
Nos últimos anos, a chamada agenda woke, termo que remetia à consciência social sobre injustiças, mas que se transformou em um movimento político-ideológico de patrulha cultural, ganhou força em diversas áreas da sociedade. Empresas, universidades, governos e até o entretenimento passaram a adotar discursos e políticas baseadas em identitarismo, censura disfarçada de “inclusão” e uma tentativa de reescrever normas sociais e de mercado. No entanto, há sinais claros de que essa onda pode estar perdendo força.
O cansaço do público e a reação global do mercado
A tentativa de transformar causas ideológicas em estratégia de negócios levou muitas empresas a sofrerem prejuízos financeiros e crises de reputação. Os consumidores estão cada vez mais rejeitando marcas que colocam agendas políticas acima da qualidade de seus produtos e serviços. Esse desgaste já provocou reações em grandes corporações ao redor do mundo.
Nos Estados Unidos, gigantes como Meta, Amazon, Walmart, Target, Bud Light, Jack Daniel’s, John Deere, Tractor Supply e Harley-Davidson estão revisando ou abandonando políticas associadas ao ativismo woke após enfrentarem quedas em vendas e fortes reações negativas do público.
O caso da Bud Light, por exemplo, tornou-se um dos maiores exemplos dessa mudança: após uma campanha publicitária alinhada com o ativismo de gênero, a marca perdeu bilhões de dólares em valor de mercado, enfrentando um boicote massivo de consumidores.
Outras empresas, como a Target, também viram suas ações despencarem após promoverem produtos altamente politizados, levando à rejeição de parte significativa de sua base de clientes. A Amazon e o Walmart, que antes investiam fortemente na sinalização de virtude, passaram a adotar uma abordagem mais neutra, percebendo que o ativismo corporativo excessivo não se traduz em melhores resultados financeiros.
Essa reversão não está restrita ao setor privado. Governos ao redor do mundo vêm adotando discursos mais críticos à agenda woke, refletindo o descontentamento de parte expressiva da sociedade. Nos Estados Unidos, líderes de estados como Flórida e Texas vêm tomando medidas contra o avanço de políticas corporativas ligadas ao ativismo progressista.
Na Europa, há um crescimento do debate sobre a imposição de ideologias nas esferas pública e privada, com muitos países buscando reequilibrar o papel do Estado e do mercado nessas discussões.
O papel das empresas: foco no cliente, não na política
As empresas existem para atender às necessidades do cliente, não para doutrinar consumidores. O sucesso empresarial sempre esteve ligado à entrega de valor real: um bom produto, um bom serviço, uma experiência satisfatória. Quando uma marca desvia sua atenção do cliente para se alinhar a pautas políticas controversas, ela arrisca alienar parte de seu público.
Isso não significa que as empresas devem ignorar questões sociais, mas sim que devem abordá-las com equilíbrio e coerência. Há uma grande diferença entre promover valores como meritocracia, diversidade de pensamento e respeito mútuo, e tentar impor uma visão ideológica específica, punindo quem pensa diferente.
Nasce a era conservadora?
A crescente rejeição à agenda woke também se reflete no cenário político e cultural. Em diversas partes do mundo, lideranças que defendem valores mais tradicionais e liberais vêm ganhando espaço, justamente como uma reação ao excesso de regulamentação comportamental promovido por essa ideologia. Eleitores estão cada vez mais preocupados com problemas reais – economia, segurança, liberdade de expressão – e menos dispostos a aceitar imposições culturais que interferem em sua vida cotidiana.
Na cultura, O ressurgimento de artistas, escritores e produtores que desafiam essa narrativa dominante. O público tem buscado cada vez mais conteúdos autênticos, livres de discursos forçados, o que tem impulsionado produções independentes e veículos alternativos de mídia.
Conclusão
O desgaste da agenda woke não significa que temas como respeito e inclusão deixarão de ser importantes. O que está em declínio é a tentativa de impor uma visão única, muitas vezes desconexa da realidade e das preferências da maioria.
Para empresas, governos e instituições, a lição é clara: foco no que de fato importa. O público não quer ser educado ou corrigido, quer ser respeitado como consumidor e cidadão. Se a tendência de rejeição à agenda woke continuar crescendo, o mercado e a cultura poderão, enfim, voltar a priorizar qualidade, eficiência e liberdade.