Enfermeira que denunciou racismo de diarista após reclamar de faxina se diz aliviada com indiciamento: ‘Quero que ela seja responsabilizada’


Enfermeira denuncia que sofreu racismo de diarista após reclamar de faxina em Goiânia, Goiás
Reprodução/TV Anhanguera
A enfermeira Luciana Ponciano, que denunciou racismo de diarista após reclamar de faxina, contou ao g1 que está aliviada com o indiciamento de Sthefany Sibele França Rayzer. “Quero que ela seja responsabilizada,” disse Luciana. Segundo o delegado do caso, Joaquim Adorno, a diarista foi indiciada por injúria racial e pode pegar até 10 anos de prisão.
O g1 entrou em contato com Sthefany Sibele França Rayzer, mas a diarista informou que não quer se pronunciar sobre o caso. Em depoimento à polícia, a profissional confessou ter enviado as mensagens racistas.
“Eu estou até mais aliviada porque ela vai começar a perceber que a coisa é mais séria do que ela imagina, que não vai ficar por isso mesmo igual ela está falando para as pessoas,” destacou Luciana.
O caso aconteceu no dia 9 de agosto, em Aparecida de Goiânia. O processo de indiciamento foi publicado no sistema de consulta público do Tribunal de Justiça de Goiás (Projudi) na quarta-feira (20).
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Segundo Joaquim, a pena base do crime é de reclusão de dois até cinco anos, mas a diarista pode responder pelo crime duas vezes porque o caso aconteceu em duas situações distintas.
“Como ela praticou o mesmo crime em dois momentos distintos, ela pode ser condenada pelas duas condutas, ou seja, pode chegar a 10 anos de prisão,” afirmou o delegado.
De acordo com Luciana, a profissional começou com as ofensas após ela comunicar que não havia gostado do serviço de limpeza realizado no apartamento em que mora.
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INDICIAMENTO: Diarista denunciada por racismo contra enfermeira é indiciada por injúria racial
Sobre o caso
Enfermeira denuncia que sofreu racismo de diarista após reclamar de faxina, em Goiás; veja
No dia da faxina, a enfermeira contou que fez uma ligação para a diarista, perguntando se ela queria almoço, mas a diarista dispensou, dizendo que já estava indo embora. “Eu falei: ‘Mas já? Muito rápido’. Ela falou: ‘Sua casa é muito limpinha e eu não tive trabalho nenhum’”, relatou.
A enfermeira disse que fez o pagamento do serviço por PIX, mas que, ao chegar em casa, percebeu que o serviço não tinha sido feito. Diante disso, Luciana gravou vídeos mostrando locais que estavam sujos e enviou para diarista, que respondeu com ofensas à cor da enfermeira.
Em prints divulgados pela TV Anhanguera, a diarista chama a moradora de chata por ser negra e admite que tem preconceito. Nas mensagens, ela ainda se referiu à enfermeira como “cabelo de bombril” e declarou: “Branco nunca me ‘encheu tanto o saco’”.
“Você é chata porque é de cor”, disse em uma das mensagens, ao que Luciana questionou: “Você tem preconceito com pretos?”. A diarista respondeu: “Demais, do seu jeito, sim, que reclama, que fica exigindo. A sua raça é isso aí, não se espera mais nada”, afirmou (veja os prints abaixo).
Enfermeira denuncia que sofreu racismo de diarista após reclamar de faxina, em Goiás
Reprodução/TV Anhanguera
Diarista zombou enfermeira
Após a denúncia, a enfermeira Luciana Ponciano disse que a diarista zombou dela após revelar áudios do crime de racismo. Em mensagens enviadas para ela, Sthefany chama Luciana de “cabelo de Bombril” e diz que as pessoas estão rindo da cara dela.
“Foi lá passar essa vergonha. Um monte de gente rindo dessa sua cara”, escreveu Sthefany Sibele em mensagens para a enfermeira.
Em prints de uma conversa do dia 13 de agosto, a diarista volta a ofender a Luciana e a chama de “bicha feia sebosa” e diz: “Ficou feio pra tu mesmo, pra mim não!”.
Segundo Luciana, ela não atendeu as ligações e nem respondeu a nenhuma das novas mensagens da diarista.
Diarista zomba de enfermeira após denúncia de racismo
Arquivo pessoal/Luciana Ponciano e Reprodução/TV Anhnaguera
Racismo é crime
Segundo o Michael Félix, presidente do Conselho de Direitos Humanos e Igualdade Racial em Goiás, o racismo é crime desde 1989, mas que não é fácil a implementação da lei que tipificou como crime.
“Essa implementação não ocorre de maneira fácil, principalmente por um entendimento superficial do que é o racismo, o que é racismo de fato, o que é injúria racial, o que é só bullying e o que uma brincadeira”, explicou à TV Anhanguera.
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