Obra será lançada neste sábado (23), em Presidente Prudente (SP)
Raissa Zirondi
Contar as histórias de mulheres que fizeram a diferença em Presidente Prudente (SP) por meio de um livro. A ideia pode ser um tanto quanto inusitada para alguns, pois, afinal, como juntar todas as vivências em uma única obra? Bom, o escritor Benjamin Resende conseguiu realizar essa tarefa e, com 50 relatos de personalidades femininas, concretizou o livro “Raízes Prudentinas 6 – Femininas”.
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A obra será lançada neste sábado (23) com tarde de autógrafos, às 16h, no Museu e Arquivo Histórico “Prefeito Antônio Sandoval Netto”.
O evento é de graça e aberto ao público.
De acordo com o escritor, de 92 anos, as personalidades femininas marcaram a história do município e, mesmo que muitas vezes, agissem em anonimato e “sem reconhecimento”, agora ganham visibilidade por meio da obra.
“São 50 crônicas de mulheres que fizeram e fazem parte da sociedade. O requisito para a escolha das histórias foi eu olhar para as décadas de 20, 30, 40, 50 e lembrar de tantas mulheres prudentinas. E aí eu comecei a telefonar, procurar fulano, beltrana, mas foi uma dificuldade, pois algumas já morreram, parece que quando morre, esquece [a história delas], né? Aí eu fui apanhando uma, outra e escrevendo”, explicou em entrevista ao g1.
Benjamin Resende, de 92 anos, e sua filha Vanessa Teodoro de Resende, de 55 anos
Raissa Zirondi
Sobre a ideia de escrever o livro, Benjamin disse que surgiu há muito tempo atrás, entre os anos de 1986 e 1991, quando ele morava em Santos (SP) e conheceu uma mulher que o fez pensar “Por que não escrever sobre as personalidades femininas”?
“Um dia, fui à Academia Santista de Letras e uma senhora me deu um livro dela de poesia e crônicas. Eu cheguei em casa, fiz uma crítica literária e um colega meu levou pra ela, aí ela gostou tanto e quis me conhecer”, relembrou.
“Fui conhecê-la, bati um papo e ela perguntou: ‘mas tem na sua cidade, Presidente Prudente, alguém que escreva sobre as cidades?’ Eu disse que sim, um professor, mas era uma escrita científica. Aí ela continuou: ‘Não meu filho, quando é científico a gente põe na estante só pra consulta, tem que ser o dia a dia, a hora, as coisas, os fatos. O dia em que tiver tempo, escreva a respeito das mulheres da sua terra, que são esquecidas, que ficam à sombra do marido’. Eu fiquei com esse pensamento e acabei resolvendo escrever”, detalhou o escritor ao g1.
Obra será lançada neste sábado (23), em Presidente Prudente (SP)
Cedida
Diferentes mulheres, histórias que se completam ✍
Questionado sobre como as personagens retratadas nas crônicas ajudaram a construir a história de Presidente Prudente, Benjamin ressaltou que, apesar das diferentes vivências, as singulares femininas se completam e deixam a documentação histórica do município ainda mais rica e cheia de detalhes.
“Cada uma delas tem um ofício, ou professora, ou uma senhora de família, ou que trabalha num determinado lugar. Por exemplo, meu primeiro emprego foi no Colégio São Paulo e, durante um evento, conheci a Dona Isabel, que era esposa de um coronel, que me contou diversas histórias. Aí eu pensei: ‘as mulheres vão me desculpar agora, mas quantas ficaram à sombra da época do marido? Aí eu resolvi fazer a primeira crônica a respeito de Dona Isabel, que inclusive, tem uma rua que tem o nome dela”, destacou ao g1.
Além de Dona Isabel, o livro também conta com a participação da diretora do Museu de Presidente Prudente, Valentina Romeiro, que foi escolhida pelo escritor por conta de sua ajuda em separar e catalogar os materiais históricos da cidade.
Obra será lançada neste sábado (23), em Presidente Prudente (SP)
Cedida
“Eu não sei explicar o porquê, mas eu sei que, em um determinado período, um diretor mandou queimar todos os papéis que o Doutor Domingos Cerávolo tinha deixado para o museu. Eu me aborreceu muito e eu falei assim ‘não, vamos conversar com a Valentina’. E aí a Valentina, como funcionária da instituição, catalogou todos os textos presentes, tudo que o museu tinha lá, e colocou no computador dela. É um serviço muito importante o dela e eu tenho que agradecer a ela em nome de Presidente Prudente por ter feito esse trabalho”, destacou ao g1.
Conforme Valentina, foi uma surpresa o convite de participar do livro e ter a oportunidade de contribuir com as crônicas de Benjamin.
Benjamin Resende ao lado da diretora do museu, Valentina Romeiro
Raissa Zirondi
“É uma grande honra, porque além de um grande amigo, um grande mestre, estar num livro que fala de mulheres, de mulheres importantes, que fizeram história e que, além de serem mães, esposas, ajudaram a construir essa cidade. Estar no livro é uma grande homenagem, então é uma sensação muito especial”, contou ao g1.
Além disso, Valentina disse ao g1 que o trabalho do escritor para a historiografia de Presidente Prudente é de extrema importância, pois traz à memória histórias que, muitas vezes, foram esquecidas ou até mesmo, que nunca foram divulgadas ao público.
“O livro conta a história de mulheres que foram esquecidas, apagadas e que tiveram a mesma importância de seus maridos, ou não, na história e na construção desse município. Quando seu Benjamim traz essa narrativa no livro dele, ele dá um pontapé inicial para que outras pessoas enxerguem essas mulheres, pesquisem a história e se surpreendam com o papel importante que elas tiveram no desenvolvimento da cidade”, explicou a diretora.
“É uma emoção, na verdade, porque o seu Benjamim como pessoa, historiador, pessoa presente, amigo do museu, fazer esse lançamento aqui com os 50 anos do museu não poderia ser mais significativo e mais especial”, finalizou Valentina.
Obra será lançada neste sábado (23), em Presidente Prudente (SP)
Raissa Zirondi
Serviço 📍
O Museu e Arquivo Histórico “Prefeito Antônio Sandoval Netto” fica localizado na Rua Doutor João Gonçalves Foz, n° 2.179, no Jardim das Rosas.
Para aqueles que forem prestigiar o evento, o livro será distribuído de maneira gratuita.
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