Consolidando-se como um dos mais importantes espaços de celebração indígena da Paraíba, o Festival Garapirá chega à sua terceira edição, de 29 a 31 de agosto, na Aldeia Laranjeira, litoral norte do estado.

O evento terá 27 apresentações em três dias, valorizando tradições como coco de roda, ciranda, toré, boi de reis e os rituais da jurema. Construído de forma comunitária, com forte participação de mulheres, anciãos, jovens e crianças, o festival fortalece o protagonismo indígena e visa fomentar o turismo cultural sustentável, gerando renda e fortalecendo o protagonismo indígena na Paraíba.
A iniciativa também estimula o turismo cultural sustentável, movimentando a economia local por meio do artesanato, da gastronomia e de serviços oferecidos por moradores da região.
“Esse será um momento maravilhoso, o terceiro Festival Garapirá em que contamos com a participação dos três municípios do nosso território, Baía da Traição, Marcação e Rio Tinto, e onde existem 32 aldeias Potiguara. A expectativa é recebermos um público ainda maior do que no ano passado, com visitantes de cidades próximas, de outros estados e até de outros países”, comenta Marilene Lourenço, da organização do evento e idealizadora do projeto juntamente com Zé Silva.
Edições anteriores
1ª edição do Festival Garapirá foi realizada em 12 de agosto de 2023, na oca da anciã dona Mariinha, na Aldeia Laranjeira. O encontro reuniu diversos grupos tradicionais Potiguara e foi organizado pelo Coletivo Estrela D’alva, pelo Coco de Roda Potiguara Flor de Laranjeira e por lideranças indígenas locais. A programação incluiu rodas de conversa, feira de artesanato, grafismo corporal e gastronomia indígena, consolidando o caráter comunitário e colaborativo do evento.
A 2ª edição, em 31 de agosto e 1º de setembro de 2024, ampliou o formato e contou com o apoio de instituições como a Funarte, a Funai, o Ministério da Cultura, a UFPB e as prefeituras de Baía da Traição e Marcação. Nesse contexto, a fundadora do Coco de Roda Flor de Laranjeira, professora Marilene Lourenço, ressaltou a importância da colaboração e do diálogo com dona Mariinha como alicerces organizacionais do festival.

A edição de 2024 promoveu intercâmbio cultural com o Samba de Coco Toype, do povo Xukuru do Ororubá (PE), e abriu espaço para outras etnias do Nordeste, como os Kariri Xocó e os Karapotó Plaki-ô. O festival também lançou o documentário Garapirá, vencedor do Prêmio Maracá no I Festival de Cinema Indígena do Nordeste (março de 2025), e finalista do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artistico Nacional – 2024). No mesmo período, recebeu o Prêmio Periferia Viva e promoveu a Ocupação Garapirá, em João Pessoa.
“Agradecemos especialmente à nossa anfitriã, dona Mariinha (Maria Barbosa), por abrir a oca para o festival, e ao Coletivo Estrela D’Alva, que atua em parceria com o Coco de Roda Flor de Laranjeira para a realização desse grande encontro”, realça Lourenço.
Entre 2023 e 2024, o festival realizou duas edições, reunindo representantes de 13 aldeias Potiguara e comunidades vizinhas. Também promoveu oficinas de música e fotografia para crianças e jovens, reforçando seu papel na transmissão de saberes tradicionais e no fortalecimento das novas gerações. A iniciativa, construída de forma comunitária, dialoga diretamente com políticas públicas de proteção do patrimônio cultural e integra ações de reconhecimento, como o processo de patrimonialização dos Cocos pelo Iphan.

“O festival fortalece a visibilidade de grupos tradicionais que existem há mais de 30 anos e que estavam adormecidos nas comunidades. Além disso, toda a renda permanece em Baía da Traição e na própria aldeia, garantindo que a economia local seja beneficiada com a comercialização de artesanato, alimentação e pintura corporal. Agradecemos especialmente à nossa anfitriã, dona Mariinha, e ao Coletivo Estrela D’Alva, parceiros nesta caminhada”, destaca Lourenço.

Programação da 3ª edição
A programação será distribuída entre 29 e 31 de agosto, passando por diferentes aldeias Potiguara do litoral norte paraibano.
29 de agosto (sexta-feira)
- Ritual da Lua Cheia (Aldeia Alto do Tambaá)
- Coco de Roda Eiratyra (Aldeia São Miguel)
- Exibição do filme Garapirá
- Projeto Capoeira Potiguara
- Show de Beto Bass (grupo Bato Lata)
- Encerramento coletivo
30 de agosto (sábado)
- Toré dos Anciãos (Aldeia São Francisco)
- Oficina de arco e flecha
- Coco de Roda Flor de Laranjeira
- Lapinha Belas Flores
- Coco da Barra de Mamanguape
- Coco de Roda de Sapukaia
- Ciranda Garganta de Ouro
- Coco de Roda Joana Ferreira
- Dança da Sapucaia
- Ciranda Dadá de João Borges
- Boi de Reis do Mestre Antônio Branco
- Forró com Jota + Concurso de dança de forró
31 de agosto (domingo)
- Toré e Samba de Coco Kapinawá (PE), com convidados especiais
- Roda de conversa com anciãos sobre a Aldeia Laranjeira
- Ciranda Flor de Jenipapo
- Coco da Barra de Camaratuba
- Coco de Roda e Ciranda Acorda Povo
- Coco de Roda da Aldeia Cumaru
- Lapinha Brilho do Sol
- Ciranda e Coco de Roda Filhos da Terra
- Ciranda da Nascente do Rio Sinimbu
- Mulheres Zabumbeiras (encerramento)






Coletivo Estrela D’Alva
O Coletivo Estrela D’Alva se dedica ao apoio e promoção da cultura popular da Paraíba. Seus integrantes são brincantes e profissionais de várias áreas da cultura, comunicação e educação que têm em comum o apreço pela preservação, manutenção, difusão e fortalecimento das manifestações culturais populares da Paraíba, como Coco de Roda, Toré, Cirandas e Mazurcas.
O Estrela D’Alva produz eventos mensais, como a Festa da Penha, e anuais, como o Festival Garapirá, que celebram as culturas populares paraibanas e buscam transformar a cultura em um ativo que ofereça sustentabilidade econômica às comunidades envolvidas.
O Coletivo vem trabalhando de maneira autônoma e, no último ano pôde atuar através da participação em projetos aprovados em editais federais, estaduais e municipais, o que demostra sua solidez e competência na estruturação projetos culturais que visam impactar a cultura de comunidades locais da Paraíba.
Coco de roda potiguara Flor de Laranjeira
O Coco de Roda Potiguara Flor de Laranjeira é um grupo cultural de tradição indígena da Aldeia Laranjeira, localizada no território indígena Potiguara da Paraíba. Composto por cerca de 30 integrantes, incluindo crianças, jovens, adultos e idosos, o grupo abrange idades que variam de 2 a 76 anos. Essa diversidade de participantes reflete o compromisso com a preservação e transmissão das tradições culturais entre diferentes gerações.
O grupo foi fundado pela professora indígena potiguara Marilene Lourenço de Oliveira, natural da Aldeia Laranjeira e funcionária da Escola Naíde Soares da Silva. A iniciativa começou com alunos da educação infantil e do ensino fundamental I, e contou com o apoio de professores e da diretora Josinalva de Azevedo Bernardo, além de Cláudio Antônio da Silva e Cristina Ferreira da Silva.
Para maiores informações, acesse a página do Festival no Instagram – https://www.instagram.com/festivalgarapira/
O post Festival Garapirá 2025 celebra ancestralidade Potiguara com 27 apresentações no litoral norte da Paraíba, de 29 a 31 de agosto apareceu primeiro em Brasil de Fato.