patrimônio deles veio principalmente de jogos de cassino virtuais em que usuários apostam criptomoedas.
A Kick e a Stake ganharam notoriedade em 2024 ao patrocinarem a Sauber, equipe de Fórmula 1 que hoje tem o brasileiro Gabriel Bortoleto como um de seus pilotos e que adotou as cores verde e preto das duas marcas em seus carros.
Segundo a Forbes Australia, Craven e Tehrani entraram no ramo em 2013, quando o bitcoin valia cerca de US$ 100 (cerca de R$ 550), e aproveitaram a valorização da criptomoeda. A Stake, por exemplo, foi fundada em 2017, quando o bitcoin era vendido por mais de US$ 10 mil (R$ 55 mil).
A Kick trouxe prejuízo de US$ 100 milhões para os empresários desde a sua criação, estima a Forbes. Isso não é uma exclusividade da plataforma: a Twitch existe desde 2011 e nunca conseguiu registrar lucro.
Ainda de acordo com a revista, as regras de moderação fracas da Kick dificultaram seus esforços em atrair anunciantes para o serviço.
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