
Na última semana, os céus turbulentos de Washington DC, nos Estados Unidos, foram palco de uma cena que agitou as redes sociais e alimentou a imaginação de muitos. Enquanto uma tempestade severa se aproximava da capital, trazendo fortes chuvas, ventania e relâmpagos, algo estranho surgiu nas telas dos meteorologistas e dos entusiastas do clima.
Nas imagens de radar, um ponto luminoso de cor verde e amarelo apareceu de repente. Mas não era uma mancha comum, como aquelas que indicam chuva intensa. Era um traço rápido, um “dardo” brilhante que parecia disparar horizontalmente através do mapa do radar, justamente sobre a região da capital. Essa aparição súbita e anômala coincidiu com o momento em que a tempestade mais forte atingia a área.
A imagem foi rapidamente compartilhada por uma figura pública, que destacou a estranheza do fenômeno ao verificar o radar durante a tempestade. A pergunta era inevitável: o que seria aquele objeto ou sinal movendo-se tão rapidamente sobre Washington DC?
A internet, claro, fervilhou com explicações. As teorias voaram longe. Muitos internautas sugeriram, com seriedade ou brincadeira, que se tratava de um objeto voador não identificado (OVNI), uma visita extraterrestre aproveitando o temporal.

Um rastro pôde ser visto cruzando o céu (Twitter/KariLake)
Outra linha de pensamento, bastante compartilhada, apontava para um suposto controle climático por parte do governo federal. Alguns chegaram a especular que o “raio” verde era uma espécie de energia sendo injetada na tempestade, talvez para intensificá-la – alimentando teorias conspiratórias sobre manipulação do clima. A sensação, para muitos que acompanharam o caso online, era de verdadeiro frenesi e surpresa.
No entanto, enquanto o público se debruçava sobre cenários fantásticos, os cientistas atmosféricos já tinham os pés bem plantados no chão. Um meteorologista e caçador de tempestades conhecido analisou cuidadosamente as imagens e os dados. Ele explicou que, embora visualmente intrigante, o “dardo” verde e amarelo não era nada sobrenatural ou sinistro.
O radar meteorológico responsável pela imagem está localizado próximo ao Aeroporto Internacional Washington Dulles, operado pelo Serviço Nacional de Meteorologia (NWS) em Sterling. Trata-se de um poderoso radar Doppler (WSR-88D), essencial para monitorar tempestades. Esses radares emitem pulsos de energia (micro-ondas) em diferentes ângulos para detectar precipitação e ventos. No caso específico, o radar estava operando em um ângulo muito baixo, apenas meio grau acima da horizontal.
Acontece que, no caminho desse feixe de radar, extremamente baixo, existe um obstáculo físico significativo: uma grande torre de comunicação. Especificamente, investigações apontaram para uma torre de cerca de 60 metros de altura pertencente ao departamento de bombeiros do aeroporto. Essa torre não é apenas alta; ela está posicionada exatamente na trajetória do feixe do radar naquela direção específica.
Quando o radar emite seu pulso de energia para detectar a chuva da tempestade, parte desse feixe atinge a torre sólida. Em vez de passar direto, uma fração dessa energia “ricocheteia” na torre e retorna prematuramente para a antena do radar. O sistema, interpretando qualquer retorno de sinal como um objeto ou precipitação, acaba plotando esse eco falso no mapa.
O resultado? Um ponto ou traço persistente e brilhante, fixo na posição relativa à torre, mas que, nas animações do radar em loop, parece se mover rapidamente à medida que a imagem é atualizada – daí a ilusão de um “dardo” verde cruzando o céu.
.@KariLake actually asked a really good question about the radar around Washington D.C. — so I dug for answers.
The anomaly stems from a partial beam blockage of @NWS_BaltWash’s radar by the antenna at @Dulles_Airport’s Fire Station 304.
Mystery solved! @MyRadarWX https://t.co/VwPRnE86y3 pic.twitter.com/fXBjb7dOkR
— Matthew Cappucci (@MatthewCappucci) June 20, 2025
O meteorologista ressaltou que esse tipo de interferência, chamada de “obstáculo fixo” ou “eco de obstáculo”, é bastante comum na operação de radares meteorológicos. Além de estruturas como torres e prédios altos, os radares podem captar outros ecos não relacionados à chuva, conhecidos coletivamente como “artefatos”.
Isso inclui “clutter de solo” (ecos do solo ou edifícios baixos), efeitos atmosféricos específicos (super-refração) e até mesmo objetos reais em movimento, como grandes bandos de pássaros, enxames de insetos (como borboletas migratórias), aviões e, em raras ocasiões, até meteoros entrando na atmosfera!
Portanto, o misterioso raio verde que assustou e intrigou tantas pessoas sobre Washington DC teve uma explicação muito mais terrena e técnica do que alienígena ou conspiratória. Foi o eco persistente de um feixe de radar batendo em uma robusta torre de comunicações, transformado em um ponto brilhante nas telas devido à posição específica do equipamento e ao ângulo de varredura. Um lembrete fascinante de como a tecnologia que usamos para prever o tempo pode, às vezes, apresentar ilusões ópticas que desafiam nossa primeira impressão.
Esse Objeto ‘verde e amarelo’ captado por radar sobre capital dos EUA faz pessoas “entrarem em pânico” com teorias foi publicado primeiro no Misterios do Mundo. Cópias não são autorizadas.