Um estudo realizado pela Nexus – Pesquisa e Inteligência de Dados, com base em informações do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), revelou que os setores de saúde, indústria e agropecuária concentram a maior parte dos pedidos de patentes envolvendo inteligência artificial no Brasil entre 2019 e 2024. No período, foram identificadas 264 solicitações, mas apenas oito delas foram efetivamente concedidas até agora, o que representa apenas 3% do total.
A área da saúde é a mais representativa, com 25% dos pedidos, abrangendo desde diagnósticos de câncer e predição de problemas cardíacos até teleconsultas, controle de filas e reabilitação motora. A indústria aparece em seguida, com 14,4%, em projetos que vão de automação e manutenção preditiva à segurança do trabalho, passando por soluções para produção de plásticos e alimentos sintéticos. Já o agronegócio, responsável por 8,3% dos depósitos, tem aplicações voltadas ao monitoramento de animais, classificação de grãos e combate a pragas.
Outros setores também vêm explorando a IA com intensidade, como energia (7,9%), finanças e vendas (7,9%), telecomunicações (5,7%) e transporte e mobilidade (5,7%). O pico de depósitos ocorreu em 2022, com 78 pedidos, seguido de 2021 (77) e 2020 (64). A partir de 2023, porém, o número caiu de forma expressiva, com apenas 13 solicitações registradas.
O levantamento aponta ainda que 59,8% dos pedidos são de autoria brasileira, enquanto 40,5% vêm do exterior. Entre os países estrangeiros, os Estados Unidos lideram com 57,9% dos registros, seguidos por China (23,6%) e Coreia do Sul (4,7%). Em termos de autoria, empresas respondem por 62,1% dos depósitos, com destaque para a Huawei, com 18 pedidos, a brasileira Petrobras (8) e as americanas AIxScan e Paige, com cinco cada. Pessoas físicas representam 23,5% das solicitações e instituições de ensino, 8,7%, com destaque para universidades federais, além da Unicamp, Unesp e USP.
Entre os poucos pedidos concedidos a brasileiros estão patentes relacionadas a um dispositivo antiassalto para veículos, um kit de tração para semirreboques, um sistema para gestão de bacias hidrológicas e tecnologias para aprimorar fábricas de papel e celulose. Também se destaca um pedido conjunto do Instituto Gnarus, EDF Brasil e GNA I, envolvendo um método para produção de hidrogênio e geração de energia elétrica.
Apesar do número ainda reduzido de concessões, o tempo médio de análise vem caindo: atualmente está em 2 anos e 11 meses, bem abaixo dos 6,9 anos registrados em 2022. Esse avanço está alinhado ao Plano de Ação da Estratégia Nacional de Propriedade Intelectual (ENPI), que prevê reduzir o prazo para três anos em 2025 e para dois anos até 2026.
Para especialistas, os dados reforçam duas tendências claras: a rápida diversificação da inteligência artificial em setores estratégicos da economia brasileira e a urgência de acelerar a concessão de patentes, de modo a garantir maior competitividade ao país em inovação e propriedade intelectual.
Confira aqui a íntegra do levantamento.
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