Sesa exige afastamento de servidores após bebê ter pé queimado em hospital

Foto: Divulgação/Sesa

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) determinou o afastamento dos profissionais envolvidos no caso do bebê que teve pé esquerdo gravemente queimado quando estava em uma incubadora. O caso aconteceu no Hospital Estadual Jayme dos Santos Neves, na Serra.

“A Sesa informa que determinou à direção do hospital que os profissionais potencialmente envolvidos no caso sejam afastados preventivamente até a conclusão da apuração sobre as circunstâncias que envolveram os ferimentos provocados no bebê”, disse a secretaria em nota.

Também no comunicado, a pasta disse que, por ordem do secretário de saúde, Tyago Hoffmann, também foi encaminhado ao setor de Auditoria da Sesa o pedido de abertura imediata de auditoria para que, no prazo máximo de 30 dias, apresente relatório conclusivo.

Diante da gravidade do caso, o bebê vai passar por uma cirurgia na tarde desta sexta-feira (22), que avaliará a profundidade das queimaduras.

Bebê estava com “temperatura abaixo do normal”

Segundo Sara, mãe do bebê, a criança nasceu de parto normal na terça-feira (19) e, logo após, a equipe de enfermagem informou que o menino estava com a temperatura um pouco abaixo do ideal.

O recém-nascido, José, estava com a temperatura de 36,2º, sendo o indicado 36,7º. Por conta disso, foi recomendado que fosse para uma incubadora para que pudesse ser aquecido.

A mãe concordou e pediu à mãe dela, avó da criança, que acompanhasse o trabalho da equipe de enfermagem.

Algodão e faíscas

A mãe disse que uma enfermeira teria passado um algodão na parte de metal da incubadora, para aquecer o algodão e, neste momento, faíscas de fogo teriam aparecido, mas sem que a profissional percebesse. O algodão foi dobrado e colocado na meia da criança.

“Uma enfermeira pegou um pedaço de algodão e encostou na lâmina do bercinho dele, e saíram fagulhas de fogo. Quando ela dobrou, minha mãe (a avó do bebê) não viu. A enfermeira colocou dentro da meia dele e, quando minha mãe percebeu, o macacão dele já estava pegando fogo”, contou a mãe.

Veja o vídeo da mãe:

Ainda segundo a mulher, ela foi acordada com o choro da criança e correu para o quarto onde o bebê estava.

Lá, se encontrou com médicos e enfermeiros, que tentavam ajudar o bebê. De acordo com ela, o quarto foi tomado por um forte cheiro de queimado.

“Acordei com o choro dele e corri para a sala. Nessa hora já havia muita gente lá, médicos, enfermeiros… Estava um cheiro muito forte de queimado, tanto que ontem (quarta-feira) a bolha no pé dele estourou e ainda estava com cheiro de queimado na meia”, contou.

Coren-ES vai avaliar conduta de profissional

Por nota, o Conselho Regional de Enfermagem (Coren-ES) informou que ainda não recebeu denúncia, mas que vai avaliar a conduta da enfermeira que atendeu o bebê.

Em nota enviada à reportagem, a Câmara Técnica Materno-Infantil do Coren esclareceu que não existe protocolo de Enfermagem que recomende o uso de algodão úmido para controle da temperatura de recém-nascidos.

“A estabilidade térmica deve ser garantida por equipamentos adequados, como incubadoras ou berços aquecidos, e outras medidas padronizadas. A demanda está em investigação e apuração pelo Conselho, e que eventuais responsabilidades serão aplicadas com o rigor da legislação vigente”, diz o conselho.

Já o Hospital Jayme dos Santos Neves, também em nota, lamentou o caso e prestou solidariedade à família. “Informa que já instaurou processo interno para apuração rigorosa dos fatos. As medidas administrativas cabíveis serão adotadas”, finalizou.

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