Mais de 14 mil imóveis na Grande Vitória não tem escritura

Levantamento tem informações de junho de 2025 quando 30 incorporadoras e loteadoras que atuam na região responderam à pesquisa. Crédito: Thiago Soares/Folha Vitória

Mais de 14 mil imóveis na Grande Vitória estão sem escritura, apenas no mercado primário — quando a venda é feita diretamente por construtoras, incorporadoras e loteadoras. Isso é o que revelou uma pesquisa realizada pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Espírito Santo (Sinduscon-ES).

O levantamento tem informações de junho de 2025 quando 30 incorporadoras e loteadoras que atuam na região responderam a pesquisa.

De acordo com o presidente do Sinduscon-ES, Douglas Vaz, o número pode chegar a 70 mil imóveis se forem considerados os casos do mercado secundário, como revendas de usados e lotes.

Cariacica concentra a maioria dos casos

Os dados apontam que o problema é geral em todos os municípios da Grande Vitória, mas Cariacica concentra mais da metade das irregularidades registradas no mercado primário:

Cidade Total de imóveis sem escritura
Vitória 1.001
Vila Velha 1.905
Serra 1.817
Cariacica 8.382
Viana 1.390
Total 14.495

Custos elevados

De acordo com o Sinduscon-ES, a principal razão para a irregularidade é o alto custo da transferência de imóveis, que inclui:

  • ITBI (Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis), pago ao município;
  • Emolumentos e taxas dos cartórios de notas, pagos ao tabelião e fundos de órgãos estaduais;
  • Custos de registro no cartório de imóveis, também com taxas destinadas a órgãos estaduais.

O ES, conforme o sindicato, possui um dos maiores custos do país nos serviços cartorários, situação que está em discussão no Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Riscos para a sociedade

Além disso, a ausência de escritura e registro de imóveis em larga escala traz impactos estruturais para empresas, prefeituras e população, como:

  • Dificuldade na aplicação de políticas públicas, já que não há dados atualizados sobre os proprietários;
  • Aumento de litígios judiciais, como ações de usucapião e disputas de posse;
  • Problemas no planejamento urbano, que dependem de informações fundiárias claras;
  • Crescimento da informalidade e economia paralela, limitando arrecadação de impostos como ITBI e IPTU;
  • Prejuízo às populações vulneráveis, que sem título de propriedade ficam impedidas de acessar crédito, programas sociais e valorização patrimonial.

O Sinduscon-ES alertou que a irregularidade registral gera insegurança jurídica e amplia desigualdades. Doa mesmo modo, afeta diretamente o desenvolvimento econômico e social da Grande Vitória.

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