
Família Bolsonaro captada pela bolha
O cientista político Carlos Melo, professor do Insper, avalia que a família Bolsonaro perdeu contato com a realidade fora do núcleo mais fiel de apoiadores. Em entrevista ao episódio do podcast O Assunto desta terça-feira (26), ele diz que o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus filhos acreditaram que teriam apoio popular diante das sanções impostas por Donald Trump ao Brasil, mas efeito foi o oposto.
“A primeira conclusão é que a família Bolsonaro está sequestrada pela sua bolha, ouvindo demais a sua bolha. Acreditavam colher uma reação contrária àquilo que as pesquisas estão demonstrando. Foi um tiro no pé, porque se Bolsonaro estava desgastado, mais desgastado está”, disse Melo ao podcast O Assunto desta terça-feira (26).
De acordo com Melo, os levantamentos recentes mostram que a rejeição ao ex-presidente e ao seu grupo político se consolidou como força dominante no cenário atual.
“Neste momento, a força majoritária política brasileira é o antibolsonarismo. Pelo que os números mostram, ninguém parece estar do lado do ex-presidente”, comentou.
O ex-presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, em ato pró-anistia aos envolvidos no 8 de janeiro, na Avenida Paulista, no dia 6 de abril de 2025
TV Globo/Reprodução
O cientista político ressalta que esse movimento contrasta com o antipetismo, que não cresceu, mesmo com o desgaste natural do governo Lula.
“Na verdade, o que nós temos agora seria de se esperar que o antipetismo crescesse pelo desgaste de ser governo, mas não é o que estamos acompanhando”, opina. “A oposição tem feito um enorme favor ao governo. Agora, com essa pixotada do tarifaço, se permitiu ao governo empunhar a bandeira da defesa das instituições e da soberania nacional”, afirmou.
Tarcísio no tabuleiro de 2026
Na análise de Melo, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), aparece como principal nome do bolsonarismo para 2026, mas enfrenta um dilema. Ele precisa decidir até abril se deixa o governo paulista para se candidatar, ao mesmo tempo em que Bolsonaro insiste em se colocar como presidenciável, mesmo inelegível.
“Tarcísio precisa dos votos de Jair Bolsonaro para ter um arranque no país inteiro, mas se o antibolsonarismo for a força dominante da eleição, ele pode até chegar num segundo turno, mas pode receber o veto pelo antibolsonarismo quando disputar a última etapa da eleição”, pontuou.
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Reuters/Adriano Machado
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