China se prepara para celebrar 80 anos da vitória da Guerra Mundial contra o Fascismo

Um desfile de 70 minutos com a apresentação de novos equipamentos militares e feito sob uma nova etapa da modernização chinesa. Assim foi o ensaio geral, no último domingo (17), da próxima comemoração pelo 80º aniversário do que a China chama oficialmente de Vitória do Povo Chinês contra a Agressão Japonesa, ou ainda Guerra Mundial contra o Fascismo, como é denominada a Segunda Guerra Mundial (1930-1945) no gigante asiático. O desfile oficial ocorrerá em 3 de setembro, seguindo pela avenida Chang’an, que passa pela Praça da Paz Celestial ou Tiananmen.

Nesta quarta-feira (20), o Brasil de Fato visitou uma das áreas militares restritas em Pequim para acompanhar parte do treinamento de tropas para o desfile comemorativo. Lu Rongqiao, primeira sargenta do Contingente da Guarda de Honra e Cerimonial do Exército de Libertação Popular disse que o objetivo das comemorações é “promover o grande espírito da grande vitória da Guerra contra a Agressão Japonesa”.

Existem diferentes cálculos sobre as mortes causadas pela invasão do Japão à China, que foi de 1931 a 1945. Um dos principais registra mais de 20 milhões de perdas humanas. O Massacre de Nanjing em 1937 foi um dos maiores e mais brutais, acabando com a vida de mais de 300 mil chineses e chinesas.

“É principalmente para lembrar da história, lembrar dos mártires, valorizar a paz e construir o futuro”, diz a sargenta Lu Rongqiao.

Capitão Shi Bin, membro da Guarda de Honra do Exército de Libertação Popular. Ele foi um dos integrantes da Guarda de Honra que participou do desfile do Dia da Vitória na Praça Vermelha, em Moscou, em 9 de maio deste ano.

Ao ser consultado sobre a importância de colocar a derrota do nazi-fascismo no centro da Segunda Guerra Mundial, ele afirma que o objetivo com as comemorações é o de “honrar os mártires”. “Não estamos perpetuando o ódio, mas sim defendendo a paz”.

Nova jornada de modernização ao estilo chinês

O último desfile militar na Tiananmen foi em 2019, comemorando os 70 anos da República Popular da China. Desde sua fundação em 1949, houve 16 desfiles militares na praça.

O do dia 3 de setembro será o segundo desfile comemorando a vitória contra o Japão, o primeiro foi em 2015.

A vitória contra a invasão japonesa significou o fim do que os chineses chamam de Século da Humilhação, iniciado com os ataques britânicos na chamada primeira Guerra do Ópio (1839-1842) e encerrado com a revolução liderada por Mao Zedong e o Partido Comunista Chinês (PCC) em 1949.

O próximo desfile também terá um significado na linha do tempo que a China traça nas últimas décadas. Será o primeiro desfile sob o que o país chama de “nova jornada de modernização chinesa“. Trata-se de um período que tem como meta alcançar a modernização socialista em 2035.

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O período foi proposto em 2022, ou seja após finalizado o primeiro dos dois centenários importantes para a China, o do Partido (1921-2021) e o da República Popular (1949-2049).

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Estrutura de Defesa

A celebração servirá também para que a China exiba uma série de armamentos de nova geração. Na manhã desta quarta-feira, o major-general Wu Zeke da Comissão Militar Central, explicou que “será feita a estreia de um lote de equipamentos avançados, como armas hipersônicas, sistemas de defesa antiaérea e antimísseis, e mísseis estratégicos”.

“Pode-se dizer que o nível de informatização e inteligência do armamento e equipamento que desfilará é bastante alto”, anunciou Wu.

O desenvolvimento da estrutura para a Defesa na China é entendida no país como uma garantia da soberania chinesa. O orçamento militar da China representa 1,6% do Produto Interno Bruto (PIB) do país e bem abaixo dos 6% no caso dos Estados Unidos, segundo levantamento do Instituto Tricontinental.

Segundo o estudo da entidade, o gasto militar chinês em 2022 não chegava a representar 30% do gasto dos estadunidenses.

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